O campo de aplicação usual da relatividade geral é o das escalas
astronômicas de distância. Em tais escalas, a teoria de Einstein implica que a
ausência de massa significa que o espaço é plano, tal como ilustrado na figura 3.3.
com vistas a unir a relatividade geral e a mecânicaquântica, devemos agora mudar
radicalmente o nosso enfoque e examinar as propriedades microscópicas do
espaço. Isso é ilustrado na figura 5.1, mediante umzoom que amplia
sucessivamente regiões cada vez menores do tecido espacial. Com as primeiras
ampliações não acontece nada de extraordinário. Como se vê, nos três primeiros
níveis de ampliação da figura, a estrutura do espaço retém a mesma forma básica.
Raciocinando a partir de um ponto de vista puramente clássico, seria de esperar que
essa imagem plana e plácida do espaço persistisse otempo todo, até as menores
escalas de tamanho. Mas a mecânica quântica muda radicalmente essa conclusão.
Tudo está sujeito às flutuações quânticas inerentesao princípio da incerteza — até
mesmo o campo gravitacional. Embora o raciocínio clássico indique que o espaço
vazio tem um campo gravitacional igual a zero, a mecânica quântica revela que ele é
igual a zero na média, mas o seu valor real oscila para cima e para baixo, ao sabor
das flutuações quânticas. Além disso, o princípio da incerteza nos diz que o tamanho
das ondulações do campo gravitacional aumenta à medida que a nossa atenção se
concentra em regiões cada vez menores do espaço. A mecânica quântica mostra
que não existe coisa alguma que goste de ficar confinada; quanto mais estreito for o
foco espacial, tanto maiores serão as ondulações. Como os campos gravitacionais
se expressam pela curvatura, essas flutuações quânticas manifestam-se como
distorções cada vez mais violentas do espaço circundante.
Vemos os primeiros sinais do surgimento das distorções no quarto nível de
ampliação da figura 5.1. Continuando a examinar o espaço em escalas cada vez
menores, como no quinto nível da figura, vemos que as ondulações aleatórias do
campo gravitacional correspondem a tal grau de deformação do espaço, que esse já
não lembra um objeto geométrico de curvatura suave,como a superfície de borracha
da nossa discussão do capítulo 3. Ao contrário, eletoma a forma irregular,
espumosa, turbulenta e retorcida que aparece na parte superior da figura. John
Wheeler cunhou o termo espuma quântica para descrever o burburinho que uma
sondagem ultramicroscópica como essa revelaria existir no espaço (e no tempo) — o
termo descreve um aspecto estranho do universo em que as noções convencionais
de esquerda e direita, adiante e atrás, em cima e embaixo (e mesmo antes e depois)
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O universo elegante
RandomEsse é um livro científico, porém eu recomendo também para leigos, por usar analogias diversas e procurar expor da maneira mais clara possível algumas das idéias dos maiores contribuintes da física e da matemática , além de expor claramente a loucur...