HOYA (INFINITE) X BABY

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O mundo estava queimando enquanto nós íamos abaixo... E a cima.
A terra estava quebrando e o fato de ela cair nos deixava no ritmo e eu sentia que seria engolida, me afogando em seu calor.
Ofegantes de novo, escondidos de novo.
Era excitante querer tanto o filho da máfia inimiga a do seu pai.
Era mais ainda saber que ele te queria de volta.
Cliché, eu sei, mas a vida é cliché e não há como a evitar.
Mas não houveram brigas, nunca nos demos mal. Assim que olhamos um no olho do outro eu soube que aquele era o meu homem, aquela faísca cheia de uma eletricidade só nossa já irradiava no primeiro dia.
Deixava de ser tão excitante quando as famílias descobriam e pretendiam mandar vocês para lados opostos do mundo.
Naquela época costumávamos ser tragicamente apaixonados, dizendo que se fôssemos morrer pela rusga entre nossas famílias, que fôssemos enterrados vivos para que se procurassem por nós mais tarde nos encontrassem lado a lado.
Como eu disse, tragicamente apaixonados.
Mal sabíamos que tudo iria mudar.
Hoya nem sabia que seria o primeiro a viajar, e eu só possuía esse conhecimento pois era boa em roubar informações, no entanto nunca o contei.
Como disse, tudo iria mudar, mas não era culpa nossa.
Ah querido, se você soubesse disso naqueles dias criaria um plano e seríamos eternamente unidos nele. Eu não poderia imaginar destino melhor.
Baby, você deveria tem ficado por aqui.
Mas não ficou.
Eu fiquei.

Anos se passaram, Hoya nesse exato momento você não significava mais que uma paixão infantil e irresponsável para mim, e eu provavelmente era o mesmo para você, então tudo bem.
Nesse tempo distantes eu aprendi os ofícios da família, tudo o que se tinha a saber estava guardado em minha cabeça e eu seria a chefe perfeita.
Gostava de admirar o império que meus avós criaram com a visão de que tudo aquilo era meu, era quase como se sentir uma rainha e aquilo era uma delícia.
Acho que meus sentimentos se apagaram pelo fato de eu decidir ignorar as cartas que você me enviava diariamente dizendo que me amava e que não desistiria disso tudo.
Você mentiu meu caro Hoya, acho que passar um ano escrevendo todo dia sem receber resposta alguma cansa em algum momento e então você decide que não vale tanto a pena,  afinal, qual era seu nome mesmo?
Faz tempo de mais e nossa família estava certa sobre o relógio ser a maior fonte de esquecimento.
Mas o mundo ainda estava prestes a queimar. A rivalidade entre famílias só crescia totalmente incapaz de ser apaziguada.
E eu decidi entrar nesse jogo, queria te odiar e queria ser odiada por você. Um legado familiar é maior e mais importante que o amor certo?
Mas eu não estava lá tão preparada assim pra te ver de novo.
Ninguém sabia, então eu também não sabia.
Ver você, caro Hoya saindo do avião e andando pelo aeroporto enquanto eu esperava minha mãe, oh caramba eu fiquei tão perplexa com isso, foi quase chocante.
Senti todos os sentimentos infantis e irresponsáveis vindo com tudo e me esbofeteando.
Ainda era infantil ser tragicamente apaixonada com a minha idade de agora?
Você não me viu no aeroporto, e eu agradeço por isso, não sei o que faria caso seu olhar encontrasse o meu.
Voltei atordoada para casa, nossa relação tinha sido assim tão forte?
Tentei me focar o máximo que podia no trabalho, deveria me preparar para assumir um império e era nisso que meu foco deveria estar, não em como você estava insuportavelmente lindo com os cabelos negros mais curtos do que antes e alinhados.
Roupa social lhe cai bem querido.

Alguns dias depois me disseram que um dos nossos barracões estava com um vazamento grave de água.
Mas esse era um dos que nossas famílias discutiam há anos a posse, ir até lá era perigoso, então me explicaram o que fazer para pelo menos fazer a água parar de jorrar e eu iria lá, ninguém mataria a chefe mesmo que inimiga.
Só não pensei sobre as possibilidades de vocês terem a mesma idéia.
E lá estava você, com uma roupa social muito parecida com a do aeroporto. Mas seus cabelos estavam uma bagunça e a camisa branca e molhada revelava o quanto você tinha crescido, o quanto não era mais uma criança.
Vi seus olhos castanhos brilharem com uma faísca bem no centro das pupilas e naquele momento realizei que ter parado de me mandar cartas não significava nada, o sentimento ainda estava ali e eu tenho certeza que você nunca tentou esquecê-lo ou enterrá-lo como eu fiz.
Hoya você se manteve sendo o meu homem? Continuou tragicamente apaixonado por mim?
Você não me deixou dizer nada então me mantive mandando a calma enquanto você continuava sorrindo e dizendo tudo o que eu estava pensando e ah querido, eu sou como você, então decidi provar do que você estava sentindo.
Não sou conhecida por ficar sem o que falar, mas naquele momento, de alguma forma, minhas palavras saiam da minha língua direto para os seus lábios.
Ele disse que sabia que eu estava com medo, e eu não tinha consciência que meu coração, alma e corpo temia aquele reencontro até ele falar.
Os passos dele são marcados por um barulho alto de água espirrando e eu lembro de o ouvir suspirar.
Oh caramba, novamente estava perplexa, um suspiro e eu estava presa.
Ele ainda sorria mas algo muda, como se um interruptor tivesse sido ligado. Hoya olhou dentro dos meus olhos e seu sorriso sumiu.
Nós nos encaramos durante um momento interminável e a água pingava nesse intervalo de alguns segundos, caindo entre nós dois, fazendo ruídos no chão que nós somos incapazes de registrar.
Eu sinto um calor no meu estômago subindo como uma maré, sei que a espinha dele formigava agora e nossas peles estavam arrepiadas. Mal ouço quando ele diz:
-Eu te quero de volta, amor. Não vou recuar, não vou pedir espaço.
-Espaço é só uma palavra que alguém que tinha medo de ficar muito perto inventou.
Eu avanço até Hoya e levo os meus lábios aos dele, Hoya você parecia pronto para isso, por que você me envolveu em seus braços e pressionou a boca contra a minha.
Eu não seria cuidadosa, ver os músculos de seu abdômen tensionando sobre mim prontos para rasgar a sua pele me deixariam garantidamente louca, você também não estava sendo cuidadoso. Mas tudo bem, por que eu acho que não nos conhecíamos mais e precisávamos nos apresentar novamente.
A água já nos inundou agora, e me perco ali no meio sem saber mais o meu próprio nome, nem onde eu estava, só sabia com quem eu estava.
-Me diga o que você quer- pediu.
-Eu quero você perto. - Respondi.
Mas perto ainda não era e nunca seria perto o suficiente, então nos fundimos um ao outro para que fôssemos um só longe dos problemas que isso traria amanhã.

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