11:02 am.
— Mit? Precisamos continuar a caminhar!
Abri os olhos lentamente, era Zak me cutucando.
— Sim, vamos.
Ele olhou para minha roupa.
— Ainda não me acostumei com isso de você sumir e reaparecer do nada.
Me levantei com um pouco de dificuldade, do chão de terra.
— Nem eu me acostumei.
11:30 am.
Estávamos bem cansados já, e eu não entendia como eu aguentava raciocinar após dias sem dormir de verdade. Cada passo o túnel ficava mais fundo e apertado, talvez não teria sido uma boa ideia entrar nele.
11:56 am.
Vozes e passos pesados ecoavam até nossos ouvidos. Zak ficou apavorado, puxei-o para trás de umas ferramentas e esperamos os grandes e brutos soldados terminarem de passar por nós. Um dos últimos fardados me era familiar. Era James, com uma enorme carabina nas costas. Sussurrei para Zak.
— Vamos segui-los!
O judeu me encarou perplexo.
— Você está delirando?
Respondi.
— Não. O último soldado é meu irmão...
Zak engoliu seco e ficou sem nenhuma respostas.
— Fique calmo, Zak. Ele não vai machucar a gente!
O garoto encarou o chão.
— Nunca confie em ninguém, Mitchel. As pessoas não mostram quem realmente são.
Observei seus olhos verdes, enquanto pensava na maturidade presente naquele jovem garoto.
12:11 pm.
Fomos agachados pelo túnel, seguindo a sombra dos soldados e o barulho das armas sendo arrastadas pelo chão.
13:21 pm.
Depois de andar por muito tempo, avistamos talvez um final para o túnel. Pedi para Zak me esperar enquanto eu verificava todo o local...
13:24 pm.
— Ei, pode vir, eles já estão mais para frente.
Estávamos numa sala com macas para enfermos, o túnel era um tipo de refúgio para soldados feridos.
Porém, ali não tinha nenhum, apenas marcas de sangue por todo lado. E felizmente algumas garrafas com um pouco de água, em cima de um balcão improvisado com tábuas.— Mitchel, olhe! Vamos pegar e sair daqui.
Suas pernas se moviam rapidamente em direção as garrafas de água. Ele pegou duas e bebeu um pouco, indo para o lado do qual entramos. Seus olhos me encaravam.
— Vamos, Mit!
Respondi, passando a mão pelo cabelo.
— Eu não vou...
Avisto lágrimas de longe.
— Você... Não vai?
Completei.
— Não. Eu preciso encontrar meu irmão! Me desculpe, Zak.
O jovem ficou completamente decepcionado comigo, porém concordou.
— Tudo bem, eu faria o mesmo se meus irmãos estivessem vivos.
Eu também estava triste, mas eu precisava disso.
— Nos vemos um dia, meu amigo Zak!
Zak veio até mim e me abraçou.
— Você sabe, não vai existir esse dia. Mas, mesmo assim, agradeço muito por ficar comigo por esse tempo. Mit, você é uma das melhores pessoas que conheci em toda minha vida! Cuide-se, senhor Mitchel.
Sorrimos um para o outro, com os olhos lagrimejados.
— Cuide-se também. Adeus!
Ele se virou e sumiu em meio ao túnel apertado, e eu segui em frente.
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Dias pálidos
Mystery / ThrillerApós o término de seu namoro e o suicídio de seu irmão e melhor amigo. Mitchel encontra um misterioso papel com uma caligrafia antiga em uma praça abandonada. Com pensamentos perturbados e poemas intensos, e com uma pequena mariposa morta, assinado...