Capítulo 16

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India narrando:

Coloco a embalagem das bifanas no cesto e vou até ao corredor dos frescos, ver se compro fruta para fazer uma salada. Provavelmente não é uma boa ideia fazer uma salada de frutas tendo em conta o desastre que eu sou em escolhê-las, mas vou tentar na mesma.

Após uma manhã intensa de trabalho, a fome que sinto é tanta que fui obrigada a ir ao hipermercado fazer umas compras de comida para mim. Eu quase nunca tenho alimentos para cozinhar em casa e hoje não estou mesmo a fim de comer comida de Take-away, McDonalds ou qualquer outro tipo de refeição que não seja caseira. Tenho vontade de cozinhar. Eu sei que é raro, mas não se preocupem, eu estou bem.

Pego um saco transparente e coloco umas quantas laranjas que parecem bem boas para mim e vou andando à procura de uvas pretas quando meus olhos captam algo. Não tenho a certeza de quem seja até que ele se vira e confirma minhas suspeitas.

Um sorriso se abre no meu rosto assim que identifico o Santiago e sem nem pensar, meus pés já me estão levando até ele.

- Papá, posso levai este iogute? - uma criança pergunta para ele.

Papá? Mas...

- Esse iogurte não faz bem aos meninos - responde, se agachando ao nível do menino. Sua voz é inconfundível e eu estou vendo que é ele, mas desde quando é que ele tem um filho? E pior, porque ele não me falou nele?

- Poquê? - O menino pergunta, abraçando o pacote de iogurtes nos braços pequenos. Ele deve ter uns três, quatro anos e devo admitir que é lindo de tão fofo. Tem cabelo castanho encaracolado, que dá vontade de ficar passando a mão o tempo todo e não consigo ver bem, mas parece-me ter olhos claros também.

 Tem cabelo castanho encaracolado, que dá vontade de ficar passando a mão o tempo todo e não consigo ver bem, mas parece-me ter olhos claros também

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- Tem natas e não faz bem à barriguinha do Matias.

- O qué natas?

- Você sabe quando a mamã aquece leitinho para você antes de dormir e às vezes tem aquelas coisas que você não gosta?

Meu coração aperta quando oiço isso. Tudo bem, eu sei que só tivemos juntos ontem e tal, somos amigos, mas... porque ele não me contou? Será que foi por isso que ele decidiu falar comigo sobre a Magda? Faz sentido, mas ele podia simplesmente ter dito que não queria nada com ela porque era casado!

Tenho vontade de voltar para trás e esquecer que o vi, mas é nessa altura que ele repara em mim e se coloca de pé.
Agora não à volta a dar.

- Hey... hã - nossa, o que vou dizer para ele?

- Você está precisando de ajuda ou assim? - Ele pergunta colocando no lugar os iogurtes que o filho estava segurando. Ele soa estranho... como se não me conhecesse.

- Hum, não. Só vi você e vim dar um oi.

Minha atenção se desvia quando vejo uma mulher se aproximando do outro lado do corredor. Ela é alta, mais alta do que eu pelo menos, mas mais baixa que o Santiago. Seu cabelo é castanho muito encaracolado, parecido ao do menino e suas feições são muito serenas. É ela, a mãe, a mulher dele e só quando se aproxima é que reparo na barriga proeminente escondida pelo casaco. Está grávida.

Encarar É FeioOnde histórias criam vida. Descubra agora