capítulo 14| Rafael

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CAPÍTULO 14| VOCÊ JÁ DEVE SABER QUE É O MEU MAIOR PECADO.

- dormiu bem?

Ela sorri, e eu tento ao máximo não reparar no quanto ela fica bonita quando sorri, sem falar no quão sexy é vestida com apenas minha camisa velha, suas pernas fartas balançam em um ritmo majestoso correspondendo aos seus movimentos de um canto para o outro, a procura do leite e do café, do pão e da margarina, Vitória desfila pela minha cozinha, e sequer é preciso dizer quanta tentação é vê-la desse jeito, eu só quero tirar essa camisa, admirar seu corpo por completo, ela parece até mesmo um pecado, um pecado do qual eu lamberia cada pedaço..

Balanço a cabeça bloqueando esses pensamentos pervertidos, é muito cedo pra pensar nessas besteiras.

- sim.. Mas eu tenho que te falar um coisa.

- o que?

Ela sorri e se aproxima, fecha o notebook no qual eu estava trabalhando e se senta no meu colo, não estou acostumado com isso, tomar café com uma mulher ao invés de dispensa-lá no final da noite, é uma sensação estranhamente boa, envolvo sua cintura com minhas mãos e aconchego meu rosto entre o seu pescoço sentindo o seu perfume doce e suave quebrando qualquer barreira que sustenta minha sanidade.

- sua cama é muito grande para se dormir sozinha. - ela se vira pra mim e sorri com suas bochechas levemente coradas.- da próxima vez você não precisa dormir no sofá.

- você confia em mim pra dormir sobre a mesma cama que você mesmo me considerando um "pervertido". - um sorriso divertido escapa por entre meus lábios. - irônico, não?

- você é pervertido. - dá de ombros. - mas eu sei que nunca encostaria um dedo em mim sem a minha permissão.

Eu não respondi, permaneci em silêncio gravando cada singela palavra que acabo de ouvir. Terminamos o café em silêncio, trocando somente alguns olhares e sorrisos. E admito que é muito estranho sentir-me tão.. Em paz, ao longos dos ano percebi que paz não costuma ser algo constante na minha vida, são tantos os problemas pelos quais tive que passar.. E ao lembrar daquela cicatriz no corpo de Vitória posso concluir que ela assim como eu nunca teve paz, tento imaginar como deve ter sido pra ela, quase morrer nas mãos de um covarde, sentir a dor e tristeza com a mesma intensidade em que o sentimento de derrota invade a alma, a cada piscar de olhos não saber qual vai ser o último, eu também quase morri mas é tão diferente.. E mesmo com tudo isso ainda sim somos capazes de fornecer pelo menos um instante sequer de paz um para o outro.

- Eu preciso me trocar. - ela se levanta do meu colo e começa a andar em direção ao quarto mas eu a puxo contra o meu corpo , ela me olha surpresa com os olhos levemente arregalados, nós estávamos tão perto que pude sentir sua respiração roçar na minha pele, admirei seu rosto por longos segundos, todos os traços, cada detalhe, ela faz o mesmo até que involuntariamente meu olhar cai sobre seus lábios, sinto minha boca secar, engulo em seco, não sei o que essa mulher tem mas ela me faz deseja-lá muito mais do que se é permitido. - assim, vamos chegar atrasados..- murmura.

- que se dane. - prenso seu corpo contra parede apoiando minhas mãos na sua cintura, sua respiração falha ao sentir meus lábios presos em seu pescoço. - o trabalho pode esperar alguns minutos. - levanto meu rosto na direção do seu, ela me encara com o olhar enigmático mas pude sentir o seu desejo, ela me quer tanto quanto eu a quero e é isso que não pode esperar.

- cinco minutos. - ela ergue o queixo determinada.

- e nenhum segundo a mais.

Os minutos seguintes foram uma loucura, no primeiro senti minha mão prender em suas pernas, sua pele nua em contato com a minha era excitante, mas não tanto quanto beijar seus lábios, nosso beijo mais do que nunca estava intenso, desesperado, na minha mente tudo o que eu queria era fazer daqueles cinco minutos o meu momento de insanidade, apoiei suas pernas nas minhas mãos e a ergui sobre o meu colo, fui deixando meu rastro de beijos e mordidas em seus ombros enquanto caminhava até o sofá, sentei-me ainda com seu corpo frágil em meu colo, sentindo meu corpo queimar em desejo, mas foi olhando para os seus olhos que senti algo que nunca mais pensei que fosse sentir, aquela sensação de desejo infame, o mesmo desejo que tive á oito anos atrás quando não me contive em beija-lá e deita-lá sobre a minha cama, eu queria te-lá naquela noite, queria mostrar como deveria ter sido, mas não mostrei, ainda sim o que ficou foi essa sensação e ninguém mais foi capaz de desperta- lá.

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