Capítulo 1| Vitória.

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CAPÍTULO 1.| EU SEMPRE SOUBE QUE TUDO IRIA MUDAR.

O vídeo aí em cima nada mais é que o TRAILER OFICIAL DO
"BACK TO YOU" O que acharam?

Não sei como será voltar para a casa dos meus pais depois de todo esse tempo estando longe. Não sei como será minha rotina nem se estou pronta ao que virá.

O problema de tudo são os meus pais. Não que eles sejam pessoas ruins, ao contrário. Nunca em toda minha vida serei capaz de encontrar pessoas tão incríveis quanto eles. Os dois juntos são capazes de alegrar qualquer lugar. Eu os amo mais do que tudo. Se não fosse por eles eu poderia ter crescido em um péssimo lar e é justamente por isso que vou ser eternamente grata aos pais que tenho. Mas, junto a todo esse amor vieram as circunstâncias que me fazem estar repensando se estou fazendo o certo ao voltar pra casa. Meu pai é integrante de uma de banda Internacionalmente conhecida e adorada. Ser filha de um famoso pode parecer incrível e até chega a ser na maioria das vezes, mas viver sem privacidade sempre foi a pior parte. Minha adolescência foi marcada pelos ppaparazzis, e desde cedo tive que aprender a fazer as coisas escondidas não só dos meus pais, mas de todo o resto do mundo.

Quando completei dezoito anos tive enfim a chance de me mudar para longe de toda aquela bagunça. Mudei de estado e fiz de tudo para manter minha identidade em sigilo. Cheguei até mesmo a pintar meus cabelos de loiro nos dois primeiros anos. Fornecia apenas meu primeiro nome e quando era necessário dar meu sobrenome obrigava a pessoa a assinar um termo de confidencialidade. Pode parecer loucura, mas tudo o que eu queria era um pouco de paz, e a obtive por quatro anos. Foi quando consegui me formar em direito que me vi no dilema no qual estou hoje de ir para casa ou ficar onde estou. Mas apesar de todo o meu receio tenho que admitir que estou com saudades da minha família. Ficar tanto tempo longe daqueles que amo foi difícil.

- você vai voltar? - minha mãe grita fazendo com que eu afaste o celular da orelha por um instante. - seu pai vai surtar!

- Não entendo o seu exagero. Nos vimos mês passado quando vieram me visitar. - digo divertida.

- Christopher, se você me encher o saco por mais um minuto sequer eu vou te mandar ir a merda.- ela cochicha para meu pai, que provavelmente deve ter chegado agora. - desculpe, vick.

- mande um beijo para o papai. - digo entre risos. A relação dos meus pais sempre foi cômica, eles vivem se alfinetando, mas se amam muito. - Mãe, eu não arranjei um hotel ainda, com toda essa bagunça de mudança eu só tive tempo de arrumar as malas, eu posso ficar aí por um tempo?

- vou fingir que não ouvi esta pergunta idiota. - Diz irritada. Ela vive se irritando por nada. Acho que foi exatamente isso que fez com que meu pai se apaixonasse por ela. Ele ama irritar as pessoas.- você vai vir para cá e vai me trazer uma pizza e um bom vinho, mocinha.

- ta bom. - respondo divertida. - Agora eu tenho que ir. Preciso arrumar o resto das minhas malas. Beijos, Mãe.

- beijos, Vitória. - antes de desligar ela cochicha novamente. - eu não vou dar beijo nenhum em seu nome, se quiser ligue você, Christopher. Você não muda mesmo, sempre sendo um babaca. Está bem! - ela respira fundo e diz. - seu pai te mandou um beijo.

- mande outro. - acabo não contendo o riso. - e mãe tenta pegar leve com ele.

- vou tentar. - responde encerrando a ligação em seguida.

- sua mãe deixou?

