Capítulo 23| Ceci & Diego

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CAPÍTULO 23| SOMENTE UM DE NÓS ESTAVA PRONTO A SE JOGAR.

..CECÍLIA..

- por que você sempre vem aqui?

Não olhei para o lado, não foi necessário. Aquela voz já está impregnada na minha cabeça. Não só a voz, Diego se impregnou na minha cabeça por completo. Desde aquela noite eu não consegui o tirar da cabeça.

"eu não sei o nome, mas estou começando a gostar disso.. e de você também."

Quando isso foi acontecer?

Ele se aproximou e se sentou ao meu lado, balançando o velho balanço pra frente e pra trás. Eu continuei a olhar para o jardim tentando imaginar o que minha mãe diria no meu lugar.

Ela sempre foi boa em me dar dicas, quando eu gostava de algum garoto ela me ajudava no que falar. Mas ela não está aqui desta vez.

- ela adorava flores. - sorri ao lembra de como ela amava passar a tarde no jardim.

- ela quem?

- minha mãe. - olhei para o lado e vi que a reação dele foi um pouco de espanto. Eu nunca falei dela, não desse jeito. A única coisa que Diego sabe é que ela morreu. - Ela tinha um jardim enorme, quase tão grande quanto este.

- e o que aconteceu com ele?

Volto a olhar pra frente, minha garganta seca e os olhos repletos de lágrimas.

- morreu. - ergo a cabeça pra cima tentando inutilmente conter as lágrimas. Não quero chorar perto dele. Eu não quero ver nos olhos dele a mesma coisa que vejo nas outras pessoas. Eu não quero a pena de ninguém. - era a única parte que eu ainda tinha dela e simplesmente morreu.

- Gatinha, você está bem?

- Eu sei que essa não é a minha casa. Mas vir aqui neste jardim me trás paz, é como despertar uma pequena parte dela que ainda vive em mim. É como vê-la sorrir outra vez. E eu não sei o que você está pesando, mas não estou dizendo isso para que sinta pena de mim.. Eu só.. Eu sinto muita falta dela.

.. DIEGO..

Eu não sabia o que dizer, Ceci estava desmoronando na minha frente e eu não sabia o que falar para fazê-lá se sentir melhor. Eu não fiquei com o lado carinhoso da família, eu quase nunca sei como agir de maneira correta. Mas eu quero agora, eu quero que Cecília sinta que eu estou ao seu lado.

- eu nunca sentiria pena de você, Cecília. - envolvo seu corpo em um abraço. Ela tampava o rosto para que eu não pudesse vê-lá chorar mas isso é tão banal, eu nunca a julgaria por chorar na minha frente. - você é forte demais para que alguém sinta pena. Você só precisa enxergar isso e saber que mesmo que se sinta sozinha você ainda me tem. Eu gosto de você, Cecília. Me sinto bem ao seu lado pra falar sobre qualquer coisa.. Queria que você se sentisse assim também. Não quero que se esconda por medo de que eu te veja chorar.

Por um minuto achei que falei demais, mas quando suas mãos se afastaram do rosto e ela me olhou nos olhos eu vi que falei o que era preciso. Seus olhos estavam avermelhados, inchados.. Ela estava linda. Não por que estava chorando mas porque eu nunca a vi tão natural. Sem aquela pose de mandona, sem a selvageria. apenas a Cecília que sente falta dos pais, a verdadeira Cecília. E ela é linda.

Acariciei seus cabelos ainda com os olhos grudados aos seus, ela sorriu fraco e deixou-se deitar sobre meu peito.

- isso é novo pra mim. - digo.

- ver uma garota chorar feito louca? - murmura.

- não..- sorri divertido. - é novo pra mim querer ficar ao lado de uma garota até vê-lá parar de chorar.

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