Nos dias de Einstein, a força forte e a força fracaainda não haviam sido
descobertas, mas para ele a existência de duas forças diferentes — a gravidade e o
eletromagnetismo — já era algo profundamente perturbador. Einstein não conseguia
aceitar que a natureza tivesse por base uma concepção tão extravagante. Isso o
levou a uma viagem de trinta anos em busca da chamada teoria do campo unificado,
que ele esperava viesse a mostrar que essas duas forças são, na verdade,
manifestações de um único e grande princípio fundamental. Essa busca quixotesca
isolou Einstein da corrente principal da física, compreensivelmente muito mais
preocupada com as evoluções decorrentes da mecânicaquântica. Nos anos 40, ele
escreveu a um amigo: "Tornei-me um velho solitário,mais conhecido porque não
uso meias, e que é exibido em ocasiões especiais como uma curiosidade". 3
Einstein estava simplesmente à frente do seu tempo.Mais de cinqüenta anos
depois, o seu sonho de encontrar uma teoria unificada tornou-se o Santo Graal da
física moderna. E uma proporção considerável da comunidade da física e da
matemática está cada vez mais convencida de que a teoria das cordas é capaz de
dar a resposta. A partir de um único princípio — o de que no nível mais microscópico
tudo consiste de combinações de cordas que vibram —a teoria das cordas oferece
um esquema explicativo capaz de englobar todas as forças e toda a matéria. Ela
afirma, por exemplo, que as propriedades que observamos nas partículas, os dados
resumidos nas tabelas 1.1 e 1.2, são reflexos das diversas maneiras em que uma
corda pode vibrar. Assim como as cordas de um pianoou de um violino têm
freqüências ressonantes em que vibram de maneira especial — e que os nossos
ouvidos percebem como as notas musicais e os seus tons harmônicos —, o mesmo
também ocorre com os laços da teoria das cordas. Veremos, no entanto, que em vez
de produzir notas musicais, os tipos de vibração preferidos pelas cordas na teoria
das cordas dão lugar a partículas cujas massas e cargas de força são determinadas
pelo padrão oscilatório da corda. O elétron é uma corda que vibra de uma maneira, o
quark up é uma corda que vibra de outra maneira, e assim por diante. Desse modo,
longe de constituir um conjunto caótico de dados experimentalmente verificados, as
propriedades das partículas, na teoria das cordas, são manifestações de uma única
característica física: os padrões ressonantes de vibração — ou seja, a "música" —
dos laços fundamentais das cordas. A mesma idéia aplica-se também às forças da
natureza. Veremos que as partículas de força tambémse associam a padrões de
vibração das cordas, e, desse modo, tudo o que existe, toda a matéria e todas as
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O universo elegante
CasualeEsse é um livro científico, porém eu recomendo também para leigos, por usar analogias diversas e procurar expor da maneira mais clara possível algumas das idéias dos maiores contribuintes da física e da matemática , além de expor claramente a loucur...