Capítulo 02

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Passar o dia ouvindo aquela gravação estava me tirando a sanidade. Incrível a sua capacidade de deixar pessoas importantes no chinelo em sabedoria de vida. Ele tem vinte e três anos e sua experiência de vida é de um homem de oitenta. Procurei seu nome na internet e lá não havia absolutamente nada que o incriminasse, a não ser o homem bom que seu pai foi, apesar de ser um traficante, era respeitado por todos em Stratford, interior do Canadá. Jeremy Bieber era conhecido como O pai dos pobres, e lutou contra a desigualdade social nos anos noventa. Foi morto em 2 de Março de 2006, por agentes americanos, em Toronto. Ele tinha uma empresa de táxis, que servia como lavagem do dinheiro que ganhava com pó e armamentos pesados, e chegava a arrecadar Dois milhões de dólares por dia, sendo que a metade era distribuída aos pobres em forma de cestas básicas e água potável.

Me concentrei tanto na "boa ação" de Jeremy, que perdi totalmente a hora do jantar que havia marcado com Nate, e quando olhei no relógio após dispertar com o toque frenético da campainha, vi que eram 23:45 da noite.

- Nós marcamos para as oito, Skylar! -Nate mal me deixou abrir a porta para entrar no meu apartamento como um furacão-

- Me desculpe.. eu estava trabalhando e.. -Passei as mãos nos olhos, suspirando-

- Eu deveria ter me acostumado -Ele disse claramente decepcionado, e sentou-se no sofá-

- Nate.. eu tive um dia difícil. -Sentei ao seu lado-

- Deveria ter dito: Nataniel eu não quero sair com você hoje porque tive um dia difícil. -Ele falou- O que custava Skylar? Eu fiquei plantado no Pub durante horas.

- Eu já pedi desculpas, o que quer que eu faça? -Levantei brava-

- Me convença de que teve motivos o suficiente para deixar um gatão como eu dispensando várias mulheres bonitas porque sabia que você iria ficar de cara amarrada se fosse trocada por alguém -Ele disse em tom galanteador e eu gargalhei-

- Tive uma entrevista difícil -Dei de ombros-

- Difícil como? -Arqueou uma sobrancelha-

- Do tipo da mais constrangedora da minha vida.

- Então precisa de uma massagem -Ele esfregou as mãos e eu sorri-

- Você é o melhor amigo do mundo, sabia? -Disse me sentando no sofá e ele ficou atrás de mim-

- É, eu sabia -Ele falou e eu revirei os olhos-

Nate e eu nos conhecemos no colegial, ele era Intercambista do Brasil e ficou na minha casa, éramos sua Host Family. Quando seu intercâmbio acabou, ele conseguiu se mudar pra cá e então fizemos faculdade juntos e hoje ele trabalha como advogado em um escritório famoso. É três anos mais velho que eu, e três vezes mais bem sucedido, quero chegar aos 26 como ele.

Pedimos comida japonesa e jantamos juntos, precisei lhe contar sobre a entrevista constrangedora com o jovem prodígio do tráfico e ele achou certo eu manter em segredo tudo que foi dito ali. Aquelas palavras causariam fúria na sociedade, e um futuro promissor deixaria de acontecer, por mais que vinhesse de uma mente sociopata e suja.

Nate se despediu às duas da manhã, e depois de um banho, resolvi ir para o meu quarto, e tentar dormir para esquecer o dia cansativo, mas ao dormir, sonhei com ele.
Talvez eu estivesse tão impressionada e encantada com seus olhos que eles foram acabar dentro do meu sonho, ligados à hora mais tranquila da minha mente. Deus.. Ele é um bandido.

Acordei com um forte impulso, que me fez sentar na cama com a respiração descontrolada, os cabelos grudados na testa e o estômago dando mil pulos.

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