Faro de mãe

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Por Mary.

Qualquer mãe que passe algumas semanas longe do seu único filho espera ser recebida com um abraço, uma chuva de beijos e até um rodopio no ar. Mas não. Eu encontrei o meu filho em uma situação totalmente constrangedora. As bochechas de Ian estavam vermelhas e somente três perguntas se passavam em minha mente: Ele tinha acabado de fazer sexo? Ele ia fazer sexo? Ou ele estava fazendo sexo?

- Que merda, Ian! - Esbravejei, soltando um estalado tapa em seu braço.

- Ai, mãe. - Resmungou ele, fazendo uma voz chorosa. - O que foi que eu fiz?

- Tá me fazendo ter pensamentos impróprios com meu filho. - Cerrei os olhos e ele arregalou os deles.

- Que isso, mãe. - Ian levou a mão até o peito. - Eu sou seu filho, olha o respeito.

- Você que me respeite, seu moleque! - Soltei outro tapa e ele resmungou novamente.

- Isso vai ficar roxo.

- Você já está acostumado com isso. - Revirei meus olhos e empurrei Ian pra fora do meu caminho para entrar em seu apartamento. Ele tentou segurar meu braço, me impedindo, provavelmente para que eu não visse a garota encolhida no sofá.

- Oi. - Disse baixinho ao me encarar. Suas bochechas estavam tão vermelhas de vergonha.

Ergui a mão direita, completamente em choque e chamei meu filho atrás de mim.

- Quem é ela? - Sussurrei, segurando o braço de meu filho.

- Mãe, essa é a Lucy, minha... - Ele começou a gaguejar procurando a palavra certa. Soltou um pigarro e nada de desengasgar.

- Amiga. - A morena levantou-se rapidamente, se aproximando com um sorriso meio cosntrangido. - Eu sou amiga do Ian. É um prazer conhecer a senhora.

Uau. Era a primeira vez que encontrar uma garota na casa do meu bebê não tinha sido tão desconfortável. Ela não usava cinta-liga nem maquiagem, muito menos me tratava como se fôssemos grandes amigas. Gostei dessa garota.

- Ian, vem cá. - Chamei meu pequeno novamente. - O que essa gracinha viu em você?

- Po/rra, mãe. Brigadão. - Ele disse e levou outro tapa.

- Sai daqui, meu filho. Vai tomar um banho, colocar uma roupa decente... Vai rezar um pouquinho. - Enxotei ele com as mãos, que depois de bufar feito uma criança saiu.

- Me desculpe. - Disse a menina, então a olhei. - Eu não queria desrespeitar a senhora.

- Mary. Me chame de Mary. - Exibi um simpático sorriso e sentei no sofá. - Tudo bem, querida, eu também já fui adolescente. Acredite, quando meu marido era novo, era gatão assim também. Eu sei como é difícil resistir.

- Ah, não. - Ela sentou-se no sofá, corando de leve. - Você entendeu errado. Eu não sou uma das peguetes do Ian.

- E ele sabe disso? - Perguntei, fazendo ela soltar uma risadinha.

- Com todo respeito, seu filho é um pouco convencido.

- Um pouco? - Tive que rir. - Esse menino acha que tem um rei na barriga. E eu sei que você está aí escutando, Ian! - Aumentei o tom.

- Caramba mãe, como você faz isso? - A voz dele veio do corredor, meio revoltado. - Que droga!

- Não bata a porta! - Gritei como resposta e Lucy riu comigo.

Ele bateu mesmo assim.

- Eu disse pro Stephen não criá-lo assim. - Suspirei. - Enfim, como conheceu meu bebê?

- Na faculdade. - Respondeu Ian.

- Graças ao bom Deus, minhas preces foram ouvidas! - Ergui as mãos pro céu de forma dramática. - Uma menina decente. - Segurei em suas mãos. - Me conte mais sobre você.

- Eu faço publicidade. Moro sozinha. - Ela parou pra pensar. - E trabalho pra me sustentar.

- Casa com meu filho? - Pedi e Lucy riu.

- Será que posso te dar uns conselhos? - Perguntei e ela assentiu. - Eu conheço meu filho, sei bem como ele é e o que ele faz. Eu limpei a bun/da daquele garoto e sei que tudo que ele quis na vida, ele teve. De um simples pirulito a uma garota incrível como você. E isso fez com que ele não soubesse dar o valor devido as coisas.

Lucy ficou séria, apenas me ouvindo.

- Eu já vi muitas garotas aqui. Só me surpreendi porque nenhuma delas era como você. Quando eu bati o olho em você, percebi que era diferente. Coisa de mãe. E de verdade, não quero que o meu filho machuque você, Lucy. - Prossegui e ela assentiu de leve.

- Não se preocupe com isso, Mary. - Disse, simplesmente.

- Me preocupo, sim. Principalmente porque vejo esse brilho no seu olhar.

- Que brilho? - Questiona a mesma.

- O mesmo que tinha nos meus. - Respondo e ela cora na mesma hora, abaixando os olhos para as mãos.

Senti o perfume masculino e o cheiro pós-banho tomar conta da sala quando Ian voltou.

- Eu sei que é um saco aturar essa velha chata e caduca... - Implicou ele, rindo. - Por isso, vou te levar em casa. - Ian sentou ao lado dela e pousou o braço de forma confortável no ombro da "amiga".

- A Mary é muito legal, pra você ficar sabendo. - Respondeu ela, tão meiga quanto uma criancinha e Ian riu, soltando um beijo no rosto de Lucy.

- Peraí, que história é essa de Mary? Você sempre fala para as garotas que vem aqui te chamarem de Sra. Harding. - Ian riu e me encarou. - Mãe? Mãe? - Insistiu, estalando os dedos próximos ao meu rosto.

- Que foi, moleque? - Perguntei, mais concentrada em observar os dois.

- Deixa pra lá. - Murmurou, dando de ombros. - Então, vamos Lucy?

- Não foi assim que eu te ensinei. - Protestei. - Quer comer, querida?

- Eu ia comer. - Sussurrou Ian, coçando a nuca e olhando pro lado. Soltei outro tapa em seu braço, dessa vez mais forte. - Ai, chega.

Levantei, ouvindo as risadas de Lucy enquanto meu filho resmungava como um bebê. Dei uma rápida olhadinha pra trás e percebi, com o meu faro agudo de mãe: meu filho estava apaixonado. Ele ainda não sabia, mas estava.

E graças ao bom Deus, o sentimento era recíproco.

Estava pensando em fazer um 50 fatos sobre mim, o que vocês acham? (Não me deixem no vácuo, please).

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