– COMO É QUE É?! – Brunna perguntou. Era sexta-feira de tarde. Eu havia sido liberada do hospital e ela me ligou, dizendo que havia percebido que eu estava sumida a semana toda. Claro, depois daquele episódio de segunda, eu queria enfiar minha cabeça na terra e ficar por lá, mas não era possível.
Infelizmente.
Então, Brunna se auto convidou para vir até em casa, e eu contei tudo a ela.
– Eu sei que eu exagerei – falei – Mas falar na minha cara que ia procurar a outra? Foi demais. Não falei com ele a semana toda.
– E você acha que ele foi? – ela encolheu as pernas
– Sim. Ele estava irritado. Certeza de que foi. Ele nem me ligou, nem nada! Eu sei que ele foi.
– Tomara que aquela cabeça de fósforo seja atropelada por um caminhão de esterco – ela rolou os olhos e eu ri – Já sei! Espera.
Ela pegou o telefone e discou um número.
– Nathan? Oi... Tudo bem sim. Então, tá a fim de sair hoje? Leva o Gabriel de qualquer jeito! Como assim ele não tá? – ela me olhou e eu dei de ombros – Localiza aquele idiota e... O que?! Por quê? Quem é essa? Do nada? Agora? OK. Quer que eu vá junto? Tá, tô indo. Tchau.
Ela desligou o telefone e me olhou incrédula.
– O que foi? O que mais aconteceu?
– A irmã do Nathan está aqui.
– O que?!
– A irmã dele. Ela é uma policial forense. Não foi difícil descobrir onde ele estava e veio para cá. Disse que quer falar com ele agora e ele não quer ir sozinho. Tenho que ir com ele.
– Tudo bem – sorri – Vai lá, mas volta aqui depois.
– OK.
~Brunna~
Saí da casa de Melissa e fui até a praça onde Nathan me falou. Ele preferiu um lugar público porque se precisasse brigar com ela, eles não fariam um escândalo.
O encontrei sentado em um banco. Havia mais pessoas brincando com cachorros ou caminhando, e eu me sentei ao lado dele.
– Que bom que veio – ele disse – Você sabe que não quero falar com ela, não sabe?
– Sei.
– Na verdade, eu não sei por que estou aqui. – ele disse se levantando no momento em que vi uma pessoa baixinha, morena, vestida quase inteiramente de preto, mas elegante, vindo até nós.
– Nathan, ela chegou, senta aí.
Ele se virou para ela.
– Olha – ela começou – Nathan, eu sei que você não vai querer falar comigo, OK?
– Que bom que sabe – ele deu um sorriso tímido.
– Mas eu vim justamente para isso – ela disse baixo – Pra tentar te convencer a voltar para casa, a voltar a falar com todo mundo e...
– Espera aí – ele a cortou – Acha que eu virei as costas para todo mundo?! Vocês não pensaram duas vezes antes de me deixar ser levado, não acreditaram em mim quando eu falei que não matei a Amanda, e você ficou do lado deles! – ele apontou o dedo para ela – Eu não devia nem ter atendido o seu telefonema!
– Nathan, eu acreditei em você, OK? Falei com a mamãe e o papai e eles me proibiram de falar com você de novo! Acharam que você tinha mesmo matado a Amanda... E a mamãe é muito rígida, você sabe! Queria te ver sozinho, ela me ameaçou!
– Agora você vem com essa, Beatriz? Quase 9 anos depois?
– Me desculpe, OK? Eu só quero falar com você – ela fez menção de se aproximar, mas Nathan se afastou.
– Vai embora – ele disse simplesmente. Deu as costas e foi embora.
Espera, ele o que?!
Nathan subiu na moto e se foi. Acho que nem lembrou que eu estava lá, na verdade, não o culpo. Nem eu lembrava que estava lá.
A baixinha me olhou curiosa.
– E você é...?
– Brunna – falei me levantando – Eu e Nathan estamos... Bem, saindo. Ele quis que eu viesse junto.
– Você sabe da história dele, não sabe?
– Sim, eu sei... – suspirei.
– Então, você deve estar me odiando agora.
– Na verdade, não. Você veio se desculpar. Isso é um bom sinal. Muitas pessoas não fazem isso.
– Ele não vai me perdoar. Eu virei as costas quando ele mais precisou. Não intencionalmente, mas ele não acredita – ela se sentiu com as mãos no rosto – Eu queria poder conversar direito com ele, sabe? Usar o dia todo e fazer ele entender, mas ele foi embora e se eu não pegar a estrada agora, chego em casa tarde.
– Onde você mora?
– Campinas. Acabei de largar o emprego, porque não aguentava mais meu chefe. Estava pensando em procurar outro amanhã de manhã.
A observei. Ela não parecia ser do mal. Na verdade, não era, e veio se desculpar com Nathan...
Imaginei como ele devia sentir falta da irmã, uma pessoa que cresceu com ele a vida toda, e que agora fazia anos que não se falavam.
Irmãos são para sempre, ele deve morrer de saudades dela, mas sua mágoa é tão grande, que ele se recusa a ouvi-la.
Se ela tivesse mais um tempinho aqui para tentar convence-lo... Talvez Nathan pudesse enxergar e eles voltariam a ter uma boa relação. Se não fosse por Gabriel e por mim, ele estaria sozinho aqui.
Beatriz precisava ficar na cidade. Mas como?
Uma ideia me passou pela cabeça.
– Hey, Bia, até onde está disposta a ir para fazer Nathan te perdoar? – eu perguntei.
– Estou chegando ao ponto de fazer sinal de fumaça – ela riu – Por quê?
– Você pode ficar na minha casa o fim de semana, ou a semana toda, e procurar emprego depois. Talvez esse tempo seja suficiente para Nathan te perdoar.
– Está convidando uma estranha para "morar" na sua casa?
– Você vai me roubar?
– Não.
– Vai me matar?
– Não.
– Então, sim, é exatamente o que eu estou fazendo – sorri.
Ela sorriu.
– Feito.
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Mais uma personagem novaaaaaa
Como vou dar conta de todos aaaaaaaaaa socorro
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Os Opostos se Atraem? - Livro 2
Novela JuvenilDepois de conhecer Gabriel, a vida de Melissa mudou de um dia para o outro. Quase sete meses depois, ela nunca imaginaria que poderia perdê-lo de repente. Esse casal havia passado por coisas demais, coisas ruins demais, e não valia mais a pena conti...