~Melissa~– Pode me dar um minuto, por favor? – perguntei ao paciente, que assentiu. Ele deve ter visto minha cara de preocupada.
Abri a porta da sala com calma, mas quando a fechei, saí correndo pelos corredores, com a mão no peito segurando as duas partes do estetoscópio que estava em meu pescoço para que ele não caísse, procurando Juliana ou qualquer outro médico por ali.
Trombei sem querem com Miguel, um clínico geral que pegava a maioria dos plantões no hospital. Ele tinha olhos verdes e cabelos bem escuros, quase pretos. Estava na faixa dos 28, 29 anos e tinha um dos sorrisos mais lindos que já vi na vida.
– Olá, Mel! – ele disse sorrindo – Tá tudo bem?
– Na verdade, não. Acho que aconteceu alguma coisa com Bella.
– O que ela tem?
– Perde o fôlego muito rápido, sem esforço. – suspirei para recuperar o ar. – E já faz um tempinho. Ela é bem elétrica, não faz sentido. Preciso achar alguém que termine de atender o senhor... – fechei os olhos para tentar me lembrar do nome – Gonçalves! Antônio Gonçalves. Tive que sair no meio da consulta.
– Esse é o cara que vem aqui umas 3 vezes por semana?
– Sim.
– Posso dar um jeito nele pra você. Sua sala?
– Sim.
– Tudo bem, corre lá. Vai dar tudo certo, você vai ver.
– Pode avisar a Juliana, por favor?
– Deixa comigo. – ele deu uma piscadinha.
– Obrigada. Toma. – dei o estetoscópio a ele e voltei a correr.
No caminho, liguei para a doutora Ingrid, uma velha amiga minha, e ela disse que poderia abrir uma exceção para Bella, já que era um sábado.
– Gabriel? – falei assim que ele atendeu.
– Oi, onde você tá?
– Indo para sua casa. Vou levar ela agora. O que disse a ela?
– Que você vinha pegá-la.
– Tá, tudo bem... Estou chegando, saia na porta por favor, para não perder tempo, OK?
– OK.
– Tchau, Ga.
– Tchau, Mel.
Tudo bem, o final foi meio estranho. Mas deixei para pensar naquilo depois.
Parei o carro na frente da casa dele, e Bella entrou no banco de trás.
– Oi, mãe.
– Oi, Bella.
Olhei para Gabriel, ele estava do lado de fora do carro, uma expressão preocupada tomando conta do rosto. Quando ele mordeu o lábio, percebi que a coisa era séria.
– Gabriel, você quer... Ir junto? – perguntei.
Ele soltou o ar que segurava e entrou no carro.
– Você vai pra casa, papai?
– Não estamos indo para a casa, princesinha. – ele respondeu.
– Estamos indo para onde?
– Para uma amiga da mamãe.
– Vai ter comida?
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Os Opostos se Atraem? - Livro 2
Teen FictionDepois de conhecer Gabriel, a vida de Melissa mudou de um dia para o outro. Quase sete meses depois, ela nunca imaginaria que poderia perdê-lo de repente. Esse casal havia passado por coisas demais, coisas ruins demais, e não valia mais a pena conti...