Rouge Démoniaques

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06
EVE BASTEN POV

Meu corpo inteiro doía, era como se alguém estivesse batendo repetidas vezes em minha cabeça enquanto um rolo compressor passava em cima do resto do meu corpo. Meus ouvidos ainda zumbiam. Minhas pálpebras pareciam pesar toneladas quando eu me esforcei para abrir os olhos. Pisquei algumas vezes até me acostumar com a claridade, um quarto bem iluminado pela luz natural. Eu não estava mais no mesmo lugar onde apaguei.

Olhei ao meu redor para me situar e levei um pequeno susto ao ver Willa ali, sentada na poltrona próxima à cama me encarando com certo zelo. Eu estava em meu quarto na mansão de Justin.

— Hey — Willa falou, colocando um fim naquele silêncio. — Como você se sente?

— Dolorida. — respondi. Minha garganta estava seca.

— Eu tentei levá-la para um hospital mas Justin não permitiu, só vamos para hospitais em casos graves. Não queremos levantar suspeitas. — ela levantou da poltrona, se aproximando com cautela. — Mas ligamos para um médico de confiança e ele examinou você enquanto estava desacordada, até fez o curativo. — Willa apontou para minha testa e eu passei meu dedo nela, sentindo o curativo.

— Obrigada. — disse com sinceridade. — Obrigada por ter ido até lá me ajudar.

— Como eu disse, nenhum membro da equipe fica para trás. — deu de ombros. — Qualquer um dia nós faria isso por você, nós somos uma equipe agora e é isso que uma equipe faz.

Willa era a última pessoa que eu esperava que fosse me ajudar, mas ela estava lá. Mais uma vez eu sentia um certo peso na consciência por estar os enganando. Meus problemas eram com Justin e ninguém mais, eu não deveria estar enganando todos eles.

— Pensei que você não gostasse de mim e estivesse louca para me ver fora dessa.

Willa riu nasalado. Me sentei na cama com certa cautela já que todo meu corpo estava dolorido e ela se sentou ao meu lado.

— Não é que eu não goste de você, eu nem ao menos te conheço. Eu só não confio em você. É diferente. — disse, impassível. — Mas já estou me acostumando com você na equipe, o que não significa que eu já confie em você porque eu não confio.

— Bom, obrigada por deixar bem claro toda sua desconfiança. — brinquei.

— Ah, Eve! Não é como se você confiasse em nós também. — rebateu. — Não é assim que funciona a confiança. Leva tempo, precisa ser sentida e não é algo forçado. Parece clichê a comparação mas é como um jarro de vidro depois que é construída e uma vez quebrada nunca mais é a mesma, sempre dá para ver as rachaduras.

Willa me olhava como se pudesse ler minha mente. Ela agia comigo como se já soubesse todo o meu plano e não deixaria que ele acontecesse. Ela parecia sentir minhas vibrações, as mentiras que estavam ao meu redor.

— Eu realmente espero que possamos fazer isso direito.

— Eu também. — Willa concordou. — Eu realmente espero isso.

Ela levantou da cama após me dar uma olhada indecifrável.

— Vou pedir para a governanta mandar trazerem alguma coisa para você se alimentar, já está a muito tempo sem comer. — ela andou até a porta e girou a maçaneta para abri-la, me olhando por cima do ombro. — Mais tarde Justin virá aqui, ele quer falar com você.

Willa deixou o quarto quando me viu assentir com a cabeça, me deixando sozinha ali. Respirei fundo escorando minha cabeça na parede atrás de mim, observando as cortinas brancas que balançavam com a leve brisa. Minha garganta parecia dar um nó e eu tive que olhar para o teto na tentativa de conter minhas lágrimas, o que sempre funcionava comigo.

The TargetOnde histórias criam vida. Descubra agora