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EVE BASTEN POVTheo atirou em mim.
Aquela frase ecoava na minha cabeça enquanto as cenas anteriores se repetiam em looping, tornando tudo aquilo mais doloroso. A forma como ele olhava no fundo dos meus olhos na hora em que apertou o gatilho na minha direção como se quisesse ver a reação que eu teria diante daquilo, nunca me esqueceria daquele olhar. Mesmo que eu tivesse visto e sentido o que ele fez, uma parte de mim não queria acreditar que ele fosse capaz de me ferir daquela forma e se agarrava na possibilidade de que pudesse ter acontecido algum engano. Mas Theo nunca se enganava com a sua mira.
— PORRA! — Justin esbravejou logo após o acontecido, me puxando de volta para o presente.
Soltei um grito sufocado por causa da dor avassaladora que eu estava sentindo naquele momento, apertei minhas pálpebras fechadas e serrei os dentes enquanto rezava em silêncio para que tudo aquilo passasse de alguma forma, como se eu não fosse suportar aquela dor - tanto a física quanto a emocional. Nunca tinha sentido uma dor tão intensa como aquela.
Justin virou o volante e jogou o carro na direção do carro de Theo na intenção de jogá-lo para fora da pista mas ele parecia já esperar por aquilo então puxou o freio de mão no exato momento da colisão lateral, fazendo seu carro parar na pista ao rodar em um ângulo de cento e oitenta graus, cantando pneu. Justin continuou acelerando e checou pelo retrovisor se Theo tinha mesmo ficado para trás. O conhecia bem o suficiente para saber que ele não viria mais atrás de nós, o que ele tinha vindo fazer já estava concluído.
A atenção de Justin voltou para mim quando grunhi de dor mais uma vez, ele alternava seu olhar entre a estrada e eu enquanto tinha um semblante preocupado.
— Onde ele acertou você? — ele perguntou um pouco afobado. — O quanto você está sentindo doer?
As lágrimas começaram a transbordar dos meus olhos mas contê-las não era a minha prioridade naquele momento. Criei coragem para olhar para baixo e procurar pelo ferimento, quis desmaiar ao ver a quantidade de sangue que deixava a minha blusa de manga comprida molhada na altura do meu braço.
— O... O meu braço... — arfei, apertando as pálpebras juntas mais uma vez e resmungando com a dor que aquele ferimento estava me causando. — Está doendo pra caralho.
Não precisei dizer mais nada, Justin voltou a ligar a escuta presa em seu ouvido para entrar em contato com Chaz na mansão.
— Chaz, aconteceu um imprevisto. — ele falou ao mesmo tempo que girou o volante de forma brusca para fazer uma curva fechada, o xinguei entredentes por aquilo ter me feito bater com o braço na porta do carro quando ele entrou na rua. — Eve foi atingida, preciso que você ligue para o doutor Collins e mande ele abrir a porra do consultório dele porque eu estou indo para lá agora. — não consegui ouvir a resposta do outro lado mas Justin voltou a desligar a escuta depois de dar a ordem. — Eve... Você vai ter que segurar as pontas aí até chegarmos no consultório.
Eu já tinha ouvido sobre o doutor Collins algumas vezes durante a minha estadia na mansão. Até onde eu sei, ele é um médico renomado que cuida da saúde da equipe na maioria das vezes ou quando eles não podem se arriscar indo para um hospital comum. Ele tinha assinado um contrato de sigilo para trabalhar para Justin em troca de um salário com muitas casas decimais, o dinheiro comprava o seu silêncio para que ele nunca abrisse a boca sobre o que visse ou ouvisse.
Chorei baixo praticamente durante todo o caminho, vez ou outra eu emitia sons abafados quando o ferimento parecia pulsar e me causava uma dor mais aguda e Justin já estava ficando nervoso com aquilo. O caminho até o consultório foi mais longo do que eu gostaria, o carro foi estacionado de qualquer jeito e eu me esforcei para abrir a porta com o braço bom. Justin veio até mim enquanto eu me arrastava para fora do veículo, ele colocou seu braço em volta da minha cintura para me dar apoio enquanto andávamos pra dentro do consultório de só um andar mas que parecia extremamente luxuoso.
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The Target
FanfictionA pior perda é a perda de si mesmo. Quando você mesmo não se reconhece mais, quando as decisões tomadas para a sua vida não partem de você, quando suas atitudes não coincidem com a pessoa que você realmente é. Quando seus pais são assassinados por a...