Capítulo 15

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[Tenho vontade de beber chocolate quente cremoso só de olhar para esta imagem ;)]

India narrando:

Gente complicada me chateia. Não entendo o porquê dessa mariquice toda só para ter minha opinião sobre um assunto qualquer! Será que ele não tem mais ninguém com quem falar para ter que me arrastar para um bar fechado em pleno dilúvio?

- Você não podia falar sobre o assunto com mais ninguém, não? - Pergunto, removendo minha trança, no espelho do banheiro da casa do Ben- Porque sejamos sinceros, o que seria de você se eu não aparecesse hoje no seu restaurante?

- Porque eu haveria de pensar nisso? - Ele responde e eu oiço o som de utensílios batendo uns nos outros. - O que interessa é que você apareceu.

- Tá - passo a toalha no cabelo molhado. - E você não podia ter falado comigo no carro sobre isso?

- Não, não podia. O carro não é o sítio mais apropriado para ter essa conversa, para além de que estou com fome e preciso comer algo e descansar um pouco antes de abrir o restaurante mais tarde.

Na verdade, não estou assim tão chateada de estar praticamente sozinha com o Santiago. Nada chateada, para ser sincera. Estou até entusiasmada com essa mudança de rotina, de estar com alguém diferente e sem nenhum pretexto de trabalho. Além disso, o Santiago não é propriamente uma má companhia, muito pelo contrário.

Deixo a toalha de lado e tento desembaraçar o cabelo com os dedos, mas a laca e sei lá mais quê que a Sónia colocou aqui, deixou o cabelo estranho, todo duro e não há muito que possa fazer para o melhorar sem antes lavá-lo. Então decido por fazer um coque frouxo no alto da cabeça. Meu penteado de eleição.

Assim que termino, saio do banheiro e entro na cozinha onde encontro o Santiago mexendo algo numa panela ao lume. Reparo que ele mudou de roupa para umas calças e um casaco de moletom e o seu cabelo está agora atado da mesma maneira que o meu. Nunca fui grande apreciadora de rapazes com cabelo comprido. Até agora. Eu realmente gosto do cabelo dele, começando pela cor aloirada, pela aparência sedosa e saudável e terminando nas ondulações nas pontas.

- O que está fazendo? - Pergunto.

- Nosso lanche - ele responde, se virando para mim por instantes, ainda mexendo no conteúdo da panela.

- Vai fazer uma papa ou assim? Pela maneira como está mexendo... - me inclino para tentar ver, mas ele me bloqueia com seu corpo. Ele é alto e grande, não grande como o Heitor, tem mais a ver com a estrutura óssea ou sei lá e estar assim perto dele me faz parecer como uma anã. Me intimida para caramba e eu gosto disso mais do que gostaria de admitir.

- Pare de ser curiosa.

- É só para avisar que eu não sou apreciadora de papas, viu? E depois não diz que eu não te avisei quando estiver a jogar comida fora.

- Não estou fazendo papa.

- Bom - me afasto e ao ver a luz da tostadeira ligada, vou até lá para checar as tostas.

- O que você pensa que está fazendo? - Santiago replica de novo. Paro a meio do caminho e me viro. Ele vem até mim e me empurra suavemente para longe.

- Estou só ajudando!

- E eu agradeço, mas está tudo sob controle aqui. Vai lá para baixo, senta no sofá e relaxa um pouco que eu já me junto a você, tudo bem?

Hesito a princípio, não aceito ordens muito bem, mas acabo por fazer o que ele pediu. Desço as escadas e me esparramo no sofá preto do meio, como se estivesse em casa. Não que tenha por hábito relaxar no sofá, mas se tivesse, era assim que seria.

Encarar É FeioOnde histórias criam vida. Descubra agora