Capítulo 10 - ESPECIAL DAVID

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Camilla estava deitada em meu peito e quando a olhei, vi que dormia como um anjo. Sua respiração estava lenta novamente, diferente de quando estávamos lá embaixo com as cobras. Sua boca meio aberta e seu rosto angelical como sempre. Seu cabelo ruivo escorria pelo seu rosto.
Tão pequena que cabia nos meus braços. Tão indefesa...
Lembro me de quando Christopher me contou de sua fobia de cobras. Ele ria sem parar, mas nunca passou pela minha cabeça que ele usaria isso contra ela.
Eu e meu irmão éramos muito diferentes. Ele ja matara várias pessoas a sangue frio enquanto eu em nossa infância não conseguia matar nem um inseto por mais exíguo que fosse.
Sempre ouvi ele dizer que eu ia me arrepender de toda minha bondade, pois no mundo não havia ninguém que a merecia.
Confesso que quase acreditei.
Até que...
Camilla. - pensei olhando pra ela encolhida em meus braços.
Quando Christopher me contou sobre ela e todo o seu plano horrível de vingança, eu senti uma necessidade enorme de a proteger.
Eu nem a conhecia, mas senti que era a minha obrigação prezar pela vida daquela menina.
E hoje ela está aqui, deitada em meus braços,  e algo me faz achar que estou cumprindo meu dever. Ela está segura. A minha pequena está segura.

Estou olhando o céu estrelado quando Camilla começa a se mexer e gritar:
Não.
Não me mate.
Quem é você?
Não.
Não.
Não....
"Camilla, acorda" - digo na tentativa de acorda-la.
"Hãn, oi, quê..." - ouço depois de alguns minutos.
"Tive um pesadelo horrível"
"Não é para minha surpresa. Com tudo que você está passando, quem não teria?"
"Não, mas eu o tenho a muito tempo. Que alguém corre atrás de mim e depois me vejo em uma rua sem saída e..."
Interrompo-a dizendo:
- Shh.. Foi só um pesadelo minha princesa. Não precisa se preocupar.
Cubro ela de cócegas para que ela esqueça e a mesma solta um sorriso maravilhoso.
Era incrível o som daquela risada. Despertava em mim um palhaço, só para ter o prazer de continuar ouvindo aquilo por minutos e minutos...
Puxa Camilla... O que está fazendo comigo menina...
"(...) fazer David?" - escuto o final de sua frase que não ouvi por estar perdido demais em seu sorriso.
"Oi? Desculpe. O que disse?"
Ela sorri de meu jeito atrapalhado e responde:
- Perguntei o que vamos fazer, cabeção. Não podemos ficar nesse telhado pra sempre não é? E lá embaixo ta cheio de cobras. Me recuso a descer.
Caio em mim e olho pra baixo.
Mas, espera.
As cobras.
Elas não estão mais ali.
Olho com um ponto de interrogação em todo o perímetro então Camilla percebe e pergunta:
- O que foi?
Não foi preciso resposta. A mesma olhou e viu que não havia mais cobras.
Desci escorregando por um tipo de cano e andei por todos os lados me certificando de que não havia mesmo nenhuma cobra.
Olhei para cima e balancei a cabeça, então Camilla sorriu e gritou:
"Ótimo. Agora só falta me ajudar a descer desse lugar"
Ajudei-a. Por diversas vezes ela quase caiu lá de cima.
Toda atrapalhada, tropeçava no ar, não conseguia segurar e eu amava aquele jeito desengonçado dela...
"Eu não entendo" - ela disse.
Permaneci em silêncio então continuou:
- Esse cara é doido? Porque motivo ele solta cobras aqui e depois as tira, sem que vejamos? - ela revira os olhos e continua - Ele é imprevisível David. O que vem agora?
"Nada" - respondi temeroso.
"Como assim nada?"
"Nada. Ele vai nos deixar aqui por 3 dias. Sem água e sem comida. Expostos a frio, calor, sol e chuva."
Camilla mudou sua expressão e abriu a boca pra dizer algo. Mas nada saiu.
Fomos em direção a um cantinho onde câmera alguma conseguia pegar. Nos sentamos ali mesmo. 
Parecia de madrugada, e Camilla ja tremia de frio.
Sem me importar, tirei o meu casaco e dei a ela.
Ela se recusou.
"Teimosa, pegue já, antes que morra de frio." - ri.
Ela permaneceu tremendo e lutando com toda sua teimosia.
Então a puxei pra mais perto de mim, coloquei nela o meu casaco e a acolhi nos meus braços.
Depois de alguns minutos, ela ja não tremia mais e parecia dormir.
Então permiti-me fechar os olhos.

Adormeci sem perceber. Acordo com  luz do sol em meu rosto. Olho ao meu lado e....
Camilla.
Ela não estava ali.
Me levanto rapidamente, e começo a olhar em meu redor ja desesperado.
Se tiveres acontecido algo a ela, não me perdoo.
Olho mais uma vez e graças a Deus, Camilla aparece.
"Onde foi? O que houve? Quer me matar de susto?"
"Calma. Calma. Só fui implorar por comida. Tenho fome."
Estava irritado por ela ter me deixado tão preocupado, mas a entendia. Eu também ja sentia fome. Como faria para nos arrumar algo para comer?
Decido apelar.
Vou até a porta e bato desesperadamente.
Nada.
Christopher não sai. Não usa a caixa de som. Nada.
Ele estava realmente disposto a nos deixar aqui sem comida.
Comida tudo bem. Mas água..
3 dias sem água é o nosso máximo. Não posso imaginar Camilla ao terceiro dia, ja que mesmo lá dentro bebeu água poucas vezes.
Precisava dar um jeito. Mas existia um?
♥♥
        Peço perdão pelo capítulo pequeno.                  Estou passando por um momento bem difícil e mesmo assim fiz o que pude.   Espero que entendam :/
                      Até o próximo..

De repente, boneca. - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora