Todas Contra Ian | Lucian

De mãos dadas

Por Ian.

Quando foi que as coisas se tornaram tão difíceis pra você hein, Ian? Em que parte do caminho tu se perdeu?

Essas provavelmente são perguntas que nunca saberei as respostas.

Mano, tô uma bagunça. Lucy me bagunçou, né.

Sou uma completa mistura de confusão e querer.

Sim, eu a quero. De todas as formas que você possa imaginar, eu quero. É um querer tão intenso quanto o seu sorriso. Mas eu não quero querer, não quero entrar nessa sozinho.

E tava tão desesperado pra tirar aquela mulher da cabeça que liguei pra ela. Maite. Chamei ela para ir na festa comigo. Obviamente, ela aceitou.

Eu precisava de uma distração, precisava desviar minha atenção de Lucy antes que eu perdesse o resto da minha dignidade e fosse atrás dela.

Eu tava esperando Maite estacionado em frente ao prédio dela e meus olhos não desgrudavam da janela da minha pequena, com uma esperança contida de que talvez ela aparecesse só pra que eu pudesse ver seu rosto. Puta merda, só precisava ver aquele rosto.

- Me deixa ver você. - Pedi em silêncio.

Apoiei a cabeça no volante e suspirei frustrado, sentindo o peso dos últimos dias nas minhas costas. Eu preciso beber. Quero ser o velho Ian inconsequente de novo pelo menos por algumas horas.

Dei um salto no banco meio perdido com as batidas de leve na janela e meus olhos focaram na garota sorridente do lado de fora. Não era Lucy.

Me obriguei a sorrir de volta e destravei a porta para que Maite entrasse.

A menina parecia estar sempre feliz e sorria como se ninguém no mundo pudesse tirar aquela alegria dela.

-Oi, espartano. - Disse com sua voz suave, em referência à minha fantasia. Depois, depositou um beijo estalado no meu rosto.

- Oi, hippie.

Seu sorriso se abria ainda mais enquanto ela estalava seus dedos e sussurrava coisas que não pude ouvir.

- Tá pronta?

Ela respirou fundo e me encarou com seus grandes olhos, parecendo meio assustada.

- Vai ser divertido, eles são caras legais. Principalmente o Gregg.

- Como você? - Maite ajeitou o corpo no banco virando-se pra mim.

Franzi a testa. Eu realmente não esperava aquilo, então apenas sorri de lado.

- Não tanto.

O apito estridente do meu celular a fez voltar para sua posição. Era Keegan novamente, provavelmente perguntando onde eu estava pela décima vez.

Arfei abrindo o texto esperando um sermão que não veio.

"Ela está aqui." Apenas três palavras e meu coração martelou meu peito que chegava a doer. De repente eu não sabia mais respirar.

"Ela está aqui."

Senti as mãos pequenas de Maite no meu braço, mas eu mal conseguia raciocinar, eu não pensava outra coisa que não fosse o fato de Lucy estar lá.

"ELA ESTÁ AQUI." Eu não posso acreditar. Lucy.

Merda, Lucy está lá. Eu não sabia mais respirar.

"Ela está aqui."

Maite me sacudiu fazendo com que meu celular caísse sobre meus pés e me trazendo de volta pra realidade.

- Oi... - Respondi ainda sem controlar minha respiração. - Sim, eu...eu tô bem.

Ela uniu as sobrancelhas e fez uma careta engraçada. Dei partida no carro e segui pra festa.

Eu tava tão focado em afastar Lucy dos meus pensamentos e bastou uma mensagem pra embaralhar tudo aqui dentro.

Dirigi em completo silêncio, como se não houvesse uma garota nervosa e desconfortável do meu lado.

Chegamos. Merda, nós chegamos. Eu tava suando frio e me odiava por isso.

- Vamos?

Ela assentiu de leve enquanto eu descia. Sem esperar que eu abrisse sua porta, ela também saiu.

- Uau! - Exclamou. - Tá bem cheio.

Sorri. Claro que estava.

- Vamos entrar antes que o Keegan infarte.

Ela não se mexeu. Os olhos fixados no fluxo constante de pessoas e os pulsos cerrados.

- Eu não sei se... - Sua voz falhou. - Ian, não quero entrar.

- Qual é o problema? - Me aproximei.

- Eu não conheço ninguém, vou me sentir excluída. É uma festa de faculdade, eu ainda nem estou no último ano. Além disso, não quero que deixe de se divertir com seus amigos.

- Ei, eu vou me divertir com eles. - Maite me encarou. - E você também. Não seja boba. Vamos?

Estendi minha mão e ela a segurou com força.

Todos nos olharam, óbvio. Eu nunca dava a mão para nenhuma garota, não com tanta gente de plateia, então logicamente isso seria motivo para todos os olhares e fofocas. E eu era eternamente grato por Maite não estar no campus segunda-feira.

Antes de entrar dei um sorriso para ela, tentando lhe passar um pouco de confiança.

Só que eu mesmo tava na merda, sabendo que tava fazendo uma enorme burrice desfilando com ela por aí.

Eu só queria que ela se sentisse confortável, não há nada de errado nisso. Ela me ajudou muito, e eu gosto dela, nunca considerei ter uma melhor amiga, e agora olha só. Mas será que Lucy entenderia que eu só não queria que Maite se sentisse deslocada, que ela era minha amiga?

Bom, levando em conta o olhar assustador que ela me lançou quando entramos... Bom, é. Eu acho que não.

Vocês vão comentar muito nesse capítulo né? Se tiver muitos eu posto outro ainda hoje.