Por Lucy.
Eu mal trabalhava a um mês naquele restaurante e já tinha visto Ian Harding com três garotas diferentes. Ele parecia ter um roteiro de como agir com as namoradas num jantar e tratava as três da mesma forma: o mesmo olhar convencido, o mesmo sorriso sem graça, até a mesma cara deslavada ao chamá-las de amor. Talvez essa fosse a estratégia para não errar os nomes. Ele sempre escolhia horários mais calmos e mesas escondidas, longe de olhares e fofocas que pudessem acarretar o fim de seus relacionamentos. Eu não podia negar o quanto ele era inteligente, afinal, manter três namoradas não é pra qualquer um.
Na sexta-feira era dia de Ashley, uma loira bem bonita, olhos claros, pele bronzeada e um cheiro de Victoria Secret's que invadia o ambiente. Ela era da minha classe, mas garotas do seu tipo não reparam em garotas do meu tipo. Era orgulhosa de andar pelo campus com sua minúscula saia de cheerleader, e eu duvido que ela soubesse de verdade alguma coisa sobre Publicidade. Ela parecia mais interessada em roupas caras e maquiagens, uma completa patricinha, daqueles tipos que a gente acha que só encontra em filmes americanizados.
No sábado ele levava Sasha, a canadense metida a besta que já tinha saído com metade do time antes de parar com Ian. Ela tinha mania de enrolar o cabelo loiro nos dedos e cerrar os olhos como se fosse capaz de ler a sua mente. Ficava assustadora, na verdade. Ele era mais assanhado com ela, sempre trocavam beijos calorosos e carícias que deviam ser trocadas a dois. Sash, como era chamada, não tinha limites e não se importava com a presença de outras pessoas para enfiar a língua na boca dele.
Já aos domingos, Ian aparecia mais social de mãos dadas com Troian Bellisario, essa eu sabia até o sobrenome, ela era bastante conhecida pelo cargo de presidente do conselho estudantil e chefe do inútil jornal do campus, que servia apenas como privada de Sparks, meu gatinho. Sobre a Troian, ela parecia ser a mais simpática e não dava muita liberdade para os toques de Ian, várias vezes era possível ouvir o tapa que ele levava na mão quando passava dos limites e tentava passar a mão nela. Por causa disso, ela era de quem eu mais gostava.
E aqui estou eu, decidindo se vou ou não servir a única mesa ocupada no restaurante. Faltam minutos para eu finalmente ir pra casa, a plaquinha na porta foi virada informando que estávamos fechados, o relógio na parede já dizia que eram quase 18:00 hrs. Mas eu tinha que esperar os quatro inúteis da mesa decidirem acabar com a infantilidade e ir embora. Respirei fundo e dei o primeiro passo pegando o bloquinho no bolso do avental. No caminho, fui avaliando os garotos.
Ao lado de Ian estava um moreno. Tyler, eu acho. Ele não falava muita besteira, só ficava rindo dos amigos. No outro banco, estava o completo idiota. Lindo de morrer, porém idiota. Ele fazia coisas como colocar batatas fritas no nariz para fazer os amigos gargalharem. Se me lembro bem, seu nome era Gregg. O loiro era o mais "soltinho" e tinha um olhar de quem ia atacar as garotas a qualquer momento. Foi assim que ele me olhou enquanto eu me aproximava. Eles o chamavam de Keegan.
- Vocês querem pedir mais alguma coisa? - Botei meu sorriso de garçonete no rosto, todos eles se calaram e direcionaram seus olhares para mim. Corei no mesmo momento e dei um pigarro.
- Você está no cardápio? - Keegan perguntou sério, os amigos reprimiram suas risadinhas irritantes. Ok, foi a pior cantada da minha vida.
- Cara, não é assim que se faz. - Gregg repreendeu o amigo com um tapa na nuca.
- Ah, valeu bonitão! - Keegan cruzou os braços e olhou pra ele. - Então como é que se faz? Vai lá, me ensina.
Acho que eles tinham esquecido que eu estava ali, na sua discussão interna. Seria um bom momento pra correr?
- Você vem sempre aqui? - Gregg ergueu a sobrancelha, tentando ser sensual. Todos explodiram numa gargalhada e eu segurei a vontade de rir.
- Ela trabalha aqui, seu idiota. - Foi a única coisa que Ian disse, ainda rindo do amigo, que estava com uma cara de atônito.
- Deixem a garota, vocês estão assustando ela. - Tyler ria, mas me encarou. - Só queremos a conta, obrigado.
- Tudo bem. - Assenti e mantive o olhar em Ian. Eu não gostava dele, mas tinha que assumir: ele era tão bonito que me... que me... que... sei lá. Lembro que na hora pensei algo assim "ah, mais vá ser bonito assim lá na pu/ta que o pa/riu". E ele foi.
Ele me olhou, mas era como se não me visse, eu era pouco pra ele, eu sabia disso.
Seus dedos estalando em frente ao meu rosto me trouxeram de volta pra realidade, aquele olhar de superioridade me deu nojo.
- Estamos esperando. - Disse ele, com sua voz esnobe.
- Com licença. - Respondi, a voz carregada de ironia. Virei e voltei fazendo o caminho de antes, apertando o bloco nas mãos. Passei por Jimmy e tirei meu avental com a garganta em chamas, doida pra voltar lá e dizer umas boas verdades para aquele garoto insuportável que se achava o maioral.
- Lucy, o que aconteceu? - Jimmy me olhava confuso, o cenho franzido. Não consegui responder, precisava sair urgentemente dali.
- Deu meu horário. Beijos, até amanhã. - Beijei o rosto de meu amigo e peguei a bolsa em cima do balcão, dando uma última olhada para Ian Harding. E naquele momento, me fiz uma promessa: eu faria o possível para destruí-lo. Aquela farra de três namoradas estava perto do fim.
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Todas Contra Ian | Lucian
FanfictionEle tinha tudo nas mãos. Ele tinha todas nas mãos. Ashley, a popular líder de torcida, Troian, editora chefe do jornal do campus e Sasha, a experiente aluna de intercâmbio. Elas se odiavam até descobrirem que compartilhavam o mesmo namorado, Ian Ha...