LEO (VIXX) X ANGEL

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De novo ali, já estava claro que ele jamais se perdoaria.
Toda noite ele a pedia para acordar e vir ver a lua ao seu lado.
As duas tinham belezas tão similares. Ambas dormiam nessa noite escura, mas Angel a fazia perdurar mesmo quando o sol nascia insuportavelmente brilhante.
Quando de olhos abertos ela era capaz de derramar de sua doçura onde quer que fosse, e como aquilo fazia falta.
Leo jamais deixaria de se culpar por privar o mundo dela e de sua beleza e meigura.
A única coisa que ainda mantia o coração daquele rapaz aquecido era a lembrança da noite em que pode vê-la plena.
Ali enquanto ele tocava seu violino e ela se entregava as notas deixando seu corpo se mover tão despretensiosamente,Leo pode observar o por que de Angel ser tão amada e carregar esse nome.
Foi tudo tão rápido e tão intenso que apenas lembrar o tirava o fôlego, existia um Leo antes dela e um outro totalmente diferente após.
O primeiro tocava e o segundo era tocado, e existia uma diferença deliciosamente gigante entre um e outro. Diferença essa que Angel apreciava, apesar de não haver algo que ela não fosse capaz de ver beleza.
Houve uma noite, após a primeira vez que realmente se apresentaram para um público, onde ele se sentiu totalmente pleno e entregue e isso possibilitou com que ela também se entregasse, afinal Leo também esbanjava seus encantos.
Agora entre aquelas paredes sem vida e aqueles lençóis cheirando forte produtos de limpeza ela já não era assim tão capaz de transmitir seu fulgir tão belo e branco, a pele parecia amarelada, sem vigor e doentia.
Isso o deixava febril pois a culpa estava apoiada em seus ombros.
Mas ela ainda ardia o sonhar dele, e isso era doloroso, nunca dizia nada e olhava triste para baixo quando ele pedia em um sussurro: "vem dar teu calor ao luar."

Pareceu uma boa ideia na hora, ele gostava de a ver sorrir e coisas antigas voltando a viver a fazia sorrir, então por que não?
O carrossel do parque tinha parado de funcionar a anos, talvez algumas décadas, mas ele se achou capaz de fazê-lo funcionar uma última vez para presentea-la com um passeio ali.
Ela estava animada quando se sentou na sela plástica do cavalinho que ele tinha limpado e polido com tanto esmero horas atrás. E então ele apertou o botão, aquele maldito botão grande e vermelho que deveria fazer o carrossel andar e não explodir.
As faíscas choverão do topo do brinquedo almejando queimar tudo o que tocassem.
Não existem palavras para descrever o  desespero que tomou o corpo do moreno quando assistiu aquilo a distância.
Nem correr, chamar a ambulância ou tomar o máximo de cuidado com as preciosas pernas ajudou muito na hora .
Ela ainda estava desacordado naquela casa.
Pedir para que trouxessem os aparelhos e os instalassem no quarto dela foi tudo o que ele pode dar. Não parecia o suficiente.
O calor do corpo dela mal era capaz de aquecer os lençóis
Leo observava ressentido os cavalos chamuscados e quebrados, as selas antes coloridas e bem ornamentadas agora estavam negras e cobertas por cinzas.
Metade do suporte de cima tinha caído e ele ainda podia ver o corpo de Angel sob os escombros.
A dor em seu peito era tão pungente que era como se ele pudesse ouvir o acompanhando sempre uma melodia triste e dissonante de seu violino.

Então após passar horas encarando o maldito carrossel Leo se deixou levar pela brisa de volta a casa onde ela repousava silente.
Ele raramente aparecia para vê-la naquele estado, era completamente absurdo ver alguém que já fora tão cheio de vida e alegria a ponto de transbordar assim, de olhos constantemente fechados e apática.
Não fazia sentido, jamais faria.
O chão já praticamente afundara onde ele sempre pisava para atingir seus novos aposentos.
Mesmo ele tendo causado tudo aquilo a família de Angel ainda o acolheu, o trazendo para perto para partilhar da doce e distante presença da filha.
Eles ainda acreditavam que ela acordaria e que o amor que sentia por ele a ajudaria a realizar esse feito, e estavam certos levando em conta que ninguém jamais seria capaz de explicar os próximos acontecimentos.
Leo seguiu cabisbaixo até seu quarto e se manteve encarando o próprio reflexo no espelho por vários minutos.
Ali ele soube que não merecia estar vivo sendo que alguém como Angel não tinha o mesmo direito, a culpa certamente era dele.
E se ele entregasse sua vida? Talvez assim ela retornasse. Uma vida por outro, parecia justo e possível dentro da cabeça dolorida do rapaz.
Ele poderia fazer isso, ele faria isso se essa fosse a resposta. Para ele essa era em absoluto a única solução.
Então o que fez foi buscar a .38 que tinha escondido dentro de uma gaveta qualquer que pudesse ser trancada.
Encarar sua imagem refletida em um espelho com uma arma apontada para a sua cabeça ressignificava tudo o que ele já havia visto um dia.
Já podia ver as asas da noite surgirem ao seu redor prontas para o levarem consigo para voar no espaço profundo.
Confiando ao vento, assim como a sombra, o limite da espera ele decidiu que com certeza puxaria o gatilho. Leo sabia que quando estivesse dentro da noite poderia reclamar o amor dela.
Foi apenas um segundo, e só este pequeno período foi capaz de mudar totalmente o rumo dessa triste e melancólica história.
Leo respirou fundo antes de apertar o gatilho.
Ele só teve tempo de voltá-la para o espelho quando ouviu sua voz, aquela tão amável e meiga.
Ela gritava desesperada, jamais teria forças para ter corrido até ali e ainda esbravejar.
O disparo ensurdecedor foi seguido pelo barulho alto dos cacos de vidro se chocando contra o chão.
Estava estampado nos olhos do rapaz sua incredulidade.
Ela apensas acordara por que ele corria risco,
Leo caiu de joelhos incapaz de acreditar em seus olhos que agora se embaçavam cheios de lágrimas.
Ela se ajoelhou também e o colocou entre seus braços e isso era tudo o que ele precisava para desabar.
Apesar do choro e da bagunça do local onde se encontravam, aquela hora foi serena e calma e ele a soube sua.
Leo apertou Angel mais contra si ao se perguntar se ela era de verdade e se tudo o que ele vivia agora não era uma espécie de sonho.
Mas não importava, de uma forma ou de outro sentir o amor dela já era sonhar.

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