Confias em Mim para Amar?

XIV. Fim do trabalho

 Joana

Durante o resto do trabalho, sentia os olhos de Harry e Louis pousados em mim. Como se eu quisesse saber disso… Eles assistiram à minha discussão com a Vanessa, e apesar de termos falado em português é muito provável que saibam que aquela conversa não foi propriamente feliz.

Quando entregamos o nosso relatório, sentei-me num banco que tinha em frente à tenda. Coloquei os meus cotovelos nas pernas e apoiei a cabeça com as minhas duas mãos.

Eu preciso que a Vanessa compreenda que não fiz aquilo por mal. Quando tivemos aquela conversa, ela fez-me sentir como se fosse a pior pessoa e amiga que já alguma vez ela conheceu. E se eu sou assim uma pessoa tão má, então ela tem razão, eu não mereço a sua amizade.

Suspiro. É nestas alturas que sinto saudades de Portugal… Há pouco mais de um mês que estou aqui e já magoei pessoas. Tiro o telemóvel do meu bolso com o objectivo de ver uma foto que tinha tirado com Afonso. Ambos sorríamos como se fossemos as pessoas mais felizes em todo o mundo, tinha sido Marta a tirar a tal fotografia. Contemplo por mais uns minutos.

-Posso sentar-me à tua beira?

Estava tão absorta dos meus pensamentos que me assustei de tal maneira ao ponto de deixar cair o telemóvel. Olho para o lado e lá estava Harry a dirigir-se para o meu telemóvel com o objectivo de o apanhar.

-Deixa! Eu apanho!- levantei-me o mais rapidamente possível, mas tarde demais, já ele tinha apanhado e agora olhava para a fotografia que preenchia o ecrã.

Sentei-me novamente, estava a comprimir os lábios com bastante força o que não deixou de doer um pouco. Tirar-lhe o telemóvel das mãos não iria resolver nada, por isso esperei para que ele mo devolvesse. Harry parecia ter adoptado uma expressão de intriga, é muito provável que me pergunte algo sobre Afonso.

-Estamos livres o resto da tarde. Vais ficar aqui sentada sem fazer nada?

Devolve-me o telemóvel e senta-se à minha beira no chão, mas eu continuei no banco. Espanta-me o facto de não ter perguntado nada acerca da imagem que viu. Então, relembro-me que para mim ele é uma espécie de enigma, onde não conseguirei saber o que vai na sua cabeça. Talvez o tempo seja a chave para desvendá-lo.

-Sim, vou ficar aqui. Não iria ser uma boa companhia se estivesse com vocês…

-Então, se não te importares eu também vou ficar aqui. Não te preocupes, não incomodarei, nem falarei. A não ser que o queiras fazer, claro.- Harry sorri.

-Mas que parvoíce! Onde é que os outros estão?

-Estão todos na ribeira, excepto o Zayn e a Vanessa, esses não sei onde se meteram.

-Hum…

É provável que aqueles dois estejam a falar, só espero que Zayn não piore as coisas. Seguiu-se um silêncio por alguns minutos.

-Acho que cometi um grande erro…- acabei por dizer. Suspiro.

-Errar é humano, mas que erro cometeste?

-Contei uma coisa que era suposto não ter contado… Mas eu não tive outra opção, o problema é que a Vanessa não compreende!- tenho a certeza que ele sabe a que pessoa me estou a referir, por isso mais vale nem ocultar.

-Se ela for realmente tua amiga vai-te perdoar…

-As coisas não são assim tão simples, se soubesses de tudo nunca falarias assim…

Observo Harry de relance, que por sinal olhava para uma rapariga muito atribulada devo admitir, mas fiquei irritada pelo facto de estar a falar de uma situação sensível e ele não prestar atenção nenhuma.