Capítulo 15

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Skylar Winslet Point Of View - Dois meses depois.

Todo mundo fala da traição sobre a ótica da mulher sofrida e do cafajeste traidor. Ninguém se importa com a amante, também conhecida como desgraçada, vagabunda, rampeira, interesseira e destruidora de lares.

A realidade que se vê não é bem assim. Aliás, a realidade sempre contraria aquilo que gostaríamos que fosse o ideal.

“Escolhesse um homem solteiro!” Esse é o argumento que mais ouço, mas, se pudesse escolher ninguém optaria por uma relação confusa, caótica e cheia de perturbação. Mas o meu coração é um caldeirão de contrariedades e sequelas. E o que mais eu poderia fazer a não ser me render ao sentimento?

Mas há dois meses eu desisti, eu ainda estou machucada e não pude adiar nada disso. Tentar continuar aqui seria bobeira, pois lá no fundo, eu sabia que tudo continuaria igual, e apenas iríamos sofrer ainda mais, desnecessariamente. Às vezes o amor dura, mas às vezes, ele machuca em vez disso. E é o que aconteceu com a gente nesse relacionamento.

  - A última caixa -Adam entrou na casa e colocou a caixa no chão, suspirando- Até que essa casa é boazinha, não acha?

  - É, eu acho -Sorri-

  - Nós vamos ser muito felizes aqui, pode ter certeza. -Ele me abraçou pela cintura e me deu um breve beijo-

Se fica alguma dúvida sobre o que aconteceu, foi que simplismente eu resolvi sumir da vida de Justin Bieber, assim como ele fez diante os olhos das autoridades americanas. Até hoje fica a dúvida de que ele morreu na explosão juntamente com os funcionários da delegacia, ou se o próprio causou aquilo para fugir.

No primeiro mês as autoridades não ficaram quietas por um dia se quer, já no segundo, eles ficaram cientes de que Justin Bieber era como uma barata, rápido e estratégico, eles nunca o pegariam, jamais colocariam as mãos nele novamente, e por isso, resolveram desistir.

E era isso que me assustava, a polícia parou de procurá-lo, e ele parou de se esconder, isso significa que ele vai me procurar, talvez para pedir explicações, ou talvez eu esteja querendo isso, porque ainda me importo, porque ainda sinto.

[...]

- Pegou o salmão?

  - Peguei -Eu revirei os olhos pela milésima vez enquanto ouvia Adam perguntar se eu não havia esquecido de nada pro jantar-

  - Eu chego por volta das sete e meia, o Cedrick convocou uma reunião de última hora e.. -Ele bufou- Enfim, toma cuidado

  - Irei, até mais tarde. -Sorri sozinha encarando a lata de milho verde e quem me visse iria pensar que eu estava enlouquecendo-

Quando desliguei o celular, me dirigi até o caixa, a pequena mercearia não havia mais ninguém além de mim e da moça que recebia o dinheiro.

  - Boa noite -Ela disse simpática e eu respondi com um sorriso- Nova no bairro? -Perguntou enquanto passava as compras-

  - Sim, mudei á dois dias -Respondi-

Fomos interrompidas pelo barulho do sino na porta, que indicava a chegada de alguém.
O tumulto foi fora do normal, quando ao olhar pra entrada, eu congelei ao ver dois homens de preto com os rostos cobertos, atiraram nos quatro cantos da loja onde haviam as câmeras e eu ouvi a garota gritar assustada, enquanto eu não conseguia fazer nada. Eles vieram na nossa direção, me fazendo ficar estática sem reação.

  - Deita no chão -A voz abafada de um deles soou ali e ambos pareciam calmos, como se fizessem aquilo normalmente-

A moça saiu de trás do balcão e deitou, e quando eu fui fazer o mesmo, o outro me segurou forte pelo braço, me fazendo dar um sobressalto.

  - Você vem comigo.

Ele disse, e por mais que aquela voz saísse abafada e grossa por conta do capuz que ele tinha na cara, o tom rouco o entregou, e quando aquele mar de mel bateu contra meus olhos, minhas pernas vacilaram.

