Back To You

Prólogo.

PRÓLOGO| VOCÊ DEIXOU FERIDAS.

Oito anos atrás..

Eu preciso saber a verdade. Preciso ouvir da sua própria boca que é apenas um boato falso e que essa dor em meu peito nada mais é do que coisa da minha cabeça.

Eu estava dentro de uma das gabines do banheiro da escola quando ouvi um cochicho de uma garota. Pude ouvir perfeitamente quando a mesma disse que o Rafael iria embora e então outra garota, provavelmente sua amiga, começou a falar desenfreadamente. Depois de associar as palavras ditas pelas garotas que passaram a conversavar sobre algum outro assunto, sai do banheiro ainda atordoada. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que aquela era uma brincadeira de mau gosto, afinal, Rafael era meu melhor amigo e com certeza ele me contaria se fosse se mudar. O restante dos meus colegas na verdade só falavam comigo por eu ter um pai famoso. Tenho certeza de que se não fosse por isso eles nem olhariam na minha cara. Então posso afirmar com todas as letras que Rafael é meu único amigo e ele não poderia ir embora assim do nada.

Rafael e eu somos como irmãos. Além de meu visinho ele também é afilhado dos meus pais. Nós praticamente crescemos juntos. Ele esteve presente em minha vida em meus melhores momentos e até mesmo os ruins.

" ele não pode ir embora!" - repeti a mim mesma.

Passei o restante daquela manha angustiada, não conseguia me concentrar nas matérias e em mais nada. Tudo o que eu queria era falar com ele e ter certeza de que o que eu ouvi era uma mentira.

Deixei minha bolsa no jardim de casa, mas não entrei. Ao invés disso, pulei a cerca que separava nossas casas e entrei em seu quarto por sua janela. Ele estava sentado no chão de costas para mim. Fumava seu cigarro em silêncio, parecia pensar sobre algo. Não demorou muito para que ele sentisse minha presença e virasse em minha direção.

- é verdade? - pergunto não contendo o tremor em minha voz.

- o que é verdade? - volta a pergunta para mim com o olhar impaciente.

- que você vai embora. - respondo desviando meu olhar do seu. Apesar de nunca conseguir esconder algo dele, naquele momento não quis transparecer meu medo.

- Não era pra você saber. Quem te contou? - perguntou parecendo irritado.

- Ouvi duas garotas conversando no banheiro. Não quis acreditar, então vim te perguntar pessoalmente. Mas acho que fiz mal já que está na cara que não se importou comigo nem um minuto sequer. Se a situação fosse contraria com certeza você seria a primeira pessoa a quem eu contaria Rafael. Eu não posso nem expressar o quão decepcionada estou com você.

- Não foi minha intenção te decepcionar. Eu só não consegui te contar. - ele abaixa a cabeça demonstrando seu arrependimento.

Senti o aperto em meu peito aumentar. Então era verdade, Rafael vai mesmo embora e o pior de tudo é que ele nem mesmo iria me contar. A raiva apossou -se de meu corpo. Me sentia tão frustrada que minha vontade era de chorar. Dou um empurrão em seu corpo afastando-o de mim. Não conseguia sequer olhar em seus olhos tamanho a minha raiva. Continuei empurrando- o até que o mesmo me segurou pelos braços. Passei a me debater para que ele me soltasse, mas ele não me soltou. As lagrimas caiam e senti-las em meu rosto me deixava ainda mais enfurecida. Tentei a todo custo me soltar, mas a cada tentativa ele me segurava com mais firmeza. Quando levantei meu olhar em sua direção ele me olhava sério, parecia bravo.

- para com isso, Vitória. - diz olhando em meus olhos.

Rafael nunca tinha usado aquele tom comigo e com certeza estranhei ouvir meu nome ser pronunciado por alguém que sempre me chamava de "doce". É um apelido idiota, mas vindo dele sempre foi reconfortante e agora eu não sei mais quem é esse cara na minha frente. Com certeza não é o meu melhor amigo.