XXXVII. Uma simples crise amorosa

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Joana

Já estava a ficar tarde por isso eu e Harry decidimos que era melhor irmos para casa, pois apanhar um autocarro ainda pode levar algum tempo.

No momento em que passamos por um banco público eu vi Louis. Sozinho, e com uma garrafa, permanecia sentado de cabeça cabisbaixa. A bebida parecia-me álcool e eu confirmei isso quando Lou se tentou levantar e cambaleou, sentando-se novamente no banco frio e molhado.

-Harry, o Louis está ali.- anuncio.

Tenho a certeza que a razão de ele estar assim é por causa da Trish, Louis descobriu e o que eu mais temia aconteceu.

Harry caminhou em direcção ao seu amigo e eu acompanhei-o. Obviamente, ambos estamos preocupados com ele. Embora eu tenha dito que não me iria importar com ele, a verdade é que ao longo dos tempos isso está a tornar-se cada vez mais impossível. Eu também o considero como meu amigo, apesar de tudo o que fez.

-Lou…- chamou Harry.

Louis olhou para nós e aí eu pude ver os seus olhos repletos de lágrimas. Como ele pode gostar tanto daquela rapariga em tão curto espaço de tempo?! Ironicamente, Louis reproduziu tantas gargalhadas que até me interroguei se ele estava realmente a brincar com esta situação. Depois caí em mim. O rapaz que eu tanto estimo está devastado, bêbado e é doloroso vê-lo assim. Não percebo o porquê de ter sido tão descuidado ao ponto de se deixar levar tanto por uma pessoa… Será que isso acontece à maioria das pessoas que se apaixonam?

-Têm de me explicar o truque… Vocês estão certos em tudo! Ou então devem andar a fazer feitiços para que eu seja uma pessoa que tem de viver sozinha até ao resto dos seus dias.

Eu e Harry entreolhamo-nos. Como posso consolar uma pessoa que está amorosamente afetada? Nunca fui boa a consolar pessoas... Mas posso tentar. Ajoelhei-me em frente a Louis de forma a ficar ainda mais baixa que ele.

-Louis, nós gostamos muito de ti. Nunca foi minha intenção magoar-te...

Eu bem tento olhar nos seus olhos, mas Louis não me deixa. O rapaz tenta olhar para outro lado a fim de esconder a sua tristeza.

-Eu só quero estar sozinho...

-Não te vamos deixar assim nesse estado. Tens de ir para casa, Louis.- disse Harry.- O tempo irá curar tudo o que estás a sentir agora…

-Eu é que decido o que faço. Não és tu!

Louis olhou para Harry e bebeu um gole do que ainda restava do conteúdo da garrafa. Com um movimento brusco que eu não estava à espera, Harry tira a garrafa das mãos de Louis.

-O álcool não vai fazer com que esqueças dos teus problemas!- pronuncia o rapaz de cabelo encaracolado com uma voz firme.

-Dá-me isso Harry!- ordenou Louis com total desespero na sua voz.

Harry manteve-se firme e com uma expressão séria. O olhar de Louis era de raiva, os seus olhos azuis brilhantes tinham-se transformado num tom escuro de melancolia.

-Dá-me essa porcaria!

Louis levanta-se numa forma bastante bruta, quase nem me deu tempo para me afastar.

-Não te aviso mais para me devolveres isso.

-Ótimo!- disse Harry.

De repente Louis começa a tentar bater em Harry. Este por sua vez tentava não o magoar e esquivava-se. Os movimentos do rapaz de olhos azuis estavam bastante incertos, no entanto, a força que aplicava já não era tão incerta. Ele está zangado e com raiva de tudo o que aconteceu, mas isso não dá o direito de magoar quem o está a tentar ajudar. Eu levanto-me.

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