  - Eu não acredito nisso -Minha voz falhou-

Justin saiu me arrastando pela loja e entrou no depósito, me empurrando lá dentro e trancando a porta. Ele me empurrou com tanta força que eu caí por cima de várias caixas.

  - O que você está fazendo? -Eu gritei-

  - Eu quem pergunto, que merda você está fazendo! -Ele também gritou tirando o capuz, ele estava suado e com uma veia saltada na testa-

  - Eu não entrei em uma loja de conveniência e forjei um assalto -Eu falei irritada-

  - Foi a única forma que eu encontrei pra conversar com você sem ter aquele embuste do Adam no seu pé. -Ele falou, estava transtornado de ódio-

  - Fala o que você quer, Justin. -Eu disse baixando o tom de voz, ofegante-

  - Eu quero você de volta. -Ele foi direto- Você não podia ter sumido desse jeito logo no momento em que eu não poderia vir atrás de você, Skylar, você foi uma filha da puta comigo.

  - Se é pra medir um nível de filha da putisse, vamos medir -Eu falei- Você mentiu, quando prometeu pra mim que ia fazer de tudo pra darmos certo, você escondeu a gravidez da Audrey, por ser tão egoísta a ponto de só pensar em você mesmo. Me fala agora quem foi o mais filho da puta? -Bati com as duas mãos no seu peito o empurrando e destranquei a porta, saindo dali-

  - Eu não vou desistir! -Ele gritou vindo atrás de mim-

  - Desiste, me deixa ser feliz e segue  a sua vida, ou eu juro que te entrego pra Polícia. -Eu falei me virando pra ele-

  - Você não faria isso -Ele me desafiou-

  - Quer duvidar? -Eu perguntei cruzando os braços-

  - É, eu quero. -Ele me segurou pelos braços e me prensou contra uma prateleira, fazendo várias coisas caírem no chão- Sabe porquê eu não vou desistir? -Seus olhos dançavam entre minha boca e meus olhos, eu fiquei sem palavras- Porque eu amo você, Skylar Winslet  -Ele falou baixo- Eu amo você com todo o meu coração.

Eu fechei os olhos, me concentrando a não me render aos seus encantos mais uma vez.

  - Que merda você fez? -Ele gritou quando o tapa forte estalou na sua cara-

  - Desiste! -Eu gritei lhe empurrando-

Fui até o outro que estava rendendo a garota no chão e levantei seu capuz, vendo o Ryan, que estava assustado com aquilo.

  - E você toma vergonha também -Falei o empurrando-

  - Brincou com fogo! -Justin gritou pra mim, antes de colocar o capuz de volta e sair dali-

Eu suspirei pesadamente, sentindo algumas lágrimas pelo rosto, pode ter parecido fácil dispensá-lo, mas não foi, meu coração dizia o contrário da minha razão, mas eu não podia me render novamente, eu preciso me reerguer e Justin Bieber não me ajudaria nisso.

  - Você está bem? -Eu perguntei ajudando a garota a levantar-

  - Eu quem pergunto -Ela falou abismada- Você conhece aqueles caras?

  - Talvez eu conheça -Dei de ombros, limpando as lágrimas-

  - Você estava discutindo uma relação ou eu ouvi errado? -Ela perguntou e eu ri fraco-

  - É uma longa história -Dei de ombros-

  - Eles não levaram o dinheiro, mas eu preciso explicar as câmeras quebradas pro meu pai. -Ela suspirou-

  - Faça um bom proveito dos dólares -Sorri pegando minhas compras-

  - Você acha que devo fazer isso? -Mordeu o lábio inferior-

  - Vai em frente -Pisquei e ela sorriu-

Saí dali tremendo feito vara verde, quase não consegui colocar a chave do carro na ignição. O quão louco ele é para entrar numa loja só pra um "acerto de contas"?

Cheguei em casa e coloquei tudo no balcão da cozinha, na tentativa falha de fazer o jantar, acabei queimando tudo por pensar demais no acontecido, acabei me irritando e chorei, chorei de forma patética, chorei de saudades e de raiva por sentir tanta falta, chorei por amá-lo, e esse amor ser impossível.

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