20
EVE BASTEN POVAcordei no susto com batidas persistentes na porta, a cada batida parecia que alguém dava uma martelada na minha cabeça, a dor de cabeça causada pela ressaca já estava se tornando minha amiga íntima.
Abri os olhos de súbito, ainda com as batidas fortes na porta, e ao olhar ao meu redor pude ver que eu me encontrava no meu quarto. Alguns flashes de memória da noite passada começaram a aparecer em minha cabeça, fazendo eu me recordar vagamente de Justin tendo que me carregar no colo para o meu quarto no fim da noite. Puxei o cobertor do meu corpo e olhei para baixo quando senti um frio bater contra minha pele apenas para confirmar que eu estava apenas de calcinha e sutiã, minhas roupas da noite anterior se encontravam jogadas no chão. Ah não, o que foi que aconteceu?
Me apressei para me levantar e puxei meu roupão de seda que ficava pendurado no cabideiro ao lado da porta, podendo então cobrir meu corpo antes de abrir a porta para que as batidas chegassem ao fim. Com a porta aberta, a figura de Chaz ali foi revelada.
— Caramba, precisava de todo esse escândalo? — murmurei quando ele passou por mim para entrar no cômodo, comigo fechando a porta novamente logo em seguida.
— E pelo visto ainda foi pouco, minha mão está dormente de tanto que eu tive que bater na porta até a madame resolver levantar. — Chaz sentou na minha cama e pegou o controle com as funções do quarto, apertando no botão que abria as cortinas. Resmunguei quando a claridade atingiu meus olhos ainda sensíveis. — Ressaca, huh?
— A noite de ontem foi... Difícil.
— Imagino que tenha sido. — ele pareceu ironizar. — Se acalmou depois de todo aquele papo de culpa e de que Justin havia sido um erro? Fiquei preocupado quando você me ligou ontem, ainda mais quando disse que estava no cemitério visitando seus pais, mas não tivemos tempo para conversar visto que Justin pareceu grudar em você.
Suspirei ao me lembrar que eu tinha errado mais uma vez, deixei meu corpo cair sobre a cama, ficando deitada de barriga pra cima enquanto encarava o teto.
— O que você acha de tudo isso? — eu quase sussurrei, mas tinha certeza de que Chaz tinha entendido.
— Que você anda se cobrando demais. — Chaz disse. — Eu sei como não foi fácil pra você a morte dos seus pais, eu sei também que você quer se vingar de Justin mas... Você não pode achar que eles estão te culpando por algo que você não tem controle. Tenho certeza que eles sabem de tudo o que você está tentando e que eles só querem te ver bem, seus pais não têm motivos para se decepcionarem com você.
— Não é bem assim, Chaz. — virei a cabeça para o lado para encará-lo. — Justin os matou. Eu não posso ficar beijando pelos cantos a pessoa que matou os meus pais, você entende? Isso é demais para mim! Tenho certeza que meus pais não iriam querer me ver com um assassino e nem eu iria querer que eles me vissem com um.
— Qual foi, Eve, falando assim até parece que Theo não é um assassino também. — estreitei os olhos para meu amigo e ele rapidamente ergueu as mãos, se rendendo. — Beleza, saquei. Mas, olha só, o ponto disso tudo é que seus pais sabem o que se passa dentro de você agora... Não é assim que funciona? — Chaz fez uma careta parecendo realmente refletir como funcionava isso de vida após a morte, eu ri.
— Chaz, foco!
— Tanto faz, eles sabem suas intenções, isso é o que importa. — deu de ombros. — Você não pode se cobrar tanto, ficar se autodestruindo daquela forma. Faça o que você achar que deve fazer para conseguir chegar onde você quer. Se você acha que ficar com Justin vai te ajudar a estar mais próxima dele, faça isso. — dei um salto na cama, ficando sentada quando ele terminou de falar aquele absurdo.
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The Target
FanfictionA pior perda é a perda de si mesmo. Quando você mesmo não se reconhece mais, quando as decisões tomadas para a sua vida não partem de você, quando suas atitudes não coincidem com a pessoa que você realmente é. Quando seus pais são assassinados por a...