08:00 am.
Abri os olhos. Olhei para tela do meu celular, eram oito horas da manhã. Eu sentia meu corpo exausto, essas últimas noites tenho pesadelos constantes com o meu irmão. Ouvi a maçaneta da porta do meu quarto abrir fortemente e rapidamente.
Mãe: Mitchel, levante-se agora!
Me levantei com pressa e a segui saindo do quarto. Me deparo com uma imagem embaçada e trêmula, meus olhos estavam escorrendo mais lágrimas que já escorreu em toda minha vida. Minha mãe estava gritando com intensidade e meu pai a consolava enquanto a ambulância chegava, no teto o corpo pálido e levemente inchado do meu irmão mais novo; James. Seus cabelos loiros estavam alaranjados, talvez pelo sangue que não circulava mais em sua cabeça. Um frio percorreu minha espinha, os médicos chegaram entrando apressados no quarto apertado de James. Naquele momento deveria ter mais de 10 pessoas ali... Minha mão tocou na mão de meu irmão enquanto eu sentia cada vez mais lágrimas, meu coração batia fortemente e minha respiração saia áspera dos meus pulmões. Meu pai era o mais sóbrio ali, ele levou minha mãe para a ambulância junto com meu irmão já morto, e eu fiquei parado, enquanto um vídeo com traços falhados me lembrava meu pequeno irmão James; tudo que eu queria entender é o que houve com ele, por que ele cometeu suicídio? Ele era amado por todos nós, nas ultimas semanas ele estava mais afastado da nossa família e dos amigos, ficava apenas enfiado no quarto fixado em jogos online e redes sociais... Maldito século XXI.
Sai do quarto de James e fui ao meu quarto, peguei as chaves do meu carro, fui em direção ao hospital. Ainda chorando... não tão intensamente agora, meu corpo estava tão vazio por dentro.
09:30 am.
O hospital era longe e a cada segundo eu me sentia mais perdido em mim.
09:32 am.
Ouço um barulho no carro, oh droga! O carro havia quebrado, merda de hora pra quebrar, ainda afastado da cidade e do hospital, sai do mesmo para avaliar o que havia parado de funcionar. Era a bateria.
Olhei em volta, não tinha nada perto, apenas uma pequena praça com folhas secas, estávamos no outono. Pensei: talvez alguém more perto daqui para me ajudar com essa droga de carro.
Fui em direção à praça com aparência de mais de um século de idade. Não tinha exatamente ninguém! Nem nada próximo... Me sentei num dos bancos cobertos de folhas e empoeirado, botei as minhas duas mãos no rosto, e tudo começou a girar, eu só queria James de volta, eu não conseguia acreditar completamente naquilo.
09:57 am.
Após um tempo tentando manter meus pensamentos fortes e sóbrios, analisei melhor aquela praça. Não era um lugar muito comum, confesso que eu nunca havia reparado esse lugar antes; meu olhar se fixou em um papel amarelado e desgastado pelo tempo, que estava no chão, escondido por algumas folhas secas.
Me levantei e o peguei... Algo escrito com uma caligrafia antiga, prendeu completamente minha atenção. No papel estava a seguinte frase:
" E naquele momento, aquela dor era tão forte, que até minha respiração tinha o leve barulho da morte. "
Eu senti minhas mãos trêmulas e no final da folha, estava colada uma mariposa morta...
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Dias pálidos
Gizem / GerilimApós o término de seu namoro e o suicídio de seu irmão e melhor amigo. Mitchel encontra um misterioso papel com uma caligrafia antiga em uma praça abandonada. Com pensamentos perturbados e poemas intensos, e com uma pequena mariposa morta, assinado...