capítulo 30|Rafael.

6.2K 614 140
                                    


CAPÍTULO 30| COMO SALVAR UM AMIGO?

- não pai, ainda não o encontramos. - respondo.

- como a Vitória está?

- não sei. - cochicho.- Estou preocupado com ela.

- vou ligar para a Polícia..

- Não! - minha voz sai como um grito. - Não chame a polícia ainda, conheço o Diego, a essa altura ele deve estar apenas sentado no fio de alguma calçada. Eu vou encontra-lo. Não se preocupe.

- como pode ter tanta certeza?

- por que já estive no lugar dele. - minha voz sai mais seca que o normal. Talvez meu pai tenha notado meu desconforto, não sei, mas sei que não quero estender o assunto. - ligue para a casa dos pais da Vitória, acho que o Christopher precisa de um amigo a essa hora.

- certo - disse por fim finalizando a ligação.

Já faz mais de uma hora desde que a mãe da Vitória ligou, desde então Vitória parece uma louca ligando para todos que poderiam ter visto Diego. Até me parece um plano bom, mas sempre gostei mais da prática. Pego o meu casaco e as chave do carro:

" Vamos a busca, Rafael."

Vitória nem mesmo notou quando passei pela porta. Apesar de não dizer era nítido que ela estava surtando, do jeito dela, claro.

No caminho aproveitei para pensar. Ao contrário do que todos acham, há poucos lugares para se procurar um alcoólatra, o primeiro claramente todos já sabem: o bar. Diego pode estar sentado de frente a um balcão de algum bar imundo, dependendo do seu estado neste momento ele pode estar no meio de uma briga, ou chorando.. bom, acho que conhecendo-o bem ele já deve ter feito os dois. Mas ele pode não estar em um bar, o que me leva a outra hipótese, uma um pouco mais complicada. Todos temos nossos lugares favoritos ou um lugar onde possamos nos esconder de tudo e de todos, um alcoólatra não escapa disso. Mas o único ruim disso é: Nunca contamos para ninguém.

" onde fica o seu refúgio, Diego?"

Comecei procurando em bares, ao que parece Diego é bastante popular neles. Mas ele não esteve em nenhum está noite. Enquanto procurava fiquei me perguntando inúmeras vezes o que o fez ter uma recaída. Conheço Diego, quase nunca ele cumpre uma promessa, ele ainda é o garoto rebelde e o vagabundo de sempre mas, ele parecia estar bem. Acredito que seja pela sua nova paixão, Cecília é mesmo uma garota incrível e não me admira que tenha fisgado aquele imbecil. Com tudo isso é difícil saber o que o levaria pra bebida novamente. Deve ter acontecido algo horrível, e pensar nisso me deixa ainda mais preocupado.

Estava tão disperso em meus pensamentos que quase não notei a moto estacionada de frente a um beco. Observei cada detalhe dela até que não tivesse mais dúvida de que aquela era a moto de Diego.

Estacionei o carro de frente a ela e segui até o beco. Estava escuro mas tenho quase certeza de que não era somente pelo anoitecer, aquele lugar era naturalmente sombrio. Não tive medo, não tive receio. Já estive em lugares assim antes, sabia exatamente o que iria encontrar. Pessoas ruins, pessoas tristes e pessoas como Diego, que apenas não sabem para onde ir.

- Diego? - me aproximo de um garoto de jaqueta preta. Ele estava de costas então não tive certeza se era ele ou não. - está me ouvindo?

- Rafael. - ele se vira e começa a rir. Seu hálito é de álcool puro mas não parece fresco, ele bebeu, mas já deve ter feito algum tempo. Ainda sim, parece estar bêbado pra caralho. - cara você não está ocupado demais transando com a minha irmã?

Back To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora