Por Lucy.
Eu estava me sentindo como se estivesse numa espécie de bolha, onde todos os meus movimentos eram no automático, meus músculos respondiam as mensagemns enviadas pelo meu cérebro por puro instinto.
Eu desejei com todas as minhas forças que nada daquilo existisse. Nada do meu passado com Noah, nada dessa nova vida que eu levava. Eu queria que Ian ainda fosse apenas aquele idiota que frequentava o restaurante com três garotas diferentes e que eu tanto detestava. Mais que tudo, eu queria simplesmente odiá-lo.
Cada vez que eu fechava os olhos, eu o via me encarando com tanto desprezo, tanto nojo. E suas palavras pareciam expostas em grandes letreiros luminosos em todos os lugares, elas ecoavam na minha cabeça, eram sussurros nos meus ouvidos.
Talvez eu devesse dormir. Dormir até que aquele furacão passasse e me deixasse com meus escombros em algum lugar onde eu não me lembrasse do quanto a decepção de Ian doía em mim.
Onde afinal eu esperava que aquilo terminasse? Como eu poderia machucá-lo se estava tão óbvio pra mim que compartilharíamos da mesma dor? Como posso ferir um coração que bate em sintonia com o meu?
Jimmy passou por mim com duas bandeijas nos braços, resmungando pela terceira vez quando me recusei parar para comer. Ficar ali naquele balcão era a única forma de me manter acordada. Eu sabia que no instante em que tivesse sozinha, o bombardeio seria mil vezes pior. Por outro lado, aquele maldito restaurante não ajudava tanto assim, era exatamente de onde estou que eu o observava com seu joguinho. Foi ali que tudo começou. Dali que eu ficava, vendo Harding brincar com os sentimentos daquelas que hoje eram minhas amigas.
Se eu tivesse ficado na minha, nada seria como é agora e eu não seria tão dele como, apesar de tudo, ainda sou.
- Eu espero que a Ash não venha almoçar aqui hoje. - Troian disse, risonha. - Pro seu próprio bem.
Levando em conta o modo como a boca de Troian se abriu levemente e seus olhos ficaram ainda mais escuros, eu deria estar realmente tão mal como sentia que estava. Ela segurou minhas mãos sobre o balcão de forma protetora e me perguntou se estava tudo bem. Respondi silenciosamente que não.
- Lucy... Querida...
Ouvir a voz de Troian e sentir que ela realmente se importava foi demais pra mim, foi o que bastou pra eu desabar. Troian. Ela mais que ninguém parecia entender como eu me sentia e o que eu sentia. Ela sempre soube.
Troian correu para o meu lado e me aninhou em seus braços como quem protege uma criança assustada que acabou de acordar de um pesadelo no meio da madrugada. Eu chorava sem controle enquanto ela cuidadosamente me levava até o pequeno vestiário e me sentava no banco. Troi se abaixou na minha frente, tirando as mechas do meu cabelo que grudavam no meu rosto banhado em lágrimas e suór. Ela não me fez perguntas, não me pediu explicações nem nada. E eu também não conseguiria falar, eu sei. Toda minha energia estava canalizada em chorar numa inútil tentativa de expulsar aquele sofrimento sufocante de dentro de mim, junto com minhas lágrimas.
Troi me ofereceu um copo de água e me perguntei em que momento ela tinha saído. E mesmo que minha garganta paressesse fechada, me forcei a beber todo o líquido, o que trouxe certo alívio.
Minha cabeça ainda girava por conta do vinho. Péssima hora pra pensar em Noah. Pelo menos ele tinha sacado que eu não precisava que ele estivesse ali depois de tudo. A verdade é que ele me conhecia e não precisei pedir que fosse embora, ele apenas foi com a promessa de que ligaria mais tarde. Espero que não ligue.
- Estou com tanto medo de perguntar o que aconteceu. - Troian respirou fundo. - Com mais medo ainda de estar certa sobre o que acho que estou.
Juro que tentei encontrar as palavras que pudessem explicar a bagunça que estava dentro de mim, tentei ser capaz de ao menos me fazer ser compreendida. Não que dividir o que tinha acontecido aliviasse o peso nas minhas costas, mas se eu não colocasse aquilo pra fora, eu ia enlouquecer.
Só que o modo como Troi me olhava, o jeito como mantinha suas mãos nas minhas me deram a certeza de que ela não precisava de respostas, ela nunca precisaria perguntar. Troiqn conseguia ver atráves dos meus olhos o que eu queria esconder inclusive de mim, soube antes que eu desse qualquer sinal.
Ela enxugou meu choro com a ponta das mangas de seu casaco e me ofereceu um sorriso solidário.
Aquilo apertou meu coração.
- Você o ama.
Minha amiga decretou minha sentença quase que num sussurro abafado e seus olhos brilharam de lágrimas que ela não quis derramar.
"Só mais uma coisa, isso é uma regra: não se apaixone, em hipótese alguma. Ele pode ser lindo, gostoso e charmoso, mas não vale nada. Se você se apaixonar, estraga tudo..."
As palavras de Ash, naquele sábado em que aceitei fazer parte disso, me assombravam sem piedade.
Era isso então, fui presa na minha própria armadilha. Eu pulei do abismo confiando em minhas asas e enquanto caía, descobri que não sabia voar e que na verdade, minhas asas perteciam a ele. Sempre foi ele. Tudo sempre foi dele.
- Sim. - Arfei, deixando mais lágrimas caírem. - Sim, eu o amo. Eu amo Ian Harding. Eu não deveria, mas amá-lo é a única coisa que eu sei fazer agora. O feitiço virou contra o feiticeiro. Eu entrei num plano para destruir o coração de Ian, e acabei destruindo o meu.
Então, tava eu conversando com uma de minhas leitoras hiharding e ela me deu a ideia de fazer um grupo da fanfic, então quem quiser participar deixa o número e o nome aí nos comentários.
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Todas Contra Ian | Lucian
FanfictionEle tinha tudo nas mãos. Ele tinha todas nas mãos. Ashley, a popular líder de torcida, Troian, editora chefe do jornal do campus e Sasha, a experiente aluna de intercâmbio. Elas se odiavam até descobrirem que compartilhavam o mesmo namorado, Ian Ha...