DEALERS

O Negócio da Família // Capítulo 99.

Ontário, Canadá
23 de Novembro - 11 anos mais tarde

Ponto de vista de Clary Bieber

Há quem diga que a família deve ser a base para uma adolescência fácil e tranquila, os adolescentes são tratados como monstrinhos problemáticos rebeldes e absolutamente todas as atitudes são justificadas com "isso é hormônio" ou "eu já tive a sua idade e sei que isso é tempestade em copo d'água".
Mas o que ninguém fala, é sobre a barra que um adolescente precisa encarar para não surtar em uma família um tanto quanto anormal.

Bufei quando ouvi meu despertador tocar e tudo que mais queria era que ele explodisse por tocar um som tão insuportável. Olhei no visor do celular e nem saber que era sexta-feira me animou naquele começo de inverno, odeio esse clima e minha terapeuta informou ser um trauma de infância o qual não pretendo me lembrar agora, mas com a família que eu tenho, não deve ser algo normal.
Tomei banho ouvindo alguma música dos tempos de juventude dos meus pais e detesto admitir que aquela foi a melhor época da indústria musical, desde então não compuseram letras tão boas quanto.

— Clary, vai se atrasar, eu e seu pai queremos tomar café com vocês antes de viajarmos — Ouvi a voz da minha mãe dentro do meu quarto e logo os barulhos dos seus saltos se aproximaram do closet — Não tinha uma roupa mais curta? Tem muito tecido aí pra esse começo de inverno — Ela foi irônica colocando as mãos na cintura e eu revirei os olhos.

— Eu posso andar pelada que eu sei que ninguém vai se atrever a ser engraçadinho pra Clary Bieber — Falei dando de ombros e ela cerrou os olhos.

— Fala isso pro seu pai — Minha mãe rebateu e eu suspirei — Quero fazer um pedido á você — Ela segurou nas minhas mãos — Nada de passeio hoje, tudo bem?

— Algum motivo em especial? — Perguntei, pois ela sempre deixou que eu saísse com meus amigos quando eles estivessem fora, já não podia trazer ninguém aqui.

— Pra sua segurança e dos seus irmãos, as coisas não andam fáceis ultimamente — E ela realmente estava preocupada.

— Tudo bem — Assenti e ela sorriu.

— E vê se muda essa roupa — Disse dando as costas e deixando o quarto.

Precisei vestir algo mais comportado, uma vez que meu pai resmungaria por horas se me visse com uma mini saia e uma regata, ele acha que não sei que o passado dele com mulheres o condena o suficiente para se sentir inseguro com cada passo meu.

— Pra onde vocês vão hoje? — Henry perguntou para os meus pais quando me sentei á mesa.

— Qatar, eu detesto aquele lugar mas é impossível adiar mais uma vez essa reunião — Minha mãe disse relaxando os ombros.

— Ela odeia porque os locais me oferecem camelos em troca dela — Meu pai disse risonho e eu dei risada quando minha mãe estapeou seu ombro.

— É um país tão evoluído tecnologicamente mas ao mesmo tempo tão antigo em questões religiosas, é cruel o que acontece com quem inflige as regras da religião — Minha mãe disse balançando a cabeça.

— No cartel de Stratford também não é assim? — Comentei e meus pais me olharam com os olhos levemente arregalados.

— De onde você tirou isso? — Meu pai perguntou surpreso — Não precisa dizer, eu vou dar um corretivo naquele moleque do Dylan, a Aysha e o Peter dão muita liberdade pra ele nos nossos negócios, olha só no que dá.