Em 1900, Planck aventou uma hipótese que resolveu oquebra-cabeça e
valeu-lhe o prêmio Nobel de Física em 1918.
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Para ter uma idéia do que ele propôs,
imagine que você e uma enorme multidão — um número "infinito" de pessoas —
estão aglomerados em um galpão grande e frio, administrado por um velho pão-duro. Na parede há um lindo termostato digital que controla a temperatura, mas você
arregala os olhos quando vê o preço que o velho cobra pela calefação. Se o
termostato for programado para aquecer a cinqüenta graus Fahrenheit (o
equivalente a dez graus Celsius), cada pessoa tem de pagar cinqüenta dólares. Se
for programado para 55 graus, o preço que cada pessoa pagará é 55 dólares, e
assim por diante. Você logo vê que, como há um número infinito de pessoas no
galpão, o velho receberá uma soma infinita de dinheiro se alguém puser a calefação
para funcionar. Lendo melhor as regras de pagamento, você descobre um furo.
Como o velho é muito ocupado e não quer perder tempo dando troco, sobretudo
para um número infinito de pessoas, ele recebe o dinheiro da seguinte maneira: todo
mundo tem de pagar a soma exata. Quem não tiver a quantia exata, paga o valor
mais próximo possível do preço, de modo que não haja troco. Como você quer
contar com todos os demais e não quer pagar taxas exorbitantes pela calefação,
induz os seus companheiros a organizar o grupo do seguinte modo: uma pessoa
leva todas as moedas de um centavo, outra leva todas as moedas de cinco
centavos, outra todas as de dez, outra as de 25, e assim por diante até as notas de
um dólar, de cinco, de dez, de vinte, de cinqüenta,de cem, de mil e até de valores
maiores (e desconhecidos). Você então, atrevidamente, programa o termostato para
oitenta graus e fica esperando o velho chegar. Quando finalmente ele chega, a
primeira pessoa a pagar é a que traz as moedas de um centavo, que lhe entrega 8
mil moedas. A seguir vem o que tem as moedas de cinco centavos e deixa 1600
moedas, o das moedas de dez centavos deixa oitocentas, o das de 25 centavos
deixa 320, a pessoa com notas de um dólar deixa-lheoitenta notas, a das notas de
cinco dá dezesseis notas, a das de dez dá oito notas, a pessoa com notas de vinte
dá quatro e a pessoa que tem as notas de cinqüenta dá uma nota só (uma vez que
duas notas de cinqüenta excederiam o valor do pagamento, o que exigiria um troco).
Todos os demais têm consigo apenas notas cujo valor— um "grão" (lump) mínimo
de dinheiro — excede o valor do pagamento. Por conseguinte, não podem pagar
nada ao velho, que, assim, em vez de receber uma soma infinita, fica com apenas
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O universo elegante
RandomEsse é um livro científico, porém eu recomendo também para leigos, por usar analogias diversas e procurar expor da maneira mais clara possível algumas das idéias dos maiores contribuintes da física e da matemática , além de expor claramente a loucur...