XXXIV. Arriscar pela primeira vez

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Joana

"Hey! Sai de casa, estou à tua espera!"

Envio a mensagem. Estou desejosa por, finalmente, reencontrar-me com Afonso. Falar pelo skype não é tão satisfatório do que vê-lo pessoalmente.

Espero que ele esteja disponível para dar um passeio comigo, assim como Marta, pois eu não lhes disse que vinha passar o Natal em Portugal, ou seja, isto é tudo inesperado para eles.

A porta abre e, por fim, vejo Afonso a vestir um casaco de malha com alguma atrapalhação. Aproximo-me dele e dou-lhe um abraço.

-Porque não me disseste que vinhas cá?

-Queria que fosse uma surpresa. Ainda não falei com a Marta, vou a casa dela agora mesmo. Vens comigo?- falo de uma forma mais doce para o conseguir convencer.

-Não precisas de usar os teus truques para me convenceres porque eu quero estar contigo. Já não nos vemos há meses Joaninha.

Sorrio ao ouvir o diminutivo do meu nome, apesar de nunca ter gostado que ele me chamasse assim já sentia saudades.

Caminhamos durante um longo tempo até a casa da Marta. Estou ansiosa por rever a rapariga mais energética e louca que eu conheço. Em certos aspectos considero que ela é a versão feminina de Louis.

-Já não falamos há algum tempo... Tens andado assim tão ocupada que não arranjas um espaço na tua agenda para mim?- ironiza Afonso tentando fazer uma cara séria.

Na verdade, ele tem razão... Já não temos uma conversa há muito tempo, provavelmente já passou um mês ou um mês e meio desde que falei com ele da última vez. Estava tão ocupada com os assuntos da escola, depois com a situação da gravidez da Marlene, a minha zanga com o Louis por causa da Trish, o Harry... Que talvez tenha acabado por me esquecer um pouco daqueles amigos que realmente sempre estiveram na minha vida e sempre me apoiaram. Agora me apercebo que a distância é uma das grandes entraves para manter uma relação próxima com outra pessoa.

-Desculpa, Afonso. Tem acontecido tantas coisas ao mesmo tempo... Novo país, nova casa, nova escola...- suspiro.

-Eu compreendo.

Não precisei de mandar mensagem à Marta, pois ela encontrava-se à porta de casa a tentar encontrar qualquer coisa, penso eu.

-MARTA!- gritei empolgada.

Marta vira rapidamente a sua cabeça na minha direcção e arregala os olhos. Ainda ficou algum tempo parada, mas depois apressou-se a vir até a mim.

-És tu?!- aperta a minha bochecha- Bochecha grande... ÉS TU! Não me disseste que vinhas cá sua estúpida!

-Hum... Mudaste de óculos...

-A sério que tinhas de dizer isso? Parva...- Marta revira os olhos.

-Decidi fazer-vos uma pequena surpresa, por isso é que não vos disse que vinha. Já agora... Andas à procura do quê?- pergunto.

-Oh, da chave para entrar. É provável que a tenha deixado dentro de casa... Os meus pais devem chegar dentro de 20 minutos, eles foram às compras.

-Já que não consegues entrar na tua própria vais passear comigo e com o Afonso.- sorrio.

Marta concordou.

Perguntei como iam as aulas e tudo o resto. Afonso contou-me que Marta já namorava. Fiquei contente ao ouvir tal notícia. Ela é uma pessoa fantástica e bastante cautelosa com as pessoas que escolhe para se aproximarem dela, por isso deve ter arranjado um bom rapaz.

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