Capítulo 2 - Agir como boneca

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Acordo sentindo uma enorme dor de cabeça. 

Olho ao meu redor e ainda estou em meu quarto, mas há algo diferente. 

E aquela voz.. Aquela frase.. 

Será mais um pesadelo? Não, não pode ser, dessa vez foi real. Mas se aconteceu, como é que eu vim parar nessa cama novamente? 

Sou interrompida de meus pensamentos, quando escuto a porta se abrir fazendo com que eu corra desesperadamente até ela.

Um sino toca quando eu paro no enorme corredor, e novamente aquela voz que agora diz: 

— Siga o caminho de luzes.

Diante de mim, luzes vermelhas começam a aparecer despertando o meu medo, mas também a minha curiosidade que me faz seguir o caminho que as pequenas luzes formam.

Desço as escadas lentamente segurando nas paredes como se eu temesse que algo pudesse acontecer, e ao chegar na sala, as luzes se apagam fazendo com que eu me assuste.

Olho ao redor e reconheço o lugar. Estou em mi-nha c-a-s-a...

"O QUE ESTÁ ACONTECENDO?" grito. 

Não tenho resposta, então continuo a gritar, até que de novo, o som horrível toma conta de todo o lugar.
Corro para o sofá e na tentativa de me livrar do som irritante que insiste em tocar, pego umas almofadas que ali estavam e coloco-as em meu ouvido. 

Minutos se passam e nada do som parar, então começo a competir com ele com gritos desesperados:

— PARA!!! EU NÃO AGUENTO MAIS.

Os meus gritos cessam e junto com eles, o barulho também. 

Levanto-me do sofá e vou em direção a porta, tentando abri-la, mas vejo que também está trancada. Penso em bater e gritar por socorro, mas sou impedida quando o ambiente fica escuro, e só vejo uma vela no centro da sala.

Com passos pequenos vou até a ela, e logo dou um pulo para trás quando diante de mim, vejo traços de um rosto.
Ele estende a mão, e nela há um vestido, um laço vermelho e sapatinhos delicados. 

"Vista-se" — diz. Sua voz é grossa e faz todo o meu corpo arrepiar quando a escuto.

Em uma atitude desesperada, eu empurro a mão dele fazendo tudo aquilo cair no chão. Ele me empurra furioso e caio no chão não resistindo a tanta força. Ele tira uma faca do bolso e vem até mim com um sorriso maléfico em seu rosto.

"O QUE VAI FAZER? QUEM É VOCÊ?" — grito.

O homem misterioso se ajoelha diante de mim, e acaricia meu rosto dizendo:
— Você é minha boneca, então terá que aprender a agir como uma. 

Ele termina a fala aproximando de meu rosto a faca, deixando-a cada vez mais perto de mim. Ele sorri e de repente, corta uma parte de meu rosto fazendo com que eu grite de dor e lágrimas comecem a rolar em meu rosto. 

"Onde estou?" — falo com a voz trêmula. 

"Onde deve estar, minha boneca." — escuto, antes de ser atingida por um soco na cabeça, forte o bastante para me fazer cair para trás e apagar.

De repente, boneca. - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora