Dias pálidos

Mist

19:17 pm.

Lil se levantou do sofá e foi ao banheiro, enquanto resmungava.

— Vamos para minha casa, daí cê dorme comigo!

Eu já estava me sentindo casado com a minha melhor amiga, aquilo era bizarro. Respondi.

— Ta então, vou subir e pegar umas roupas, o conteúdo da faculdade e já tô aqui de volta.

A bad girl respondeu.

— Não demora! Essa casa me dá arrepios...

Pior que me dava também.
Subi até meu quarto, peguei uma camisa limpa e uma calça jeans preta rasgada, claro, um casaco cinza grafite limpo.
O meu estava parecendo mais a geladeira de um sapo, com vários pedaços de mariposas mortas.

19:27 pm.

Ela saiu do banheiro. Tranquei a casa.
A rua estava fria, com grandes nuvens de neblina pela pista de carros e entre as árvores; Lil estava congelando, viu, inventou de tentar ser sexy com esse frio... Repensei: Lil era sexy de qualquer maneira. Um sorriso malicioso se formou em meu rosto.

19:39 pm.

De braços cruzados com Lil, nosso olhar se mantinha atento.
Porque, claro né, quando começa esses negócios de neblina é porque algo vai dar muito errado e vamos se foder, como nos filmes de terror. Talvez eu tenha assistido muitos hoje, ri.

19:47 pm.

Ouvi o barulho de algo se quebrando, Lil deu um pulo e se jogou em cima de mim. Sua respiração saía junto com as falas, fazendo ficar visível naquele frio.

— Foi mal, me assustei!

Sua expressão era muito fofa naquele momento.

20:00 pm.

A casa de Lil ficava bem para frente da faculdade. E nossa localização atual, era a faculdade.

20:04 pm.

Um papel voando chamou minha atenção, sendo arrastado pelo vento que batia na parede e o levava junto.

— Lil, me espera aqui, vou lá pegar aquele papel...

Ela ficou com raiva de início.

— Se demorar, vou arrancar seus órgãos e vender os mais caros no mercado negro. E os que eu mais gosto, vou fritar com azeite extravirgem e alguns temperos!

Seu olhar mostrava verdade, eu estava com medo da bad girl.
Andei apresado, me abaixei e peguei o papel amarelado e amaçado.
Nele, continha as impactantes palavras de Lucy:

"Rosas em dias frios.
Margaridas em semanas quentes.
Plátanos em meses monótonos.
Mas em mim nada florescia."

As palavras dela soavam como um tiro em um cérebro incapaz de compreender tal sofrimento. Talvez, como o meu...
Era inimaginável. O que faria alguém escrever palavras tão tristes?! Me levantei.
Me virei e olhei por toda extensão. A bad girl havia desaparecido! Eu estava quase tendo um surto.

— LIL?

Gritei, mas tudo que eu podia ouvir era o eco entre a névoa fria por todo o local.

— ONDE VOCÊ ESTÁ?