Mirror

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Uma garota jovem, com enormes cachos dourados em seu cabelo mostrava certo desespero no reflexo do espelho.
Lil encarava tudo perplexa...

Mit... O que é isso?

Senti sua mão suada apertando forte a minha.

Eu não sei.

Minhas palavras saiam falhadas com o espanto do ocorrido ali.
A garota gritava mas não tinha som algum, seu rosto sujo de terra e suas mãos machucadas, mostravam o pesadelo de ser quem ela era. Tudo atrás dela parecia um cativeiro ou algo assim; em suas mãos um poema... Concluí, era Lucy! Seus olhos amarelos da cor de seu cabelo, arregalavam-se em minha direção e com dificuldade, jogou-me um poema através do espelho.
E de repente aquele assustador reflexo sumiu. Lil pegou rapidamente da minha mão.

AI MEU DEUS! Me deixe ler...

Nele estava escrito:

"Tudo que minha visão via era separado por grossas grades.

Minha vida havia se perdido entre elas."

Com seu pequeno corpo morto de mariposa ao final do poema. Palavras falhadas da bad girl ecoavam pelo banheiro.

Isso é realmente macabro e assustador... Não tem nada pra falar Mit?

Eu já estava acostumado, mas eu senti toda a dor da jovem Lucy naquele reflexo do espelho.

Eu... Eu acho que as assombrações gostam desse banheiro.

Senti um tapa em meu braço. E a voz de Lil.

Só isso?

Respondi enquanto passava a mão no lugar em que recebi o tapa.

Ah, você ta toda mijada.

Agora o tapa foi fortemente na minha cara.

Como você é insensível, Mit! Precisamos descobrir mais sobre isso! Essa noite você vai ficar aqui e eu vou te observar dormir, para tentarmos esclarecer um pouco disso... E me conte tudo que sabe e aconteceu até agora, estou realmente preocupada!

Saímos do banheiro após Lil limpar suas pernas sujas pelo xixi.

11:30 am.

Se sentamos no chão do quarto de Lil.

Anda, me passe todos os poemas, vamos juntar todos em uma folha para não se perderem.

Peguei meu casaco e tirei todos eles do bolso. Ela me olhou de cima em baixo.

Como homens são desorganizados, puta merda!

Passei a mão pelo cabelo, com vergonha.

Queria o que? Que eu carregasse eles em um cofre super secreto?

Ela me deu um chute na perna, enquanto estava sentada. Lil apreciava me espancar.

12:00 pm.

Tudo colado e organizado por classificação de "encontrado". Seus olhos azuis olhavam em minha direção questionando-me.

Aparentemente, ela está numa situação bem ruim... Ou estava, porque esses poemas parecem ter anos e anos.

Revirei os olhos.

Isso é óbvio, Lil.

Ela fez a mesma expressão.

Me conte, tudo sobre "lá".

Olhei em volta e comecei a contar.

É um lugar normal, mas com muita gente morta, destruição, falta de água... Guerra! É na segunda guerra.

Olhei para baixo e continuei.

Eu tenho um amigo, que se chama Zak, um jovem judeu. Quando eu durmo, instantaneamente abro os olhos e estou lá, recentemente encontrei James.

Lil me interrompeu.

James?

Continuei.

Sim. Ele me disse que eu sou a única pessoa capaz de ir para lá sem morrer... Foi bizarro! Mas não me importei muito, eu sabia que era ele.

A bad girl falou.

Então... Ele se suicidou para isso?

Respondi.

Aparentemente sim, mas não sei o real motivo!

Sua expressão de pensativa era evidente. Seus pés mexia-se inquietantes.

Temos que pensar! Saiba que vou te ajudar em tudo possível...

Sorri e agradeci.

Obrigado, eu sei que vai.

Seus joelhos batiam no chão com ela vindo até mim e me beijando por todo rosto, chegando até a boca e depositando milhares ali.

Dias pálidosOnde histórias criam vida. Descubra agora