Capítulo 32 - Sozinha

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Eu me levantei do chão e me apoiando em uma árvore qualquer, me afastei de David.
Minha visão melhorou e pude ver Laura sangrando ao chão e David a olhando com orgulho.
Ela esta morta e ele esta feliz por isso.
Sem mais o que fazer, corri.
Corri o mais rápido que pude.
Não sabia pra onde estava indo, mas eu corria.
David tentava me pegar, mas aos poucos foi ficando pra trás.
Nunca fui boa em corrida, mas aquele era um momento diferente.
Era questão de sobrevivência.
Parei um pouco em busca de ar e vi que David não estava mais por perto, mas mesmo assim o meu medo não me deixou parar.
Continuei correndo muito até que vi um riozinho. Resolvi atravessa-lo.
Sem pensar duas vezes, me atirei nele e nadei por todo o rio até que consegui.
Cheguei a outra parte e lá me permiti descansar.
Me encostei em uma árvore e respirei fundo.
Eu estava perdida, sozinha e com medo. Fechei os olhos por um segundo e vi meu pai.
Ele dizia:
- Filha, cuidado. Você precisa se salvar. Eu e sua mãe acreditamos em você Camilla! Corra agora pois David logo vem.
Abri os olhos e corri. Corri muito até que tropecei em uma pedra.
Cai de cara no chão e senti meu nariz sangrar.
Quando me levantei dei um pulo para trás.
"Camilla? O que aconteceu?"
Era Christopher.
Não sei ao certo porque, mas chorei tudo que precisava e o mesmo me olhava assustado.
Ele me abraçou.
Christopher me abraçou.
E quando achei que não me surpreenderia mais, ele disse:
- Eu estou com você agora. Não vou deixar ninguém machucar você.
Como ele não deixaria ninguém me machucar se foi ele quem começou tudo isso.
"Me deixa em paz!" - disse o soltando e correndo para o mais longe possível.
Ouvi ele gritar por mim, mas não parei.
As lágrimas faziam com que eu não enchergasse muito bem, então parei e me sentei no meio do nada. E ali desabafei comigo mesma.
"Tudo bem. Minha vida nunca foi perfeita, mas era tão boa antes disso tudo acontecer. Eu vivia reclamando, desejando ter mais, desejando ser outra pessoa e viver outra vida. Mal sabia eu que aquela era a melhor vida que alguém poderia ter.
Porque não a aproveitei?" - murmurei ainda chorando muito.
Passei a mão no meu nariz e o mesmo ainda sangrava muito e me lembrei de quando era criança. 
Meu nariz costumava sangrar quando fazia muito calor e minha mãe sempre dizia:
- Olha pra cima!
Então olhei. Como se estivesse seguindo uma ordem dela.
Estava escurecendo e o sol ja abaixara.
O que vou fazer quando escurecer? Tenho medo das pessoas até no claro. Quem dirá no escuro.
Resolvo continuar andando em busca de algum lugar melhor pra passar a noite, afinal, eu estava no meio de duas árvores, literalmente no meio delas. Esse não é o melhor lugar.
Andei lentamente e podia escutar o barulho de bichos. Aquilo me deixava assustada.
Eu sempre tive medo de ficar sozinha. E sempre tive um medo horrível de bichos.
Mesmo que pequenos.
Ao longe vejo uma árvore e era uma macieira. Resolvo deitar embaixo dela e descansar ali mesmo.
Então pego uma maçã que esta logo no baixo e me deito, olhando o céu.
Estava completamente escuro agora e só se ouvia o barulho de bichos, até que ouvi mais uma voz:
- Por favor, me deixe ajudar você.
Christopher.

De repente, boneca. - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora