Quando o Michael dormiu eu me deitei, não consegui dormir depois disso, fiquei rolando pelas folhas, até que o Sohan acordou, se sentou e balançou com a cabeça para o seu lado, eu me levantei e caminhei até lá. Deitamos lado a lado, mas ainda assim eu não consegui dormir, daí ele me abraçou, parece que tudo ficou mais confortável quando eu tinha o meu corpo envolto por seus braços.
Eu dormi muito pouco tempo depois, acordei sentindo que estava em movimento, abri os olhos devagar e vi o rosto do Sohan. Ele estava me carregando no colo.
-Hey...- Ele falou quando eu acordei.
-Por que... Você ta me carregando?- Perguntei e ele riu.
-Você apagou ontem, te chamei hoje mas você não acordou, então eu te deixei dormir e to caminhando com você no colo- Ele falou e eu ri e balancei a cabeça, em seguida ele me colocou no chão.
-Quanto tempo você me carregou?- Eu falei e ele deu de ombros.
-Uns 40min- Ele falou e eu arregalei os olhos.
-Seus braços não estão doendo?- Eu perguntei e ele balançou a cabeça.
-Eu tive que acostumar, carreguei corpos de amigos mortos em batalha por mais tempo- Ele falou e eu suspirei e me levantei.
-Sinto muito por seus amigos- Falei quando voltamos a andar e ele balançou a cabeça.
-Todos nós perdemos pessoas- Ele falou e eu senti uma pontadinha no meu coração.
-Nós não deveríamos perder ninguém, isso não é justo- O Michael falou ao nosso lado.
-A vida não é justa- O Nathan disse e eu senti um arrepio percorrer a minha espinha.
Ninguém falou nada depois disso, só continuamos caminhando, não era como se fosse um clima tenso ou algo assim, só ninguém falou nada.
-"Quando o relógio bate a maia noite os portões do submundo se abrem" O que isso quer dizer?-A Kalaya perguntou.
-Eu acho que isso é autoexplicativo- Eu falei e ela suspirou.
-Mas profecias sempre tem uma segunda interpretação- Ela falou e eu dei de ombros.
-Não consigo imaginar nenhuma outra interpretação para isso- Falei e ela assentiu.
-Seja o que Deus quiser- Ela falou e Nathan balançou a cabeça.
-Incrível essa fé que vocês tem depois de ver tanta coisa- Ele falou.
-Precisamos de algo para acreditar, não?- Perguntei e ele balançou a cabeça.
-Acredite em si mesma-Ele falou.
-Preciso de algo maior que eu, se não existir um Deus, então... Qual a graça de tudo isso aqui? Por que isso tudo ta acontecendo? Pra acabar depois? Pra ter um final ridiculo em tudo que construímos?- Perguntei e ele deu de ombros.
-Eu já te falei que a vida não é justa- Ele falou e eu suspirei.
-Tem que existir algo- Falei e continuamos caminhando.
Até que nossas pernas começaram a doer. Nada tinha acontecido, sentamos no chão novamente e a unica coisa que ouvíamos eram as nossas respirações.
Até que, bem de fundo, começou a soar o tic tac de um relógio, quanto menos barulho fazíamos mais alto ele ficava, assim gradativamente até que nossas respirações eram quase inaudíveis. O Sohan que estava ao meu lado tocou na minha mão e apontou com a cabeça para cima. Havia um tipo de relógio feito com uma fumaça estranha, estava mostrando 22:50. Faltava pouco mais de uma hora.
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Os quatro contos proibidos (segundo conto)
PertualanganDepois de encontrar o primeiro conto necessário e de descobrir que ela era a deusa da natureza perdida no tempo, Katherine se envolve mais ainda pela busca que devolvera o ciclo humano de vida dos seus amigos, aos poucos ela vai descobrindo a sua hi...