HYUNGWON (MONSTA X) X (S/N)

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-Eu não posso esquecer isso, embora eu tenha tentado. - Deixo as lágrimas que tanto aprendi a odiar escorrer por minhas bochechas.

A pele alva, os olhos castanhos e o cabelo caindo tão fluido sobre o rosto. Eu o reconstruira por completo, exatamente como era antes de tudo acontecer.

-Você se lembra também certo? - Questiono. - Eu coloquei todas as memórias de volta em você.

Encaro o painel de controle em minhas mãos e libero o comando da voz.

-Agora tudo faz sentido, (S/N).- A voz também era a mesma. - Todos os outros se foram?

Aperto meus olhos com força, não queria me recordar, mas era necessário reviver toda dor antes de terminar com tudo e poder ter um último vislumbre da alegria.

-Eles se revoltaram na última fase, foram tiradas do caminho. - Respondo limpando a água de meu rosto.

-O que fizeram com você depois que me ma... Desmontaram?- Ele tropeça nas palavras.

Entendo a sensação de ter passado toda uma vida pensando ser de carne osso e depois ver que suas entranhas não passavam de um conjunto de fios, eletricidade de luzes piscando.

-Me usaram na última fase, fui usada para encontrar outros para a última fase. - Vergonha corre por meu sistema. -Desculpe por não... Eu não podia fazer nada além de ver você cair, tentei engolir tudo, esquecer meus sentimentos. - Mais lágrimas. - Mas não pude esquecer você, não deixaram.

-Não podia fazer nada, (S/N).- Hyungwon ergue as mãos na altura dos olhos e as move.- Eu lembro dos garotos, mesmo com as lembranças dadas da infância deles. Posso lembra dos detalhes no sorriso de cada um.

-Também posso, penso sobre isso o tempo todo. Fizeram questão de me fazer recordar cada momento. - Queria abaixar meu rosto, me esconder, mas não podia, aquela era a última vez.

Vejo pelas, câmeras de segurança do laboratório, toda as movimentações do andar inferior. Estam se preparando para me pegar.

Deixo o painel de controle e vou até Hyungwon.

-Reconstrui cada parte exatamente como era antes. - Afago sua bochecha e consigo abrir um pequeno sorriso quando seus olhos se fecham aproveitando o toque. - Queria falar com você, te tocar antes que pudessem me pegar.

-Também desejei isso no dia que fui descartado. - Os olhos se abrem e me encaram com a profundidade que qualquer humana jamais conseguiria ter. - Te chamaram de estúpida por se apaixonar por uma máquina?

-Sim, por um tempo eu me senti assim também. Mas conforme as informações foram sendo liberadas simplesmente fez sentido. - Desço a mão e deixo que ele faça o mesmo comigo. - Acredite em mim, eu poderia viver sem você, poderia amar sem você.

-Poderia?

-Mas eu não preciso, não quero. - Completo. -Não nesse mundo onde criam humanos para serem máquinas e máquinas para serem humanos.

-Não faz sentido, certo? - Ele solta um riso anasalado.

-Senti falará de te ouvir rir. - Deixo meu rosto de aproximar mais. - A que ponto de desenvolvimento chegamos?

Sinto os lábios fartos contra os meus e a mão que estava em minha bochecha deslizar para a minha nuca.

Eram quentes, macios e carinhosos. Realmente perfeitos de mais para ser de verdade.

Procuro desesperadamente me agarrar a esse momento, queria sentir tudo de novo e estava.

Era como se fosse a primeira vez, as borboletas no estômago, as pernas bambas, a sensação de estar em um conto de fadas.

-Disseram que eu nunca entenderia o amor. - Diz.- Tinham razão, eu nunca vou entender, mas acho que nem eles entendem.

-Principalmente eles. - Perco meu olhar na porta de vidro atrás de Hyungwon. -Estam chegando.

-Vai queimar os arquivos? - Questiona enquanto me vê mexer nos computadores.

-As informações sobre as drogas em todas as fases estam guardadas aqui. - Bato a mão em minha cabeça. - E eu acho que a humanidade não valeu a vida de todos os nossos amigos, e as nossas.

-Então você vem comigo? - Pergunta.

-De certa forma sim. - Mais lágrimas oleosas escorrem por minha fase. - Deixar alguém é a coisa mais difícil a se fazer, mas ser deixado também é.

-Eu sei, senti os dois.

-Eu te adoro de mais para fazê-lo passar por tudo isso de novo. - Dou o último comando e me sento sobre a mesa operacional de frente para ele. - Por isso agora ninguém vai deixar e nem ser deixado.

Ele entendeu aonde tudo isso irá nos levar, posso ver em seus olhos. Também podia ouvir os circuitos dentro dele trabalhando para achar água para permite-lo chorar, mas não achariam não o equipei por dentro como um humano o faria.

Sem água, sem sangue falso, ele iria embora como o que realmente era.

Batidas ressoão pela sala e volto a minha atenção para a porta novamente.

Já estam ali, todos os cientistas que guiaram as primeiras fases da droga, aqueles mesmos que derramaram o sangue dos únicos amigos que tive.

Eles e seus guardas tentam com todas as forças abrir as portas e logo conseguiram, mas não seriam rápidos o suficiente.

-Iniciar queima de arquivo. - Comando. -Toda nossa vida foi uma mentira Hyungwon, talvez até o nosso amor. Fomos programados para isso, mas ainda dói.

Deixo a última parte da reserva de água sair pelos canais lágrimas que criaram para mim quando a mão metálica arranca a primeira peça para abrir minha cabeça.

Vejo através dos olhos de Hyungwon as engrenagens do meu rosto trabalhando, ele está na mesma situação.

Também vejo uma luz passar por aquele castanho intenso, agora ele ele entende, tudo fez sentido.

Nossos olhos se viram para a parte interna de nosso crânio de aço ao mesmo tempo.

Ouço o estampido da porta se abrindo antes do pequeno motor que zuni de forma irritante queimar a única coisa que me tornava real e a única coisa que me fazia importante para eles.

A única que sabia que um dia amara Hyungwon.

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