LIX. Investimento Afundado

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Harry

-Joana...- fixo o meu olhar no seu. Eu nem sei devo dizer alguma coisa. Estou um pouco desorientado porque se ela não parou até agora então significa que talvez queira, mas se questioná-la tenho a certeza que vai ficar indecisa.

Joana expira pesadamente e deixa cair os seus braços na cama. Eu noto nos seus olhos que há uma guerra interior, no entanto, para mim está a tornar-se difícil, principalmente, porque sou sempre eu interromper o clima visto que tenho receio que ela se arrependa...

Decido mudar de posição e deitar-me ao lado dela com a cabeça apoiada num dos meus braços.

-Dá para me ver livre do meu lado racional? Neste momento, tem atrapalhado imenso e está a ser estupidamente ineficiente.- comenta. Apesar da minha oculta frustração, sorrio com tal afirmação.

-E o facto de falares na palavra "racional" e "eficiência" na mesma frase ainda mais grave é. Estás a afundar-te na tua racionalidade.- gozo.

-Estou a falar a sério! É frustrante...

-Nunca falamos sobre isto, mas eu não quero que te sintas pressionada com este assunto. Por isso, se achares que devo parar diz-me.- sorrio.- É provável que seja menos frustrante do que ser eu a parar sempre porque... não é isso que eu quero.

Joana senta-se com as pernas cruzadas e uma expressão reflexiva. Eu limito-me a observá-la sem dizer nada. Não faço ideia do que está a pensar, por isso prefiro esperar que ela diga alguma coisa. Joana mexe no seu cabelo, o que significa que está nervosa.

-Nem sequer me ocorre interromper... Muito pelo contrário...- afirma, focando o seu olhar numa das pontas do seu cabelo

Eu nem sequer sei o que sinto ao ouvir o que ela acabou de dizer... Se nos encontrássemos há uns meses atrás tenho a certeza que ela não afirmaria isto e deixaria este pensamento só para si, mas agora é diferente. Claro que sabia que o seu corpo reage quando me aproximo dela ou a toco, mas sinto-me diferente pelo facto de me ter dito.

-Sabes, tenho ainda mais vontade de me meter num buraco quando ficas aí parado, sem dizer nada e com cara de idiota.- Joana suspira e volta para a defensiva quando decide optar por um tom rude. Só tenho vontade de rir, mas não posso fazê-lo senão vai sentir-se pior.

A rapariga à minha frente prepara-se para sair da cama mas eu puxo-a para cima de mim. No entanto, recusa-se a que o seu corpo toque no meu quando decide suportar-se com os seus braços contra a cama.

-Oh, Joana... Eu não sei o que dizer, é só isso.

-Eu não quero saber, só tinhas de dizer alguma coisa! Parvo...- revira os olhos e tenta afastar-se novamente mas eu agarro a sua cintura com um dos meus braços.- Importas-te de me largar?

-Apenas apanhaste-me desprevenido. Sabia lá que irias dizer uma coisa dessas...- sorrio.

-Porquê? Praticamente, já sabias. Muitas das vezes, provocas-me!

Rio-me.

-Porquê? Porque és a Joana!!! E tu também me provocas...- arqueio a sobrancelha. Joana expira pesadamente de insatisfação.- Raparigas...

Bate-me no braço.

-Não me generalizes, Harold!

Harold... Está chateada mas não suficientemente chateada, senão estaria a chamar-me Harry.

Sento-me e entrelaço a minha mão na sua.

-Olha para mim...- toco na sua face e acaricio-a com o meu polegar- Eu sou teu namorado e, como tal, só quero que te sintas bem. Espero o tempo que for preciso por ti. Quando digo isto, não me estou a referir apenas em relação a este assunto. Seja de que maneira for, eu vou estar sempre ao teu lado.

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⏰ Última atualização: Mar 29, 2018 ⏰

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