Capítulo 17| Vitória

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CAPÍTULO 17| NA NOSSA CONFUSÃO, ÉRAMOS A CURA.

– Chefinha?

Desvio minha atenção de todos aqueles papéis e olho para Hugo que está parado na batente da porta com os braços cruzados. Seus olhos estão avermelhados e ele parece cansado.

– o que houve? — pergunto.

–  Vitória Alencar, você é definitivamente a melhor chefe do mundo. Adoro a novela entre você e o gostosão. Bom, eu te adoro, mas..— ele me olha sério. – você me cansa!

– o que eu te fiz? — encosto a coluna na poltrona e olho para ele confusa.

– você está aqui vai fazer horas sendo que o seu horário de serviço já acabou. — ele relaxa os braços e caminha, ou melhor, desfila até mim. Seu olhar me parece fofo mas tenho a impressão de que ele está tentando soar irritado. – eu tenho que ir pra casa, chefinha. Essa carinha linda pode até ser natural mas exige pelo menos oito horas de sono!

Eu tento mas não consigo segurar o riso, ele me olha ofendido e eu me esforço pra parar de rir.

– você pode ir pra casa, Hugo. — pisco na sua direção.

– não precisa dizer duas vezes! — diz empolgado e em um pulo sai da minha sala com um sorriso de quem ganhou na loteria. Vejo-o arrumar suas coisas na sua bolsa de couro unilateral. Ele volta até a minha sala e me analisa por vários segundos até dizer:  – melhor chefe!

– sim, eu sou. — sorri.

Ele sai e vai em direção ao elevador. Eu por minha vez volto a analisar aqueles papéis todos. Preciso escolher  um caso e por motivos pessoais acho que vou pegar o caso de agressão doméstica. A verdade, é que o motivo para eu ter feito advocacia não foi pelo salário ou nenhum valor material. Depois do que eu sofri prometi a mim mesma que faria de tudo para prender covardes como o Isac, e salvar a vida de alguém como eu gostaria que tivesse acontecido comigo.

Eu estava lendo e estudando os fatos quando ouço um murmúrio, olho em volta, a sala do Rafael está vazia e a sua secretaria já havia ido embora. Cheguei a acreditar de que estava ouvindo coisas irreais mas ao tentar voltar a minha atenção aos papéis ouvi novamente uma voz estridente. Eu me levantei com cautela e fui até a porta, não havia ninguém no andar onde eu estava então não sabia de onde aquele barulho estava vindo.

Meu coração começou a bater mais forte que o normal mas mesmo assim fui atrás de saber de onde vinham aquelas vozes. Me concentrei bem e percebi que as vozes vinham do andar de cima. Senti meu estômago revirar e uma sensação extremamente agonizante se apossar do meu corpo, mesmo assim subi as escadas em direção aquelas vozes ainda distorcidas. Meu tio estava naquele andar e com medo ou não eu iria lá para ajuda-lo.

Degrau por degrau fui reconhecendo as vozes, uma era a do meu tio, a outra do meu pai e ao ficar de frente a sala  vi que ambos estavam de frente a um garoto, ele estava de costas mas não teria como confundi-lo.

"Diego"

– Você sabe o que você causou, Diego? — meu pai gritava andando de um lado para o outro. – porra, moleque, o que eu te ensinei? 

– Pai, eu...

– Você deixou sua irmã morrendo pra correr atrás daquele merda?(!) — ele para de frente ao Diego e nos seus olhos  vejo algo que passei anos torcendo para não ver novamente: decepção.

Eu nunca o tinha visto com esse olhar, até o dia em que apareci com o meu primeiro olho roxo.

" vou acabar com esse filho da puta. quem ele pensa que é pra te ferir?  e o que você acha que é pra aceitar isso, Vitória?"

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