Ceci cochicha do outro lado do quarto. Quando me mudei decidi morar no alojamento da faculdade, seria uma experiência nova e com ela eu ganhei uma melhor amiga. Por outro lado também tive o ilustre prazer de conhecer Nádia. A garota é um verdadeiro desastre quando se trata de ter pelo menos o mínimo de caráter. Ela não perdia chance alguma de atacar Cecília ou a mim.

- eu posso dormir ou as princesas querem tagarelar por mais tempo? - pergunta em seu tom de voz naturalmente alto.

- Eu posso falar o quanto quiser. Se está tão incomodada compra um tampão e põe nos ouvidos. Ninguém é obrigado a aturar seu mau humor há essa hora da noite.

- você acha que é quem pra falar assim comigo? - ela se vira em minha direção- você não é ninguém.

- não vou perder meu tempo com você. -Digo e por fim dirijo minha atenção a Ceci que me olha aflita. - eu ainda não falei pra ela que você esta indo comigo.

- por que? - ela pergunta ofendida.

Quando conheci Cecília notei de cara que ela também era nova na cidade. Foi fácil sacar isso já que a mesma esta definitivamente mais perdida do que eu. Diferente de mim, ela não tem nenhum suporte de onde veio. Ela pouco me disse sobre sua vida e ao ver seu incomodo tentei ao máximo não invadir sua privacidade com perguntas idiotas. Mas vendo sua situação me vi obrigada a convidá-la para ir comigo. Seria provisório, afinal, não pretendia morar com meus pais para o resto da vida. Ainda sim, estava receosa e ela já havia notado minha preocupação há muito tempo. Cecilia morando comigo poderia vir a ser um grande problema.

- você está enrolando pra falar com seus pais pôr que não quer que eu vá. Eu entendo se me convidou só por educação. - ela diz visivelmente desapontada.- mas poderia ao menos ter me dito antes.

- Cecília, não é nada disso. - respiro fundo.- você é uma pessoa de extrema importância para mim e meus pais não teriam problemas em te receber. Mas não seriamos apenas eu, você e meus pais. Tem o meu irmão e eu já te falei sobre ele. Eu tenho medo de que ele te veja como mais um dos joguinhos dele.

- O problema é esse? - ela ri. - Vitoria, sei que temos três anos de idade de diferença e esses três anos te deu uma certa maturidade. Eu sei que sou mais nova, mas não vou deixar você me tratar como se eu fosse criança.

Realmente foi difícil me adaptar com uma criança em sala de aula, Cecília tinha apenas dezesseis anos quando a conheci e ver como ela era tão inteligente com tão pouca idade foi com certeza uma das experiências mais estranhas que já tive. Conviver com ela fez despertar em mim um lado super protetor, por diversas vezes a defendi. Especialmente da Nádia que tentava diminui-la a todo custo. Cecília foi crescendo ano após ano, tornando-se uma linda mulher. Nádia que antes a colocava pra baixo hoje se vê coagida por sua beleza. Ceci cresceu, ganhou corpo, cortou o cabelo que antes vivia preso em um rabo de cavalo. Hoje é uma das mulheres mais lindas que conheço.

- Ceci, pra sua idade eu diria que é madura até demais. Mas eu não confio no Diego. Ele é bom em manipular as pessoas. Tenho medo que caia no papo dele.

- Eu não vou ir pra cama com o seu irmão,Vitória. Você é muito exagerada, pelo amor.

Acabo não contendo o riso.

- ta bom. - digo exausta. - Mas fica o aviso de que meu irmão vai tentar algo e que ele é perverso.

Ela dá de ombros e se vira indo em direção ao banheiro visivelmente irritada.

- finalmente calaram a boca. - Nádia revira os olhos. - as vozes de vocês me irrita. Não via a hora de poder dormir em paz.

- Então dorme, aproveita e nem acorda. - resmungo impaciente.

Ela me olha assustada mas por fim volta a se deitar.

Naquela noite fui dormir com uma sensação entranha, algo dentro de mim me alertava de que talvez voltar pra casa fosse uma péssima ideia.

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