XXIII. A transformação de uma má noite

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Joana

-Diz! Agora que começaste vais ter de acabar!- insisto com Liliana de uma forma impaciente.

-Shh, fala baixo. Eu não devia de te contar… Não era eu que devia de dizer, mas irrita-me o facto de não saberes de nada.- fala a rapariga com um pouco de nervosismo, provavelmente a pensar nas consequências que trará se decidir contar.

-É sobre ti?- pergunto com esperanças.

-Não… É, é sobre a minha mãe… e o teu pai.- a sua voz foi proclamada um tanto baixo.

Foi então que percebi o que ela me quis dizer. Os sinais estavam mesmo à minha frente e eu nunca reparei… ou não queria reparar. Simplesmente acho esta novidade um pouco esquisita e apercebo-me o quanto desapontada estou com o meu pai.

-Já percebi… Quando é que eles te contaram?

-Na semana passada. Só foi a minha mãe que me contou, mas com certeza que o teu pai já deve saber que eu tenho conhecimento. Acho que muitas pessoas já sabem, só a ti é que não te contaram. Para dizer a verdade, acho isso muito errado.- finaliza Liliana, seriamente. Dou-lhe razão por tudo o que ela disse.

-Quero saber até que ponto o meu pai me vai esconder isto.

-E quando ele te disser não podes mencionar que eu já te tinha dito. Finge que não sabes, por favor.- a rapariga que estava sentada ao meu lado, levanta-se.

-Claro que sim. Não te preocupes.- olho para a janela. Louis estava lá a sorrir.

-Podes acompanhar-me ao meu quarto?- pergunta Liliana.

-Sim. Espera… O quê? Para quê?

-Está toda a gente a dormir, ou seja, não há luz. Tenho medo.

-Ah… Isso. És tão ridícula!- protesto.

Acompanho Liliana ao seu quarto. Teríamos de andar em silêncio, já era tarde e, provavelmente, toda a gente está a dormir. Não consigo deixar de pensar naquilo que Liliana me contou. Sinto uma revolta no meu interior. A grande vontade que tenho é dizer ao meu pai que sei de tudo, que não devia de me ter ocultado nada.

Volto para o meu quarto e abro a janela com bastante cuidado, pois Louis estava a fazer-me sinal para conversar. Por um lado não queria falar, por outro ele podia desconfiar de alguma coisa. Sempre que podíamos conversávamos e apreciávamos a companhia um do outro, cada um na sua janela. Achava isso engraçado, mas hoje não.

Louis estava só de calças de pijama, como sempre. Ao analisar a sua cara parecia mais animado que o normal. Deduzo que Liam e Niall tenham aceitado a sua proposta.

-Gosto do teu pijama- exclama Louis, apontando para a minha camisola, nessa mesma estava um desenho animado estampado na frente. Todo o meu pijama era cinzento e quente. Limito-me a forçar um sorriso.

-Como foi a tua tarde?- pergunto de uma forma serena, apesar de estar irritada interiormente.

-Ah, eu não te vou dizer nada. Boa tentativa.

-Como queiras.

-Que se passa?- pergunta Louis.

Observo o seu rosto. Já não tinha o seu sorriso, estava sério.

-Nada. Que raio de pergunta.- sorrio novamente de forma a ser convincente.

-Sorrisos falsos, não demonstras qualquer expressão facial. Diria que estás a leste daqui.

-Se eu estou a dizer que não se passa nada, então não se passa nada.- exclamo um tanto irritada. Noto que falei alto.

-Fala baixo, queres acordar toda a gente?! Só estás a confirmar o que eu acho.- limito-me a suspirar.- E que tal irmos dar uma volta?

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