Capítulo 7 - Blue eyes, blound hair

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(Bella na mídia)



~Melissa~

  - Bella! - a chamei o mais baixo possível quando vi que ela estava perto da porta de saída do velório e um rapaz conversava com ela. Quando me aproximei, ele se foi sem olhar para trás.

  - Oi, mamãe. - ela veio até mim e eu a levei para o lado de fora.

  - Nunca mais saia de perto de mim, ouviu? Estou falando sério. Esse lugar não é para crianças. E quem era aquele rapaz que estava conversando com você?

  - Ah, eu trombei com ele na entrada. Pedi desculpas e ele me perguntou o que eu fazia ali sozinha e onde estava você. Aí eu apontei e ele falou tchau e foi embora.

  - Ele te disse o nome dele?

  - Não. Mas ele era bem alto. Tinha olho azul igual ao meu! E era loiro! 

Parei de respirar. Quais seriam as chances de eu encontrar o Gabriel aqui? Enormes. Era o velório da mãe dele. Para confirmar se ela ele, bastava perguntar se o tal rapaz tinha uma tatuagem de anjo. Mas Bella poderia dizer que sim, e se essa fosse a resposta, eu não sabia o que podia acontecer com o meu psicológico.

  - Bom... tudo bem. Mas nunca mais faça isso, okay?

  - Okay. Desculpa, mamãe.

Dei um beijo na testa dela e peguei sua mão para sairmos dali. Só a trouxe porque ela pediu para vir. E achei justo trazê-la no enterro da avó, era o mínimo que eu podia fazer depois de mentir tantos anos sobe seu pai.

Meu celular começou a tocar no carro, Bella leu o nome na tela e soltou um grito.

  - É a Gabi, mãe!

  - Pode atender. - falei.

Gabi era uma amiguinha de Bella, da escola. Havia sido adotada por um casal homossexual. Lucas, 37 anos, e Erick, 31 anos. Gabi chamava Lucas de papa e Erick de mama, era para diferenciar, pois se ela falasse "Pai", os dois olhariam.

  - Oi, Gabi! - disse Bella - Aham! Eu vou ver com a minha mãe! A Jojo também vai? aaaah okay. Pera aí. Mãe, posso ir na casa da Gabi?

Bella havia desviado o foco da conversa de Gabi para mim tão rápido que tive de raciocinar se ela estava falando comigo.

  - Ah, sim. Pode. Quem vai estar lá?

  - Os pais dela, a Jojo e os pais da Jojo também.

  - Jojo?

  - A Giovana, mãe. Ela tem vários apelidos. Jojo, Xofa, Xofana, Nammie.

  - Meu Deus, - eu ri - Tudo bem. Vai dormir lá?

  - Não sei. Pera. Vou dormir aí? - ela colocou o telefone na orelha. - Tá. Mãe, elas podem dormir em casa? Dai o tio Vinicius trás a gente pra casa? 

  - Tudo bem - eu ri. Ela ficava tão feliz quando ficava com as meninas - Mas, olha, amanhã eu tenho plantão no hospital, não se esqueça. Quer dormir na casa da sua avó?

Era tão estranho me referir à minha mãe como avó.

  - Não!!! Deixa eu dormir na Gabi. Gabi, posso dormir aí amanhã?

Ela ainda estava no telefone?

  - Tá. Mãe, eu vou dormir na Gabi, okay?

Eu soltei uma risada.

  - Okay. 

  - Tá, tchau Gabi.

Ela colocou meu celular de volta no lugar certo e olhou pela janela.

Bella era o tipo de criança que sempre precisava estar fazendo alguma coisa. Se não estava brincando com as  amigas, estava no computador, desenhando, dormindo, fazendo lições de casa ou dançando. Ela nunca ficaria sentada no sofá olhando para uma televisão. Ela era hiperativa. 

Parecida com uma pessoa que eu conheço.

Conhecia.

Fiz a rotatória e deixei Bella na casa da Gabi, que já estava na porta esperando a amiga. Elas se abraçaram rindo e eu desci do carro.

  - Preciso dizer para não fazer bagunça? - falei.

  - Não - Bella riu - "Diga sempre 'por favor' e 'obrigada', peça licença e não seja chata" - Gabi gargalhou ao ouvir Bella recitando a rima que fiz para ela nunca se esquecer das coisas básicas que tem que fazer quando estiver fora de casa. - Pode deixar, mamãe.

  - Olá, Bella. Olá, Melissa! - Lucas e Erick saíram na calçada, a companhados por  Giovana e seus pais: Vinícius e Alice. Eu conheci os dois casais quando Bella entrou na escola e fez amizade com as meninas. Meu noivo também os conheciam, e já havíamos marcados vários jantares em casa. 

Cumprimentei todos com um beijo no rosto.

  - Não quer ficar também, Melissa? Chame seu noivo! - convidou Erick.

  - Desculpa, gente. Tenho plantão no hospital amanhã e preciso separar as coisas. Vinícius, você leva as crianças lá para a minha casa depois? Bella as convidou para dormir lá.

  - Levo sim - ele disse.

Vinícius era um cara quieto. Quieto, mas engraçado. Sarcástico e irônico, que só. Mas era legal. Ria de tudo e dava mais patadas que mula.

  - Então, tchau, gente. Tchau, Bella, se comporte! - dei um beijo em suas bochechas - Até mais tarde.

Ao voltar para casa, liguei para Bruna ir lá. Ela era minha prima. Morou na Califórnia por vários anos e fez questão de voltar ao Brasil quando soube da minha gravidez. Desde então, ela se tornou minha melhor amiga. Convencia minha mãe a ficar com Bella para que fôssemos nas festas da faculdade. Não era uma coisa certa a se fazer, mas Bella dormia 18 horas por dia, então não foi um problema. Ela era o tipo de pessoa que se visse você triste, ela colocaria Malha funk para tocar e pegaria sua mão até que você dançasse e cantasse com ela a noite toda.

Por isso eu amava essa garota.

  - Fala, peste - ela atendeu no segundo toque.

  - Quanto tempo você demora da sua casa até aqui acima do limite?

  - 5 minutos.

  - Estou marcando.

Enquanto ela não chegava, eu me sentei no sofá e o que veio na minha cabeça foi

"Tinha olho azul igual ao meu! E era loiro!"

Continua...

Oláaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Os Opostos se Atraem? - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora