De repente, boneca. - Livro 1

Capítulo 1 - Seja bem vinda.

"Eu estou correndo e um homem está atrás de mim. Ninguém me vê. Ele está chegando perto. Posso ouvir os seus passos bem perto de mim, e o seu grito por meu nome já esta mais alto. Beco sem saída. E agora? Passos cada vez mais perto e de repente, na escuridão, uma voz dizendo: Até que enfim, agora somos só eu e você."

Acordo ofegante, com braços e pernas tremendo e o coração acelerado. Sento na cama e certifico-me de que era apenas mais um pesadelo. Há dias que o tenho. Sempre o mesmo. Alguém atrás de mim faz com que eu corra até que me vejo encurralada, sem ter pra onde correr.

Quando finalmente me acalmo, levanto da cama, e uma sensação horrível invade o meu ser. É como se tivesse alguém ali comigo, observando tudo que faço. 

"Ah, do que você está com medo Camilla? Do seu quarto?" - penso.

Não controlo a risada quando vejo o quão boba estava sendo. Talvez o pesadelo tenha mexido comigo, sei lá. Apesar de ser só um sonho ruim, era horrível. 

Caminho até a porta do quarto decidida a não ficar mais sozinha. Eu não era de ficar com meus pais, mas talvez com a companhia de alguém, ficaria melhor.

Giro a maçaneta e a porta não abre. 

Trancada? Como assim trancada? Grito por meus pais, e não tenho resposta.

 "Calma Camilla, não tem porquê se desesperar." - penso, tentando me acalmar.

Respiro fundo e vou até a janela e diante de mim, grades e escuridão. Corro pra porta e começo a bater descontroladamente na espera de alguém ouvir.

Minutos e nada. 

Aonde foram os meus pais? O que está acontecendo?

Sento-me no chão, encostando a cabeça na porta e me sinto exausta por tanto desespero. Fecho meus olhos e de repente, um barulho muito alto invade todo o meu quarto. Não aguentando aquele som, coloco a mão em meus ouvidos na esperança de o amenizar. Após alguns minutos, o som para e então começo a gritar: "O QUE ESTÁ ACONTECENDO?"

Aterrorizada, meus gritos cessam e direciono meu olhar para todo o teto de "meu" quarto. Câmeras. Câmeras por todo lado. E bem no canto, uma espécie de caixa de som, que quando menos espero, emite uma voz que diz:

— Seja bem vinda a minha casa de bonecas, onde a minha boneca, é você.