Capítulo 24 - Alguém se perdeu

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E ele sorri.
Paraliso ao olhar pra ele e ouço de longe todos me chamarem.
Sem saber o porque, vou até a árvore onde o vi.
Passos pequenos. Medo. Respiração ofegante. Coração acelerado. Isso resume o momento.
Chegou perto da árvore e vejo sangue. Muito sangue.
Então começo a correr para lá.
John.
John esta jogado no chão, seus olhos estão abertos, totalmente arregalados.
E de sua cabeça sai sangue.
Esta sem camisa e em sua barriga esta escrito:
Quem será o próximo?
Todos correm até mim e Júlia ao ver John caído cai ao seus pés, chorando muito.
Eu não consigo reagir a tudo aquilo. Só olho assustada.
Ouço todos comentando sobre Christopher. Sobre onde ele pode estar escondido.
Mas algo me diz que não foi ele.
E algo me diz que ele também esta em perigo.
Christopher está em perigo..
Não consigo dizer nada.
Todos voltam para perto da fogueira. Faz frio.
David olha ao redor com um ponto de interrogação no olhar.
Júlia chora no colo de Laura e eu estou completamente perdida em mim.
Quem é aquele homem?
Será que ele trabalha para Cristopher?
Porque minha mãe disse para eu não confiar em ninguém?
"Muitas perguntas sem resposta?" - David pergunta se aproximando.
Faço que sim com a cabeça.
O mesmo de senta ao meu lado e diz:
- Então estamos juntos nessa. - olha pra mim - São muitas perguntas e não há nenhuma resposta.
Não falo nada. Talvez eu não queira conversar ou talvez queira, mas estou com muito medo pra isso agora.
"Estou com tanta fome!" - diz Laura.
"Eu também." - diz Júlia soluçando.
"Ao amanhecer, procuramos por comida." - David diz.
Encosto minha cabeça na árvore e fecho meus olhos.
David me puxa para o seu colo e eu não hesito em deitar.
Fecho meus olhos e logo adormeço.
                              ♥
Acordo e não estou no colo de David.
As meninas dormem uma em cima da outra e o corpo do John está no mesmo lugar.
Passo a mão no cabelo e o mesmo parece um ninho.
Faço um coque e decido lavar o rosto no riacho quando de repente ouço uma voz:
- Cuidado.
A voz estava perto. Mas eu não conseguia ver quem era.
Aquela palavra se repetia como se fosse um eco e parece que a pessoa se aproximava mais e mais.
Até que algo atrás de mim me assusta.
Olho e suspiro de alívio.
Um esquilo.
Apenas um esquilo.
"Podemos o comer!" - diz David.
"Faça para vocês. Eu não vou comer."
"Porque está tão fria comigo?" - diz se aproximando.
"Não estou fria."
"Claro que está. Sempre que me aproximo parece criar um bloqueio entre nós Camilla."
"Mas que droga David. Ja disse que não estou fria com você!" - falo e me afasto.
De alguma forma, ele tem razão. Não sei porque estou agindo assim.
Há muitas coisas acontecendo agora. Isso tudo parece um grande jogo. E eu estou perdendo. A derrota está mudando quem sou.
"Nunca pensei que comeria um esquilo." - diz Júlia vendo David o cortar com uma espécie de pedra pontuda.
"Quem não gosta de ver coisas meio nojentas, não olhe agora."
Júlia se afastou e eu desviei o olhar. Não por nojo. Mas por pena.
Foco meu olhar em uma direção que não havia percebido antes.
Há terra e ela forma um caminho.
Onde será que dá?
"Você... Está bem?" - ouço.
Olho pra ver quem fala e é Júlia. Seu olhar entrega que ela está com medo de falar comigo.
"Não precisa ter medo de falar comigo Júlia. Me desculpe pela forma que falei com você. Posso ter exagerado um pouco."
"Tudo bem. Eu entendo. Mas você está bem?"
"Não. E você?"
"Também não. Éramos 9. Agora somos 4. Da pra acreditar?"
Hey, tem algo errado.
Alguém não está aqui.
Anna.
"Anna!!!"
Júlia me olha assustada.
Havíamos esquecido dela.
Mas como David pôde se esquecer?
Eu falaria com ele. Mas esse não é o melhor momento...

De repente, boneca. - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora