Capítulo 10

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India narrando:

Hoje combinei de fazer a sessão fotográfica com o Heitor de novo. Marcámos tudo igual da última vez, para a mesma hora, no mesmo local, com a mesma maquiadora, cabeleireira e consultora de moda. Tudo está certo quanto a mim e já estou pronta para ser fotografada, a única coisa faltando é o fotógrafo.

- Você quer que a gente espere um pouco até ele chegar para ver se aprova sua roupa e cabelo? - Pergunta a Sónia, terminando seu café na minha caneca do YouTube.

Anabela está arrumando a mala gigante da maquiagem e me olha quando falo. Ela tem o cabelo curto como homem, pintado de branco e está sempre vestida como se fosse para uma festa.

- Não acho que seja necessário, vocês devem ter mais que fazer num domingo de manhã, já foi muita gentileza vossa terem aparecido.

- Você tentou ligar para ele de novo? - Pergunta a Anabela, terminando de arrumar tudo.

Já liguei para ele umas três vezes, mas acato o conselho e tento de novo, sem sucesso.

Atiro o celular para cima da mesa da sala e me levanto. Estou começando a ficar chateada com essa falta de responsabilidade do Heitor, é bom que ele tenha uma boa desculpa para não aparecer a horas. Sendo que estar de ressaca não é uma boa desculpa.

- Você não se importa mesmo se a gente for embora? - Pergunta a Sónia, uma mulher pequena, de cabelo castanho curto e peitos enormes.

- Não - faço um gesto de descarte com a mão, - vão lá. Eu resolvo a situação com o Heitor, mas muito obrigada.

Dou um beijo nas duas e as acompanho até à porta. Assim que oiço a porta de fora se fechar, vou pegar minhas coisas, desço até à garagem e dirijo para fora do condomínio. De caminho tento ligar para o Heitor de novo e volta a cair na caixa postal.

- Droga! - Xingo, desligando a chamada. - É bom que você esteja em casa, Heitor.

🔘🔘🔘

Sempre que venho aqui, nunca encontro vagas. Dou voltas e mais voltas até que decido deixar o carro em qualquer lado. A gente vai sair logo mesmo, só espero que não haja chatices.

Entro no prédio sem problemas, saio do elevador no segundo andar e carrego na campainha do número cento e quarenta.

Nada.

Mau, penso. Será que nos desencontrámos?

Tento de novo e de novo, pressionando durante muito tempo até que oiço barulho lá de dentro, muito barulho, como se algo pesado tivesse caído no chão com força.

Nossa, o que está havendo ali?
Não me diga que ele está com uma mulher? Deus, por favor, que ele não esteja com uma mulher, que ele não esteja com uma mulher, por favor, que ele não...

- India? - Ele está com uma mulher, constato assim que o vejo. Está usando apenas umas calças de moletom e elas estão tão baixas na cintura que não me parece que ele esteja vestindo algo mais por baixo delas. É sexy para cacete, mas deixo isso de lado ao sentir o seu olhar em mim, analisando minha maquiagem e roupa interrogativamente.

- A sessão! - Faz-se luz naquela cabeça. - Me desculpa, adormeci.

Levanto uma sobrancelha. Adormeceu mesmo? Será? 

- Essa vai passar, Heitor, mas só porque na sexta também fiz você esperar. É justo. - E avanço para entrar em sua casa, mas ele me barra à cara podre.

- O que está fazendo, India? - Ele pergunta com os dois braços abertos, bloqueando a minha passagem.

- Tentando entrar, não vou ficar esperando por você aqui fora!

Encarar É FeioOnde histórias criam vida. Descubra agora