De repente, boneca. - Livro 1

Capítulo 30 - Mais um jogo?

Dois dias depois

Já haviam se passado dois dias desde a morte de Júlia.
Aquele dia, resolvemos enterrar ela junto com John. E os outros dois dias passaram rápido demais e por incrível que pareça, mais ninguém morreu.
Ninguém conversava muito a não ser quando surgiam os assuntos: FOME E SEDE.
E era sobre isso que conversávamos agora.
"Não aguento mais beber água do riacho. Volta e meia quase engulo pequenas folhas." - diz Laura com uma expressão de nojo.
"Parece Júlia falando." - disse David imitando a pose que Júlia sempre fazia.
Todos rimos.
"Sabe que até sinto saudades dela cheia de nojinho por tudo." - eu disse.
Realmente sentia.
Ela não era uma pessoa ruim.
Era só uma menina que não cresceu nada na mentalidade, parecia uma criancinha perdida em busca de um caminho a seguir.
"Eu não sei vocês, mas estou com muita fome." - diz Laura apontando a barriga.
"Acho que devíamos procurar por comida." - David fala ja se levantando.
Vamos atrás dele e decidimos seguir o caminho de terra, então lembro de Anna.
Será que o corpo ainda está ali?
Passamos pela árvore onde achei o bilhete de Christopher e chegamos no local onde eu encontrei Anna.
O corpo não estava. Mas havia muito sangue.
"De quem será?" - pergunta Laura.
Não me atrevi a responder. Apenas abaixei a cabeça.
Continuamos o caminho e eu estava atrás dos dois quando alguém me puxa para trás de uma árvore.
Tento gritar, mas a pessoa tampa minha boca fazendo com que os gritos sejam meros murmúrios.
Não consigo ver quem é até que ja longe de David e Laura a pessoa me solta.
É Christopher.
Começo a me arrastar para longe dele e o mesmo faz sinal para que eu fique quieta, então grito:
- ME DEIXA EM PAZ!
Ele me olha assustado e diz:
- Camilla, eu não vou te machucar. Você precisa me escutar. O Da...
O interrompo batendo em sua face.
Então o mesmo segura forte em meus braços e diz:
- Olha aqui Camilla. Estou tentando ajudar você. Poderia te matar agora, mas estou aqui ajudando então você vai me escutar por bem ou por mal.
Apenas assinto com a cabeça e o mesmo continua:
- O David não é quem você pensa. O pai dele matou sua mãe e David matou a própria mãe, Anna. Eles estão juntos Camilla.
Comecei a rir.
Ele estava ficando louco se acha que eu acreditaria nessa historinha dele.
David é a pessoa mais angelical que ja conheci em toda minha vida. Ele me ajudou todo esse tempo. Tudo bem que me traiu com Júlia, mas não seria capaz de matar minha mãe e nem Anna.
"Você está louco!" - disse.
Ele ia falar, mas passos de Laura e David se aproximam, então ele corre.
Porque está correndo?
Ele poderia matar todo mundo.
"Você está bem?" - Laura pergunta me ajudando a levantar do chão.
"Est.. Estou sim!"
"Quem era?"
"Christopher."
"O quê? Ele te falou algo? Te fez algo?" - diz David levantando a voz.
"Não conseguiu. Vocês chegaram a tempo." - minto.
Me levanto e ouço eles contarem que acharam frutas para comermos e até mais um esquilo.
Eu não parava de pensar em Christopher e em tudo que ele me disse.
Será mais um jogo dele?