Instintos

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Por Ian.

Me joguei na cama buscando alívio num sono que não chegou. Procurei qualquer alívio pra tudo aquilo dentro de mim e só encontrei o aroma doce da minha pequena, que ainda tava preso nos meus lençóis. Fechei os olhos com força e aspirei seu cheiro e por um momento parecia que ela estava ali, meu corpo ainda sentia o calor dela, sua boca ainda tava na minha, era como se minhas mãos a tocassem.

Lucy é demais pra mim, sabe? Uma mina responsa merece um cara que nunca vá pisar na bola e a única coisa que posso garantir é dor. Agora mesmo, se eu tivesse um pingo de responsabilidade, eu a deixaria ir, livraria uma garota incrível do grande problema que eu sou, impediria Lucy de chorar. Porque no fim é só isso que vou fazer, até que ela amaldiçoe o dia que me conheceu.

É algo inevitável, é tipo a gravidade. Ninguém pode impedir um fruto cair de uma árvore e ninguém pode impedir que eu machuque as pessoas.

O celular vibrando no meu bolso me fez dar um pulo e levantar. Meu coração quase parou quando vi a foto de Lucy sorrindo no visor. E quando ouvi a voz dela do outro lado da linha, cara/lho, comecei a sentir palpitações e o ar escapou dos pulmões.

- Lucy...

Minha voz saiu abafada e quase ri de mim mesmo por estar tão nervoso e ancioso. Esperei ouvir sua risada gostosa, mas ela apenas disse rapidamente:

- Quero falar com você.

Pu/ta que pa/riu, cadê o chão que estava sob meus pés? Por que meus ossos pareciam mais gelatinas que ossos de verdade?

- Claro, claro. A gente pode se ver e...

- Eu só quero meu vestido de volta. - Lucy me interrompeu secamente sem nem me deixar concluir a frase.

- O quê? - Perguntei meio tonto.

- Você entendeu, não tente alongar isso.

Foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. Lucy estava impaciente do outro lado com meu silêncio. Eu não sabia e nem tinha o que dizer, só senti aquela raiva crescer toda vez que eu repetia suas palavras mentalmente.

- E foi pra isso que ligou?

Ela riu irônica.

- Não vejo motivos pra te ligar por outra razão.

Então é isso? Ela quem pediu.

- Pois então se vira, o interesse é todo seu, por/ra.

Desliguei no segundo seguinte e minha respiração se tornava cada vez mais acelerada. Eu não sou palhaço, mano. Posso ser tudo nessa vida, mas não sou otário. E se a vida quer que eu volte a ser um filho da pu/ta, eu serei. E fo/da-se.

Tomei uma chuveirada e liguei pra primeira da agenda. Alice. Não era lá essas coisas mas dava pra pegar, não pertubava e mantinha a boca bem ocupada.

Saí do quarto disposto a dar um fim na história com Lucy. Aliás, pra ter um fim é preciso começar antes.

Gregg e Tyler estavam esparramados no sofá e antes que eu perguntasse por Keegan, ele passou por mim comendo um sanduíche. Esse moleque deve ter alguém morando dentro dele. Velho, Keegan tá sempre comendo. E se não é comida, é mulher.

- Olha só como ele tá bonitão. - Tyler assobiou. - Vai pra onde assim, minha delícia?

- Papo reto, se eu fosse mulher dava pra tu, amigo. - Keegan disse com a boca cheia. - Já tava aqui abrindo minhas pernas.

- Lucy se deu bem. - Gregg riu.

- Tô só voltando aos velhos tempos, irmão.

Ele e Tyler trocaram olhares enquanto Keegan tossia engasgado com o pão.

- Ué, eu pensei que... Sei lá, que tu tava de boa com ela. - Tyler deu um tapa nas costas de Keegan.

Eu também pensei.

- Mas e... e ela? A Lucy. - Gregg perguntou, franzindo a testa.

- Qual foi, galera, foi só sexo. - Dei de ombros.

Dessa vez os três se olharam e Keegan caminhou até mim.

- Espero que saiba o que tá fazendo. - Ele colocou a mão em meu ombro.

Respirei fundo ao ouvir aquilo de Keegan. Ele sabia que algo não estava certo, ele me conhecia.

- Eu sei, irmão. Foi só mais uma.

Engoli em seco depois de dizer.

- Já deviam tá acostumados com o tráfego no meu quarto. - Sorri sem humor e os três apenas fizeram que sim com a cabeça.

Dei um soquinho no braço de Keegan e saí de casa. Dentro do carro a música alta me fez esvaziar a mente mas ela ainda estava ali. Mas agora eu só preciso colocar na cabeça e no coração que ela é só mais uma garota. É só mais uma das muitas que a vida me deu e logo depois tirou.

Eu já esqueci outras garotas antes e tô aqui, vivão. Com Lucy não vai ser diferente, não pode ser. Eu acredito nisso, não tenho outra escolha que não seja acreditar que vou esquecer cada momento com ela antes que eu perca o pouco de sanidade que me restou.

Parei o carro na frente da grande casa com um enorme jardim na frente e a ruiva de cabelos cacheados apenas sorriu assim que sentou no banco do carona. Olhei pra ela buscando algum vestígio de Lucy e respirei aliviado ao ver que nada nela lembrava minha doce morena. Senti suas mãos finas abrindo o zíper da minha calça e Alice passou a língua pelos lábios maliciosamente.

Era disso que eu precisava, uma distração qualquer.

Dei partida e deixei meus instintos me guiarem.

Curiosidade: Bom, essa fanfic pra quem não sabe, foi baseada no filme Todas Contra John, pra quem tiver curiosidade em assistir, tá aí.

Todas Contra Ian | LucianOnde histórias criam vida. Descubra agora