Smell of gunpowder

767 76 4
                                    


19:00 pm.

Que cheiro é esse? Meus olhos estavam fechados. Senti o ar pesado, um cheiro intenso de pólvora...
Três segundos depois, abri cuidadosamente meus olhos. Pra minha surpresa, eu estava no meu quarto, o cheiro sumiu completamente.

Falei comigo inquietamente:

Mas que porra é essa?

Me levantei da minha cama e fui em direção à janela do meu quarto.
Meu carro já estava no lugar dele, provavelmente meu pai já tinha buscado naquela rua perto da praça e mandado pro concerto. Passei algum tempo olhando pra fora...

19:17 pm.

Fui em direção ao quarto de James.

Tudo que eu via eram livros amassados, o computador estragado, aparentemente sem um possível concerto. Olhei para cama, dei alguns passos e me sentei, ela estava gelada; analisei todo o quarto com o olhar, fixei em um ponto não tão comum... Há uma coisa familiar perto dos livros amassados, que estavam em baixo da mesa do computador.
Me agachei rapidamente.
Peguei a pequena mariposa morta em minha mão, sem dúvidas teria vindo do papel amarelado que achei no bolso de James.

Guardei-a em meu bolso, a essa altura o bolso de meu casaco deveria ter de tudo um pouco... Me levantei e voltei para o meu quarto.

19:25 pm.

Meu irmão não estava mais entre nós, mas isso não ia me impedir de descobrir o que houve com James.

Pensei: "Não importa o que aconteça".

07:00 am.

Grrrrr. Acabei dormindo.

Me levantei com preguiça. Tive que tomar banho, eu estava a horas sem saber o que era aquilo, e eu fedia a mariposas mortas, um cheiro agradável se eu fosse isca para uma aranha gigante. Ri fracamente da idiotice que eram meus pensamentos.

07:30 am.

Eu estava pronto e indo em direção à faculdade.

Eu escolhi cursar literatura. A alguns passos da entrada, vejo muitas folhas secas e alguns cartazes de uma festa feita na faculdade no verão passado. Alguns dos mesmos confeccionados pela Ana e por mim, a minha ex.

Por alguns minutos fiquei olhando os traços dos cartazes borrados. Estávamos mais preocupados em se pegar do que realmente pintar aquilo.

07:45 am.

Ouço um pequeno barulho de asas batendo abaixo dos cartazes na parede.

Uma mariposa em seus últimos segundos de vida, aparentemente, algum inseto maior devia ter a machucado, mas seu desespero foi encerrado em instantes pelo pé calçado por uma bota preta fosca de Lil.
Ela me empurrou pro lado fortemente e disse:

Porque está olhando esses lixos de cartazes? Sentindo falta da vadia da Ana?

Lil possuía grandes olhos azuis, eram tão azuis que eu poderia descrever como um "pedaço arrancado do céu" e colocado no lugar dos verdadeiros olhos de Lil, eles eram intensos, assim como ela.
Respondi:

Não, dela quero distância.

As palavras que saiam da minha boca, não era o que eu realmente queria.

Mas eu não posso e não serei um verdadeiro "traído e assumido", enquanto um espaço ficava entre nossas palavras, me lembrei cuidadosamente de alguns segundos que vivi com Ana. No dia da confecção dos cartazes, ela havia se sujado inteira de tinta e eu fazia histories seguidos da cara de desespero dela, para publicar em meu Instagram...

Meus pensamentos foram cortados pela voz rouca de Lil;
Vamos entrar, não vai desistir agora né? O dia pode estar uma merda, mas a faculdade vai servir até o último dia das nossas vidas.

Sim, eu sei.

Lil se virou e eu segui seus enormes cabelos pretos, até a sala que ficava toda a minha turma de literatura.

Dias pálidosOnde histórias criam vida. Descubra agora