Capítulo 31 Especial| Diego

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CAPITULO 31| TE SINTO EM MEU PEITO, TRANSBORDANDO MINHA DOR EM CADA BATIMENTO.

– talvez ela não te odeie.

Olho para o lado com o olhar sarcástico. Com certeza esse cara não conhece Cecília.

O nome dele é Augusto, pelo menos foi assim que eu o chamei durante essa conversa de apenas uma hora. Ele é alto, forte, parece ter a minha idade e por incrível que pareça: ele não tem cheiro de álcool. Algo quase impossível neste bar. Não sei quando foi que viramos amigos, mas depois do quinto copo de vodca, sinto que qualquer um poderia ser meu amigo.

– Ela deve estar planejando como vai me cortar da vida dela. — entorno meu copo e peço outro logo em seguida. O barman sorri, o filho da puta deve adorar  me ver gastar toda a minha grana nessa merda de bar. – mas eu não a culpo. Eu vou ter um filho. — dou risada da minha própria desgraça. – aos dezoito anos, sem curso superior e desempregado. Vou ser pai, eba!

– também não é assim, cara. — ele retruca com seu copo na mão. Pra falar a verdade ele está com este mesmo copo desde que eu cheguei. – Se quer saber, tive minha filha nas mesmas condições. E além disso, eu não tinha uma família rica..

Viro meu rosto em direção a ele boquiaberto. Eu devo estar muito bêbado pois acho que estou ouvindo coisas.

Ele dá de ombros:

– a vida é uma piada sem graça. — sorri. – tenho vinte e três, minha filha hoje faria seis anos. — ele respira fundo. – não foi fácil. Mas ainda era a minha filha.

– por que você fala da sua filha no passado?

Ele me olha um pouco confuso. Não sei se disse algo que não deveria, um dos grandes defeitos de se estar quase bêbado é nunca saber quando falou alguma besteira. O copo em sua mão finalmente é entornado e eu me pergunto se isso é bom ou ruim.

– eu a perdi  há dois anos. — ele pareceu notar meu nervosismo ( que não era pouco) mas comtinuou na mesma postura, como se já estivesse acostumado com as pessoas reagindo daquela mesma forma – o nome dela é Helena..Foi só eu soltar a mão dela por um segundo, um mísero segundo, e bum.. Um carro passa por cima da minha garotinha.

– sinto muito. — engulo em seco. – eu sinto muito de verdade.

– eu sei. — ele se levanta e sorri amigavelmente. – você não está no fim do jogo. Essa tal de Cecília parece ser o amor da sua vida, e se tem uma coisa que eu aprendi foi: nunca solte aquilo que você ama. Nem por um segundo.

Eu não sou de acreditar em coisas que vão além do que posso ver ou tocar mas, este cara não pode ter surgido por puro acaso. Não mesmo. É como se conhecer ele neste bar imundo tenha sido predestinado.

– acho que é melhor eu ir. — me levanto deixando o copo de vodca sobre o balcão. Algo me diz que não vou mais precisar dele.

– você acha?  — ele ri e coloca sua jaqueta jeans sobre os ombros. – já teria ido há muito tempo.

Reflito com o seu comentário. Ele está certo.

" por que ainda estou aqui?"

Desperto novamente para a realidade quando o vejo passar pela porta. Eu não sei o que deu em mim, mas antes que tivesse tempo para desistir eu corro na sua direção.

– Ei! — grito chamando a sua atenção. Ele se vira pra mim surpreso e um pouco confuso. – você pode me dar uma carona? 

– eu?  — ele ri. – confia sua vida a alguém que estava bebendo há menos de cinco minutos? 

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