BAEKHYUN (EXO) X JULIANA

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Baekhyun sentia a falta de uma vida doce, das conversas.

Parado dentro do carro dentro do estacionamento do hospital ele mudava todas as estações. Procurava uma canção está noite assim como em todas as outras, mas era incapaz de encontrar.

Com um suspiro ele decide subir até o quarto, aquele quarto.

Então ele se senta na poltrona do visita ao lado da cama do paciente e descansa a cabeça na parede branca e apática.

Ele tinha medo de dormir pois ouvia a voz dela quando o fazia, mas era tão difícil resistir a tentação.

-Eu me arrependo tanto July.- os olhos estão fechados com força, tentando a todo custo não chorar.

Mesmo deitada naquela cama sem poder se mexer, mesmo sem poder dizer uma palavra, Juliana ainda se lembrava, ela podia ouvir o que acontecia ali fora.

O bipe constante da máquina que contava sua pulsação a deixava entediada, mas era a única coisa que a prendia no mundo real.

"Eu sei que você se arrepende, amor. Você disse tantas vezes." pensou consigo mesma.

Seus pensamentos ficavam a todo vapor quando Baekhyun estava por perto, ela queria tanto gritar, discutir, entender.

" Mas eu ainda me pergunto por que você partiu com ela e me deixou para trás. "

***

Juliana tinha certeza que jamais seria capaz de apagar aquela noite de sua mente.

Estava certa, ela continuaria repetindo aquilo, pensando sobre o tempo todo, mas ela não queria imaginar as palavras que ele sussurrou nos ouvidos dela aquela noite.

Quando abriu aquela porta e viu os corpos nús como porcelana tudo o que ela mais quis foi chorar, mas seus canais lacrimais simplesmente pareciam estar entupidos.

O Baekhyun que ela conheceu, o seu Bacon, aquele que a conquistou com piadas contínuas, determinação inabalável, aquele mesmo que fica vermelho e ria sem parar quando bebia muito, aquele Baekhyun saberia que ela estava sangrando por dentro naquele momento.

-Tire as mãos dele. - Vociferou. - Por que ele é o único que eu já amei.

A última parte não foi mais que um sussurro.

Ela queria ter pedido para que ele não encontrasse a pele dela novamente quando as luzes se apagassem, mas suas últimas forças foram gastas correndo para longe dali.

Perguntas como " ela fez seu coração bater mais rápido do que eu pude? ", "ela te deu o que você desejava?"permearam sua cabeça quando aquele clarão forte surgiu no meio da rua naquela noite escura e fria.

Ela tinha certeza que aquilo era para ter doido, mas estava tudo tão entorpecido, pareceu mais fácil só fechar os olhos e se deixar levar para longe da consciência, longe daquela dor que médico nenhum podia curar.

***

Ela está grávida, eles disseram.

Podemos fazer uma cesariana caso ela não acorde até a hora do bebê chegar, informaram.

Não sabemos se ela conseguirá sobreviver ao processo, completaram.

Aquilo rodopiava na cabeça de Baek sem parar, girando em sua mente e o deixando zonzo.

Como pudera ser tão burro?

Em todos aqueles momentos silenciosos prestando atenção em cada batida do coração dela, ele tinha pavor de que em algum momento aquilo se tornasse um som constante e sem vida. Então ele tentava criar mapas que a levariam de volta para ele, do contrário só existia um e este consistia em subir as escadas até o terraço e viajar de cabeça em direção ao concreto da calçada.

As perguntas de antes ainda estava na cabeça de Juliana.

"Espero que nessas noites sem amor, amor, isso possa fazer você se sentir melhor. Talvez a lembrança do calor do corpo dela te aqueça agora."

Doía tanta, mais do que os hematomas arroxeados em sua pela, e ela podia sentir cada osso quebrado mesmo com a endorfina.

" Espero que te faça sentir bem saber o quanto eu te adorava. "

Ele não podia ouvir isso, eram apenas palavras ditas dentro de uma mente em coma e depressiva. Mas é como se ele pudesse sentir a tristeza que fluida do corpo inerte ao seu lado.

Sempre ouviu dizer que em casos assim a morte se apresentava na forma de uma luz branca calmante e pacífica.

Mas tudo que ela podia ver era uma escuridão lancinante que se aproximava dela cada segundo mais rápido. Não parecia algo que todos gostariam de sentir tocar o corpo, era frio e sem vida. Mas ela estivera esperando essa frieza a semanas, aquilo sim seria capaz de fazê-la esquecer tudo.

Se esquecer que estava feliz aquele dia, pronta para contar que seu amor daria frutos, para dizer o quanto disposta a amar estava.

Também diziam que as melhores lembranças da vida passariam por seus olhos e isso era verdade.

Mas lembrar do sorriso dele, do toque quente em si, do coração falhando batidas e de tantas palavras jogadas ao vento, só fazia doer mais. Então tudo o que ela fazia era pedir para escuridão vir mais depressa.

Naquele ponto Baekhyun já havia desistido de não chorar, algo dentro dele gritava, era como se tivesse engolido uma fera e agora ela abrisse caminho para fora arranhando e mordendo.

-Por favor não desista meu amor. Não quero ter que sonhar com você e acordar chorando de novo. - Ele engasga com as lágrimas. - Eu sei que errei, eu sei. Mas apesar de tudo eu ainda te amo.

Como num passe de mágica a escuridão veio mais rápido, como se pudesse ouvir seus pedidos.

-Você tem toda a razão em me odiar, pode me bater o quanto quizer. Pode me chamar para o seu casamento com qualquer outro. - A voz já está arrastada e embargada. - Eu não me importo, só não vá embora.

Já sente metade de si ser embalada pela noite sem estrelas.

-Uma vida sem você não faz sentido, por favor...- Baek sente o pânico puro correr por suas veios quando os bipes saem mais lentos e vez ou outra falham. - Viver sem você não faz sentido.

Médicos entram apressados escancarando a porta quando todos os bipes se unem em uma linha continua.

Eles o empurram para longe e preparam seus desfribiladores.

-SIGA OS MAPAS QUE EU CRIEI, POR FAVOR JULY, SÓ SIGA OS...- Não tem forças para terminar a frase.

Não precisava, mesmo já totalmente imersa em trevas ela consegue ouvir esse último pedido.

Um choque elétrico corre por seu peito e ela pensa se realmente quer deixar esse raio penetrar a escuridão agora tão conhecida e confortável.

Mas agora conseguia notar que não podia mais se sentir tão morta por dentro.

Sentia falta dos toques...

A linha continua começa a se quebrar ao poucos fazendo os bipes voltarem a se separar pouco a pouco.

"Estou sonhando com estranhos me beijando à noite para que eu possa sentir algo."

Quando o metal gelado do desfribilador toca seu peito desnudo novamente ela sente um toque diferente em seu joelho.

Conhecia aquele toque, aquele calor.

Baekhyun poderia ter morrido naquele momento, quando a energia foi ativada e passou por todos os membros dela direto para ele.

Mas aquilo significava muito, ela pode ver mãos a tirando de dentro de seu poço escuro e quando abriu os olhos sentiu-se como alguém que foi salvo de um afogamento.

-Baek. - Chama. -Eu segui os mapas.

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