Capítulo 43 - Second season

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Alguns dias nada faz sentido, não me lembro de ações anteriores, não meço meus atos posteriores, me perco no relógio. Alguns dias eu queria apenas algumas horas a menos, dormir e acordar sem compromissos, planejamentos ou regras a seguir. Em alguns desses dias, o mar é meu  refúgio, imagino-me prostrada sobre a areia fina, observando o céu, as constelações, dando nome a todas elas, uma por uma. 
Em outros desses dias, sinto minha garganta queimar, meus pulsos arderem e meu peito doer, cada vez mais forte, cada vez por mais tempo, e assim o tempo passa. Algumas vezes uma pintura, uns escritos, são o bastante pra me definir. Algumas vezes, me encontro em meio a um punhado de lágrimas e soluços ritmados com meu coração. Algumas vezes, para ser sincera, não vejo em mim muito mais que uma pilha de pincéis, palavras e livros lidos, ao se tirar isso, não sobra muito de mim. 
Sou fraca, você me disse uma vez, lembra? Eu concordei, mas acho que essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora. Sou fraca com relação a você e ao mundo. Sou fraca por não conseguir lidar com minhas emoções, principalmente quando se trata de você.

       Justin Bieber - Ponto de vista

— Ficou maluco? Você não pode descer lá, está muito escuro — Travis me segurou quando pulei a barreira que separava o asfalto daquele precipício.

— É a minha mulher que está lá — Eu gritei, correndo entre arbustos espinhosos, me preocupando somente em tirá-la dali.

O carro estava de cabeça pra baixo, eu não fazia idéia de como havia acontecido aquele acidente, nem queria saber, só precisava da Skylar viva, comigo.
Quando me aproximei do carro pude sentir um cheiro forte de gasolina, e sabia que não iria demorar para que fosse aos ares. A fumaça e a escuridão dificultava minha visão mas ao me aproximar, eu dei de cara com Blair, seu corpo estava retorcido, seu pescoço aparentemente quebrado e seus olhos encontravam-se abertos e esbugalhados, me encarando fixamente. Dei a volta e encontrei Skylar, com metade do corpo para fora do carro, ela estava de barriga para baixo, desacordada.

— Alguém chama um médico! — Eu gritei para os que estavam lá em cima — Skylar, fala comigo.

Não obter resposta alguma aos meus chamados era angustiante, aquela noite parecia um pesadelo sem fim e o nó formado em minha garganta tirava o meu ar. A parte traseira do carro começou a pegar fogo e eu não devia, mas a tirei dali nos braços mesmo sem conseguir enxergar um palmo na frente do nariz, ouvi um estrondo forte e um impacto que fez meu corpo sair do lugar, olhei para trás vendo a explosão e protegi Skylar com o meu corpo, para que nada mais a atingisse, vi os outros descerem correndo enquanto eu perdia minhas forças, o medo que sentia de perdê-la era descomunal, o que eu mais queria era que tudo aquilo tivesse um fim e finalmente fôssemos felizes, mas à cada acontecimento isso parecia mais distante e impossível.

— Justin o que está fazendo aqui? É proibido — Jazmyn falou ao entrar na uti.

Eu somente à olhei, não consegui responder, e sua expressão mudou para uma de profunda tristeza.

— Quanto tempo mais terei que esperar? — Perguntei, e vi seus olhos marejarem.

— O doutor Rosenfeld deu somente essa noite para confirmar a morte cerebral — Jazmyn falou, sem me olhar — Eu acabei de receber o resultado dos exames que fizemos quando Skylar deu entrada no hospital — Ela olhava para alguns papéis em suas mãos — E eu creio que não sabiam, nem ela mesma — Balançou a cabeça.

— O quê? — Perguntei, confuso.

— Ela estava grávida, Justin, vocês iam ter um bebê — Jazzy falou enquanto eu sentia minhas pernas ficarem dormentes com aquela notícia.

— Do que está falando? Como assim? Não pode ser verdade — Eu balancei a cabeça.

— Eu também não pude acreditar quando vi, mas é a verdade, Justin, não sei ao certo de quanto tempo ela estava, mas isso explica o sangramento que vimos quando fomos atendê-la.

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