Skylar Winslet Point Of View
Bati a porta com toda a minha força do mundo quando vi Justin e os outros se distanciarem da minha casa, eu sentia o ódio me corroer e ao mesmo tempo uma mágoa incurável. Estava cansada de viver insegura, ao saber que em qualquer hora poderia ter minha casa invadida por bandidos, e até ser morta, ou Adam mesmo, nesse momento eu era grata apenas por ele estar viajando e não ter que presenciar essa invasão. Quebrei o que pude naquela sala, até cansar, até quase não ter mais garganta e lágrimas.
(...)
Chorei dois dias seguidos, não um desses choros mansos que caem gota a gota no travesseiro sem causar muito estrago, mas um daqueles choros doídos que fazem o nosso corpo se retorcer na cama de tanta dor. Um choro vomitado com força de dentro da alma. Durante essas 48 horas eu senti cada pedacinho de mim queimar feito papel em brasa e achei, por diversas vezes, que não iria suportar. Mais uma vez não. Enquanto as lágrimas rolavam com brutalidade no meu rosto, eu me perguntava como é que tinha me permitido cair de novo daquele jeito.
Eu não lutei contra o meu desejo de despejar um oceano pelos olhos, nem tentei engolir os gritos que beiravam os meus lábios. Eu não tentei evitar aquele show patético, nem reprimi a minha vontade de lembrar cada segundo vivido ao lado dele. Eu não me segurei, nem me coagi, nem tentei fingir que estava tudo bem. Não tava. E eu não ia agir como se estivesse.
No fundo, no fundo, eu sabia que nada do que nós fizéssemos adiantaria pra salvar a nossa história, e eu estava cansada de tentar. Eu fiz de tudo antes de pular fora do barco e deixar que ele afundasse sozinho. Mas eu precisava sentir, sabe? Eu precisava sentir e viver o nosso ponto final, é que as vezes deixar doer é tudo o que se pode fazer. Ou eu expulsava aquilo de dentro mim ou aquilo iria me colocar pra fora mais dia ou menos dia. A gente só tira uma coisa de dentro de nós quando nos damos a chance de vive-la. Eu vivi. Deixei esses dias passarem em câmera lenta sem tentar controlar nenhum dos extintos que afloraram. Arranquei cabelo, roí unha, joguei fora os presentes, rasguei as nossas fotos e chorei. Chorei muito. Chorei até secar e adormecer em cima das minhas lágrimas. Chorei até acordar com os olhos secos e o coração vazio. A verdade é que a gente tem de sentir o nosso luto se quer fazer com que ele sare, a gente tem que encarar a nossa dor se quer fazer ela passar. Jogar pra baixo do tapete não faz sumir. Deixar de lado não cura. Eu precisei fazer papel de trouxa, chorar igual mocinha de cinema. O mundo não acaba quando um romance chega ao fim, mas a gente só descobre isso quando deixa tudo morrer junto com ele pra poder renascer livre pra uma nova história. Eu permiti que a dor morresse enquanto engolia o fato de termos morrido também e no terceiro dia eu já estava pronta pra recomeçar sem tê-lo comigo. E eu recomecei.- Prefiro que sejam rosas brancas -Nate disse enquanto escolhíamos as flores para a decoração do casamento-
- Tem certeza? -Perguntei-
- Tenho, Sky, aposto que o Adam nem vai reparar nas flores com um mulherão desses na frente dele. -Ele disse me fazendo rir fraco-
- Não vejo a hora dele voltar pra casa, Nate, me sinto tão sozinha -Suspirei-
- Vai pegar uma depressão assim, sabe que não pode parar sua vida por causa de uma pessoa que está arrasando sem você.
- Eu sei, eu já superei e não quero falar nisso.
- Ótimo, então vamos ficar com as brancas? -Ele perguntou e eu assenti-
Quando voltou de uma viagem de trabalho, Adam e eu marcamos nosso casamento para daqui à dois meses, e dessa vez eu não iria apenas falar, eu iria realmente seguir a minha vida e esquecer qualquer vestígio do passado. Posso aprender à amá-lo, podemos viver uma vida normal e construirmos nossa família.
Era época de festas de fim de ano, nosso casamento seria no começo de fevereiro, em Michigan. Aproveitamos o recesso do trabalho no fim de ano e resolvemos juntar com nossas férias para o casamento e lua de mel. Ou seja, só voltaríamos para Denver oficialmente marido e mulher.
- Você vai mesmo passar o Natal com a gente, não vai? -Perguntei pra Nate-
- Claro, eu só queria te pedir uma coisinha..
- Sempre tem que existir uma coisinha -Eu falei revirando os olhos-
- O Chaz pode ir comigo? Você sabe que a família dele eram os Bieber, e depois do que aconteceu ele está sozinho.. -Ele falou-
- O Charlie me odeia! -Eu falei-
- Ele não te odeia, ele só tinha ciúmes do Justin. -Ele falou e meu coração tremeu ao ouvir aquele nome, mesmo sendo dito de forma espontânea- Ah Sky, já se passou um mês que você nem tem notícias daquele cara, e não foi você quem disse que iria deixar o passado pra trás?
- Realmente um mês é muito tempo! -Eu ironizei e ele gargalhou, me empurrando devagar- Quando Justin se casou com a Audrey eu não o vi por cinco meses, foram os melhores cinco meses da minha vida.
- Continue assim, ele não vale nada. -Nate disse- E aí, vai me deixar levar o Chaz pra Michigan?
- Ele é tão ranzinza que aposto que nem vai querer ir. -Eu disse-
- Eu já falei com ele, e ele aceitou, só falta você liberar -Ele passou o braço em volta do meu ombro-
- Armou tudo pra depois me avisar, que desgraçado! -Eu disse rindo- Tudo bem, leva o seu amor, talvez com a minha família ele fique menos amargo
- Eu vou te jogar no lago se você falar mal do Chaz. -Ele disse me fazendo rir alto-
Nate me deixou em casa e eu aproveitei para fazer a lista de convidados pro casamento. Belinda e Ernest estavam me ajudando com tudo, além da equipe do Buffet.
- Oi meu amor -Adam disse entrando em casa e tirou o casaco-
- Oi, por que voltou cedo? -Eu perguntei, eram só três da tarde-
- Prometi te ajudar a arrumar nossas malas, esqueceu? -Ele disse me dando um selinho e sentou do meu lado-
- Adam.. Eu estive pensando -Eu disse me aconchegando nos seus braços e pousei a cabeça no seu peito- Eu sei que não foi fácil conseguir transferir seu trabalho da Inglaterra pra cá, mas.. -Ele me interrompeu-
- Você quer se mudar? -Ele perguntou-
- Como sabe?
- Eu só sei.. e eu também acho que deveríamos fazer isso, Denver já deu pra nós. -Ele falou acariciando meu rosto-
- Então concorda comigo? -Eu perguntei-
- Sem dúvida alguma, temos passe livre para qualquer lugar do planeta, iremos conseguir um emprego rápido. -Ele sorriu- Colocaremos essa casa à venda e compramos outra assim que chegarmos em Michigan, perto dos seus pais de preferência.
- Obrigada meu amor, por ser tão compreensivo. -Selei seus lábios-
- Meu objetivo é somente ser feliz com você Sky, pra sempre. -Ele disse beijando minha testa e eu sorri-
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DEALERS
Fanfiction"Estamos todos no inferno, não há solução, pois não conhecemos nem o problema" Skylar Winslet, uma repórter investigativa recém-formada acaba se envolvendo com um narcotraficante, chefe de uma grande produção de cocaína na cidade de Denver, no Color...